quarta-feira, 22 de abril de 2009

O tempo e os Valores

1. A cultura precisa de tempo. O que nos fica depois do exame ou das tarefas práticas é esse rasto de luz e de sabedoria que o tempo não apaga. A sociedade actual, embora mergulhada na pressa agitada para sempre chegar primeiro, sente a carência genuína e afectiva do saborear do tempo da vida. Saboreia quem aprecia, mas para apreciar é precisa aquela distância crítica que não se aprende só nos livros, mas que se vai construindo como fio condutor de tudo o que somos como pessoas e eco dos envolvimentos a que pertencemos na comunidade. Existem muitos prémios em Portugal dedicados à área da cultura, um deles é o «Prémio Padre Manuel Antunes», atribuição que procura fazer perdurar o homem da cultura e intuição futura que foi Manuel Antunes (1918-1985) e a escola de interpelação ética que nos legou. 2. Em edições anteriores foram reconhecidos de mérito recebendo o galardão da entidade organizadora eclesial (Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura) o poeta Fernando Echevarria (2005), o cientista padre Luís Archer (2006), o cineasta Manoel de Oliveira (2007) e a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira (2008). Este ano a atribuição recai sobre o autor de «A Espuma do Tempo – Memórias do Tempo de Vésperas» (2008), o professor Adriano Moreira (n.1922). Da palavra do júri sublinha-se uma vida cívica intensa que teve «a preocupação por inscrever a política num horizonte axiológico, que tenha a Pessoa como valor fundamental». Acrescenta a atribuição o reconhecimento do «percurso intelectual e cívico de uma figura que tem qualificadamente contribuído para a dignificação da vida pública portuguesa». 3. Acima dos méritos pessoais, como é timbre de quem vive a generosidade como sentido de serviço comunitário, seja esta também uma oportunidade inadiável de reflexão para uma axiologia política, isto é: um conjunto de valores ou “pilares” edificadores do bem comum. Alexandre Cruz

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