quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fátima Ribau: Uma catequista persistente


Fátima Ribau

A mais antiga catequista
da Gafanha da Nazaré em actividade



Fátima Ribau, funcionária aposentada da Junta de Freguesia, é a mais antiga catequista no activo da nossa comunidade. Viúva, duas filhas e seis netos, cuidou de duas crianças, agora adultas, filhas de uma família pobre e desestruturada, ainda a viverem consigo. Estudante voluntária, na juventude e quando casada, licenciou-se em Português e História e tirou o curso Básico de Teologia no ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro). Participou também em inúmeras acções de formação ao nível da Catequese.
Neta de Manuel Ribau Novo (Ribau da Russa), um dos grandes obreiros da construção da nossa igreja matriz, Fátima Ribau naturalmente viveu os problemas da comunidade com muito empenho. Começou a dar catequese em 1962, com 15 anos apenas, depois de ter estagiado dois anos, ajudando catequistas mais experientes. O responsável na altura pela organização e dinamização da catequese era o Padre José Manuel, coadjutor do Prior Domingos Rebelo.
Recorda que já havia fichas de inscrição das crianças da catequese, catecismos e guias para os catequistas. As Senhoras Mestras, que ela ainda frequentou para se preparar para a Primeira Comunhão, tinham dado lugar aos novos catequistas, agora sob orientação mais programada.
Recordando os seus primeiros passos como educadora da fé, cita a Fernanda Matias, como a catequista que mais a marcou pela sua dedicação à catequese. E acrescenta que há décadas havia muito o espírito de levar as crianças a recitar orações e fórmulas, embora já houvesse orientações no sentido de ajudar «as crianças a sentirem a presença de Deus na vida, com a indispensável colaboração das famílias».


Reconhece que a catequese tem evoluído bastante, havendo a preocupação de preparar as crianças para aceitarem Jesus Cristo e os seus ensinamentos, como fundamentais à construção de «um mundo melhor, onde haja mais paz, harmonia, amor e justiça». E diz, apoiando-se na sua experiência, que «há catequizandos a quem não falta nada, mas falta-lhes tudo», sendo carentes de amor e de carinho.
A Fátima reafirma aquilo que se sabe: «Há muitos pais que não estão vocacionados para serem pais, muito menos para educarem os seus filhos na fé.» E salienta que eles, «como primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos», deviam ser industriados para essa função. «Nem sequer testemunham, participando na eucaristia, a fé que dizem ter» — adianta.
Sublinhou a célebre frase atribuída a Napoleão, quando afirmou que a educação dos filhos deve começar 20 anos antes de eles nascerem, isto é, na própria educação dos pais, desde tenra idade.
Olhando para a realidade do presente, questiona-se sobre o porquê de os jovens, com 12 anos de catequese, se desligarem da Igreja, cortando quase radicalmente com a prática cultual. E logo adianta que talvez seja pelos apelos e desafios dos novos mundos em que se envolvem; pela dispersão e inquietações que estudos e profissões provocam; pelas preocupações e incertezas da vida numa fase de profundas transformações; por não entenderem a linguagem usada na Igreja; pelas dificuldades dos catequistas na transmissão da mensagem evangélica.
Adianta, finalmente, que todos os catequistas, nos quais se inclui, devem continuar a apostar na formação e na preparação dos encontros de catequese, «sempre com o objectivo de levar as crianças e jovens a viverem as verdades ensinadas por Jesus Cristo», e tendo em conta que «a vida, com Cristo presente em nós, será seguramente mais fácil».

Fernando Martins

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