terça-feira, 31 de março de 2009

A Questão de Deus (II)


1. Não se pense que a «questão de Deus» é indiferente como se de um “tanto faz” se tratasse. Talvez este seja o primeiro obstáculo a superar, na busca de fazer sentir que o indiferentismo alastrante (nestes assuntos do sentido da vida e de Deus) não será uma moda bem-vinda… esse futuro ilusório de autonomia humana, mas um pobre retrocesso na “resposta mais profunda ao sentido de viver” que as religiões representam, como sublinha o reconhecido ensaísta Eduardo Lourenço. Reparemos na fonte das sabedorias da Ásia…Compreende-se a necessária e saudável laicidade dos Estados (que volta e meia na Europa absolutizadora da razão de Estado resulta numa liberdade religiosa de fronteiras dúbias…), a apreensão de um conjunto de valores que alimentam as éticas e dão razões à existência, dados que não se poderão dissociar do espaço público…

António Barreto apresenta livro de D. Manuel Clemente

"D. Manuel Clemente não é o primeiro cujas homilias são editadas. Há antigas tradições de que António Vieira é seguramente um dos principais patronos. E aqui no Porto, também não é uma novidade absoluta: basta lembrar D. António Ferreira Gomes. Por que razão então sublinho este gesto? Porque não é comum, como já disse. Mas sobretudo porque revela uma maneira diferente de exercer as suas funções.
Quem publica, quer ser lido. Quem lê, reflete e pensa. Quem pensa, verifica o pensamento dos outros, dos autores. Quem comenta, acrescenta qualquer coisa. Por outras palavras, quem edita, submete-se ao julgamento dos leitores, quer dialogar com eles, dispõe-se à discussão e expõe-se ao escrutínio. Não se satisfaz com a palavra catedrática, não pretende que acreditem apenas na autoridade do magistério."

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Antes da glória

"Contrariamente ao que acontece com outro tipo de festas religiosas, as que recordam os passos do Calvário estão dominadas pelo sofrimento. E são esses quadros os que se apresentam à sociedade de hoje, aparentemente divorciada de qualquer sombra de dor e empenhada em conquistar apenas momentos de júbilo. Paradoxalmente, acolhe a memória da Cruz do Redentor, incapaz de permanecer indiferente ao que se passa de único nessas procissões de passos irrepetíveis na História da Humanidade."
Paulo Rocha
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segunda-feira, 30 de março de 2009

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1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem manda bocas. 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. In Rerum Natura

Povoamento da Gafanha: História ou lenda?

O povoamento da Gafanha continua envolto em muitos mistérios. Já tenho ouvido várias versões, mas certeza, certezinha, ainda não encontrei. Vou tentar arranjar tempo para mais leituras. Vou à cata de mais verdades. Será que encontro? Quem dá uma ajuda?

A Questão de Deus (I)

Sartre
1. Especialmente desde os tempos do chamado positivismo, criado por Augusto Comte (1798-1857), daí para cá, os argumentos da razão humana se esforçaram mais em provar a ausência de Deus que a sua significativa existência como dadora de sentido à vida. Na filosofia anterior, mesmo com a dúvida simbolizada em Descartes (1596-1650), o pai da filosofia moderna, há lugar para ver além dos cálculos visíveis. O positivismo de meados do séc. XIX (o acreditar unicamente naquilo que se pode ver, experimentar, medir, calcular, dando a entender que tudo tem fórmulas…!) rapidamente cresceu, buscando o ser humano uma autonomia tal a ponto de julgar-se não precisar de ninguém. Neste encadeamento, após a designada filosófica «morte de Deus» pelo niilismo de Nietzshe (1844-1900), considerar-se-á que os outros são uma atrapalhação («o inferno são os outros», dirá o existencialista Sartre (1905-1980). Leia mais em Alexandre Cruz

GAFANHA DA NAZARÉ: Devoções pelas Almas do Purgatório

TRADIÇÃO REVIVIDA NO SALÃO DA IGREJA MATRIZ
A antiga tradição do Cantar das Almas, uma devoção pelas Almas do Purgatório, foi revivida no salão paroquial da Gafanha da Nazaré, no passado sábado, com o rigor possível e fruto de investigação. Participei fazendo a introdução, antes das actuações do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e do Grupo Folclórico de Portomar, Mira. Esta devoção caiu em desuso há anos. Os tempos de hoje já não permitem nem suscitam interesse por este culto, que outros tomaram o lugar dele. Não podemos levar a mal, porque a vida é assim mesmo. Contudo, podemos e devemos, de vez em quando, lembrar aos mais novos como era a vida dos nossos avós. Permitam-me que louve o nosso Grupo Etnográfico pelo seu trabalho em prol da cultura das nossas gentes.
Fotos: Grupo de Portomar sobe ao palco do salão; O Grupo Etnográfico mostra a entrega de esmolas para mandar celebrar missas pelas Almas do Purgatório.

AVEIRO com mais uma livraria

Praça Marquês de Pombal (Foto do meu arquivo)
A Buchholz inaugura a sua terceira livraria
A Buchholz inaugurou a sua terceira livraria. Aconteceu no passado sábado, para alegria dos amantes dos livros e da leitura. Situado na Praça Marquês de Pombal, em Aveiro, apresenta-se, para já, com 20 mil livros, espalhados por uma área de 120 metros quadrados. Espero, sinceramente, que tenha os maiores êxitos. E que saiba enfrentar as dificuldades, explorando a arte de atrair clientes. Hei-de passar por lá um dia destes, para ver como se apresenta.

ACORDO ORTOGRÁFICO ENTRA EM VIGOR EM 5 DE MAIO

Segundo o Ministério da Cultura, no próximo dia 5 de Maio entrará em vigor o Acordo Ortográfico em Portugal. Ao mesmo tempo, o Ministério da Educação admitiu que não estão reunidas as condições para aplicar o Acordo no próximo ano letivo. Apesar desta contradição, espero que, desta vez, será de vez. Protestos? Há muitos, graças a Deus. Mas isso não impede que o Acordo avance. O mesmo aconteceu com o euro. Houve quem protestasse, e muito, mas dias depois, já toda a gente o usava, com a maior das facilidades.
NOTA: Já apliquei, neste texto, o Acordo Ortográfico.

domingo, 29 de março de 2009

Ria de Aveiro: Hora de Pesca

Na Ria de Aveiro, em dia e hora de pesca, há sempre espaço para usufruir as belezas da nossa laguna. De vez em quando aqui a mostrarei, sobretudo aos que vivem longe destes ares e destas paisagens.

FEIRA DE MARÇO

A Feira de Março, a maior e melhor montra da actividade económica da região centro, decorre no Parque de Exposições de Aveiro. A 575ª edição do tradicional certame prolonga-se até 26 de Abril, proporcionando negócios, lazer e muita diversão.

Uma Raiz do Problema

1.Thomas Jefferson (1743-1826), formado em direito, tendo nascido e morrido no estado da Virgínia, foi o 3º presidente dos Estados Unidos da América (entre 1801 e 1809), tendo uma actuação decisiva nos valores da consolidação da unidade e desenvolvimento nacionais. Além de actividade política, foi filósofo, arquitecto, arqueólogo, um revolucionário iluminista no melhor sentido ético do termo. De tempos a tempos, especialmente nos tempos mais difíceis das sociedades em que se procuram vislumbrar caminhos em ordem a um futuro mais humano e livre na responsabilidade, os sábios escritos alertadores de Jefferson são relembrados com actualidade. Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 124

BACALHAU EM DATAS - 14
AS GUERRAS DO BACALHAU
Caríssimo/a:
Início do século XVIII - «No início do século XVIII, a América do Norte estava colonizada por dois reinos, a França e a Inglaterra. Este último também desenvolveu dum modo acentuado as suas actividades de pesca na região, com especial destaque para os colonos que ocuparam o território da Nova Inglaterra.» [Oc45, 66] Século XVIII - «Parece reter a memória da presença de pescadores aveirenses, nos primórdios da captura do “fiel amigo”, nos bancos da Terra Nova e da sua referência em documentos oficiais. Numa altura em que a pesca do bacalhau já havia sido abandonada, o autor do referido roteiro afirma, de forma sumária e imprecisa: “Posto que os Portugueses já hoje não frequentam esta navegação, sendo que antigamente iam todos os anos, de Aveiro e Viana e outros portos de Portugal mais de 100 caravelas à pescaria do bacalhau, e maior parte dos nomes dos portos da Ilha da Terra Nova são Portugueses, que eles lhes puseram, quando frequentavam esta navegação, os quais nomes ainda se conservam nas Cartas Inglesas e francesas[...]”» [Oc45, 77 cit. Roteiro da Terra Nova dos Bacalhaus, de Manuel Pimentel.] 1750 - «Viana do Castelo ainda conta com uma flotilha de 80 embarcações.» [Oc45, 79] 1756-1776 - AS “GUERRAS DO BACALHAU” «A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) Não foram declaradas guerras devidas exclusivamente ao bacalhau, mas o domínio territorial das regiões próximas dos mares onde o mesmo era pescado foi um factor determinante no desenrolar de alguns conflitos, nomeadamente a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e o processo da Independência dos Estados Unidos da América (1776). Com a Guerra dos Sete anos os ingleses garantiram o domínio territorial de toda a América do Norte, conseguindo os franceses negociar o direito de pesca, em condições apesar de tudo vantajosas para a França, na região da Terra Nova. A Independência dos EUA (1776) A Revolução Americana contou com um grande aliado, a França. Contudo, mesmo esta se opôs às pretensões americanas na região do Grande Banco. Os interesses dos franceses que detinham as ilhas de Saint Pierre e Miquelon, poderiam ser lesados, pela pesca dos americanos nas costas que os franceses consideravam como suas. Não sendo obviamente a única causa da independência dos Estados Unidos, o bacalhau esteve no centro da polémica, quer no desenrolar do processo da independência quer na posterior fase das negociações de paz, envolvendo três estados: França, Inglaterra e os recém-nascidos Estados Unidos da América – e neste processo da independência dos EUA a questão da pesca do bacalhau foi a mais complicada de resolver.» [Oc45, 72/73] Século XVIII - O estado da barra [de Aveiro] constituiu um sério obstáculo ao desenvolvimento do porto de Aveiro e aos investimentos na pesca do bacalhau, entre outros, durante os séculos XVIII, XIX e mesmo nas primeiras décadas do século XX. Silvério R. da Rocha e Cunha, 1939, sintetizou a questão da «decadência da pesca do bacalhau» deste modo: «Portugueses e Espanhóis tinham sido expulsos dos mares da Terra Nova. De país produtor de bacalhau, Portugal passou a grande importador; os armadores ingleses traziam-no para os nossos portos, onde era vendido por comerciantes também ingleses. O último comerciante inglês residente em Aveiro, retirou nos fins daquele século [XIX], porque o estado da barra dificultava o tráfego e a população caía em extrema pobreza.» [Oc45, 78]
Certamente que, ao leres “Guerras do Bacalhau”, a tua reacção terá sido de incredulidade. Contudo, como é escrito, “não foram declaradas guerras devidas exclusivamente ao bacalhau ... mas foi um factor determinante no desenrolar de alguns conflitos”. Esqueçamos as “guerras” ... e olhemos para a Barra de Aveiro que começa a dar muito que pensar!
Manuel

sábado, 28 de março de 2009

Ridendo castigat mores...

Fábula da águia e da galinha
Era uma vez uma águia e uma galinha. A águia vivia no seu lugar altaneiro, no cimo de uma árvore. A águia possuía asas, logo podia voar! A galinha esgaravatava, no chiqueiro da sua capoeira. Esta começou a observar a águia e a ver como ela atravessava os ares com o seu ar imponente. Às vezes ficava a espreitar através da rede do seu galinheiro, as proezas que a sua prima águia fazia e pensava lá com os seus botões: - Eu também gostava de voar, de ter voos largos, que me permitissem ver o mundo, lá do alto! Por que razão, só a águia há-de ter esse privilégio? E começou a magicar o que poderia fazer para se equiparar à sua congénere. A sua maior ambição era possuir asas, para assim poder sobrevoar as suas parentes; fazer um voo picado que lhe daria tanto gozo; fazer um voo planado, rasante ao próprio galinheiro. O Criador não a tinha dotado dessa destreza. A galinha teve de se contentar com a sua sorte - pôr ovos e esgaravatar no seu poleiro. Enquanto isto, a águia indiferente a estas invejas, voava majestosa, não dando importância aos galináceos. Estes começaram a inventar formas de denegrir a reputação da sua rival. Se a águia comia aqui e ali, onde pousava, no campo, sem pedir autorização aos donos, é porque não tinha meios para comprar ração! Logo, a águia era forreta. A galinha apregoou isso aos quatro ventos. A fama da águia já corria mundo, até que decidiu confrontar a sua rival. Convidou-a para um ajuste de contas, no seu habitat, o alto de uma árvore. Alegando que não tinha asas para subir, o mesmo motivo que lhe servira para injuriar a águia, a galinha nunca chegou a comparecer ao encontro. Aí, iriam esclarecer tudo: a águia pedindo justificações, a galinha fugindo com o rabo à seringa. Por mais tentativas que se fizessem, a galinha nunca conseguiu arranjar coragem para enfrentar a sua parente. Moral da história: há os que vão à luta na maior, outros que nunca conseguem despregar os pés da terra!
Mª Donzília Almeida 01.02.09

Um Poema de Oliveiros Louro

Vaga a origem, futuro incerto Ur-Mesopomâmia, talvez a origem... Talvez a origem dos barcos moliceiros. Talvez Tartessos dos velhos marinheiros, Névoas de génese que não me afligem. Mais me atormenta o porto da viagem, O passado recente das Gafanhas, Murtosas, Os painéis e legendas, ingénuos, escabrosas, Cisnes, pastos bravos, maçaricos, miragens. O chiste, os pés doridos, a vela, a gaivota, Moliço, maresia, o lodo e o patacho, Ancinho na lama mole... Mas eu acho Que tão vária imagem meus sonhos enxota. Como a um bando de belos flamingos Tão leves, esbeltos, talvez comendo crico. E as viagens-miragens passam e eu fico A cismar no futuro... desses barcos lindos. O.L. Timoneiro, Janeiro de 1989

A religião e a crise económica

Raramente se terão utilizado tanto como agora termos essencialmente religiosos. Repare-se. O que faz falta? Crédito. O que é preciso estimular? A confiança. Precisamente confiança vem do latim fides, que dá fé, fiar-se de, confiar em. O crente é aquele que tem fé, que confia, que se entrega confiadamente a Deus. E crédito vem de credere, donde procede crer, acreditar e credo. No domínio religioso, crer e acreditar significam entregar-se a Deus com confiança. A pergunta é: e Deus tem crédito, merece o nosso crédito? Uns acham que sim e outros que não. De tal modo que uns acreditam e outro não. Porque é preciso dar razões, justificações para crer. Como os bancos não concedem crédito, quando não há confiança. Os crentes religiosos são frequentemente acusados de apenas se interessarem pelo Além feliz, abandonando este mundo do aquém ao seu fracasso e sofrimento. Mas isso não é verdade, concretamente quando se fala do cristianismo. Quem lê os Evangelhos com olhos de ver, constatará que Jesus não começou por pregar esse Além feliz. Anunciou o Reino de Deus, que, traduzido em linguagem compreensível, é, pelo menos, o mínimo humano decente para todos, já aqui e agora. Porque ninguém pode acreditar na realização plena do Reino de Deus, em Deus e com Deus, se não houver sinais dele na existência presente, aqui e agora. Por isso, Jesus começou por interessar-se pelo bem-estar das pessoas, pela comida, pela sua saúde. Segundo o Evangelho de S. Mateus, o Juízo Final tem como critério de julgamento dar de comer e de beber aos que precisam, vestir os nus, tratar dos doentes. Um corpo faminto, sedento e doente, independentemente da religião, sexo, cor ou raça, é o lugar do encontro com o Infinito. Foi através destes sinais em acção, incluindo o perdão e a fraternidade, que os discípulos fizeram a experiência de que Deus é amor e acreditaram em Jesus e no seu Reino, já iniciado e que esperaram havia de encontrar a sua consumação na plenitude dos tempos. O Além não pode ser mera compensação ideológica para a frustração do presente. Jesus colocou-se na tradição profética do Deus que não tolera a exploração do pobre. Ai dos "que vendem o justo por dinheiro e o pobre por um par de sandálias!". "Ai de vós os que juntais casas e mais casas e que acrescentais campos e mais campos até que não haja mais terreno e fiqueis os únicos proprietários em todo o país! As vossas múltiplas casas serão arrasadas e os palácios magníficos ficarão desabitados". No Novo Testamento, na Primeira Carta a Timóteo, lê-se que "a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro. Arrastados por ele, muitos se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições". Depois de se meditar nas causas que levaram à presente crise económico-financeira, mais dificilmente se porá em causa esta advertência. Foram de facto a ganância, as fraudes e a irresponsabilidade sobretudo dos mais poderosos que trouxeram a crise, dramática para os pobres, que se vêem roubados da sua dignidade de seres humanos. Num texto célebre de há quinhentos anos - tradução um pouco livre -, já Martinho Lutero se queixava desta desgraça: "Quando hoje olhamos para o mundo através de todas as camadas sociais, constatamos que não passa de um grande, de um enorme covil cheio de grandes ladrões... Aqui, seria necessário calar quanto aos pequenos ladrões, para atacar os grandes e violentos, que diariamente roubam não uma ou duas cidades, mas a Alemanha inteira... Assim vai o mundo: quem pode roubar pública e notoriamente vai em paz e livre e recebe aplausos. Em contraposição, os pequenos ladrões, se são apanhados, têm de carregar com a culpa, o castigo e a vergonha. Os grandes ladrões públicos, porém, devem saber que perante Deus são isso mesmo: os grandes ladrões." Depois, nesta situação, se a Justiça não funcionar e for dura para os pequenos e branda ou nula para os grandes, o que pode esperar-se é o aumento crescente da impotência e da frustração, desenhando-se no horizonte focos de revolta de consequências imprevisíveis. Sobretudo se forem explosões irracionais de raiva sem para quê. Anselmo Borges In DN

sexta-feira, 27 de março de 2009

Mudança da Hora

No próximo Domingo, 29 de Março, vamos ter de adoptar a hora de Verão. Os nossos relógios vão ser adiantados 60 minutos. Segundo o Observatório Astronómico de Lisboa, esta mudança deve ser feita à 1h00 no continente e na Madeira e às 00h00 nos Açores. Depois, no último domingo de Outubro, dia 25, voltaremos à hora de Inverno.

Um poema de Fernando Pessoa

Para ser grande, sê inteiro Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive. Fernando Pessoa

O FIO DO TEMPO

Jorge Sampaio
É Futebol? Não levemos a sério!
1. Do Brasil Jorge Sampaio mostra-se surpreendido como nos últimos dias as notícias em Portugal têm sido a questão do anda e desanda do Provedor de Justiça e o assunto do famoso penalty do fim-de-semana passado…! Se é certo que a notícia é alimentada pelos órgãos de imprensa, que com mais polémica mais vendem, também é verdade que tudo isto acaba por ser símbolo da mentalidade portuguesa. Essa transferência (sem milhões!) do entretenimento para um plano tal como se fosse o essencial de um país dá muito que pensar. Nem sequer valerá a pena dizer-se que em tempos de crise temos de nos distrair com alguma coisa de supérfluo para pensar menos e relaxar mais… não, esta capacidade de elevação do “pormenor” ao patamar de assunto nacional é muito típica nossa… Faltar-nos-á um lastro saudável de humor? Alexandre Cruz

POR VOSSA CAUSA

Esta afirmação resume, de modo feliz e interpelante, a explicação dada por Jesus a propósito do que estava a acontecer num encontro em Jerusalém: uma voz semelhante a um trovão faz-se ouvir, a multidão inquieta e perplexa tenta uma explicação, Jesus anuncia a chegada da hora da sua glorificação, o pedido dos peregrinos gregos é satisfeito de modo exemplar e significativo. Servem de mediadores Filipe e André que escutam, acolhem e encaminham o desejo destes peregrinos. Por vossa causa, abre Jesus o seu coração, comunica sentimentos, manifesta perturbação e angústia, parece hesitar na decisão tomada, reafirma a opção feita de, por amor, ir até ao fim. Revela-se tão humano na provação e na debilidade. Tão generoso na ousadia e na confiança. Que exemplo para quem assume a vida com honradez e seriedade! Por vossa causa, ecoa a voz que sintoniza com a prece de Jesus e manifesta o sentido profundo e realista daquela experiência de aflição de morte, desvendando a presença discreta de Deus Pai. Uma voz se faz ouvir na confusão de tantas vozes da multidão. Ontem como hoje. Importa saber escutar o que diz a voz da verdade inteira e não ficar com meias verdades, ainda que nos custe. Só a verdade gera a liberdade. Por vossa causa, chega a hora de Jesus manifestar o seu amor por nós, amor mais forte do que a morte, sobretudo quando esta é acompanhada de falsas acusações, insultos e afrontas que visam degradar o estatuto social do condenado e vilipendiar a sua memória junto dos conterrâneos e transeuntes. Também para nós, chega a hora de amar sem restrições nem adiamentos, dando preferências aos que “sofridos da vida”, os desiludidos e desencantados. Por vossa causa, fica lavrada a sentença de avaliação definitiva dos nossos comportamentos actuais: salva-se quem ama e é coerente em acções de bem-fazer; perde-se quem é egoísta e faz valer os seus interesses individuais. Estamos em auto-avaliação contínua. O método e os critérios são claros; As estratégias bem definidas. Os protagonistas somos nós, cada um por si e todos em solidariedade. Georgino Rocha

Idosos com ritmo

No Jardim Oudinot há espaços para tudo. Para passear, para descansar e até para ginástica rítmica, ao som da música. O filme não tem grande qualidade, mas dá para ajudar a perceber o que eu afirmo.

Jardim Oudinot já com animação

Com a chegada da Primavera, que afugentou o frio e a chuva, posso garantir que o Jardim Oudinot retomou a sua vida. Hoje, com um sol esplendoroso, pude constatar isso mesmo. Nem chuva, nem frio e nem vento me incomodaram, nem incomodaram quem por lá passeou e se divertiu. Crianças de uma escola da Gafanha da Nazaré, com os seus professores e empregadas, por ali andaram, com a alegria e a liberdade que a temperatura muito agradável permitiu. Apreciaram a Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, que é o templo mais antigo das Gafanhas, e jogaram, com a boa disposição que os ares da maresia suscitam em toda a gente. Um grupo de idosos, perto do navio-museu Santo André, dançava, ritmadamente, ao som de música que todos conhecemos e sob as orientações de uma professora, que a todos contagiava com a sua boa forma física e com o seu entusiasmo. Na laguna, pescadores andavam na safra, enquanto lanchas e traineiras passavam, acompanhadas pelas gaivotas que miravam as águas na busca de algum peixe que saltasse. Gostei de ver o ambiente que ali já se faz sentir e que prenuncia um Verão muito vivo, que para nós vem a passos largos. FM

Direcção do Stella Maris iniciou segundo triénio

Stella Maris: Tomada de posse da direcção
O Bispo de Aveiro deu posse no dia 20 de Março à direcção do Clube Stella Maris, reconduzida por um novo período de três anos (2009-11). A direcção é constituída por Joaquim Simões (presidente), António Manuel Silva, José Ferreira, João Alberto Bola, Maria de Lurdes Bola, Maria La Salete Ferreira, Maria Isabel Simões e Padre Francisco Melo (assistente). No Relatório de Actividades 2006/08, pode ler-se que a direcção, ao longo dos últimos três anos, além da actividade habitual de manter a casa aberta com refeições e alojamento, o Stella Maris promoveu três almoços solidários (oferecidos a 350 pessoas), organizou seis jantares, noite de fados, ilusionismo e jogo da malha, festejou os 25 anos do lançamento da primeira pedra do actual edifício, e organizou uma peregrinação a Fátima de bicicleta, entre outras actividades locais e nacionais, ligadas ao Apostolado do Mar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Gritos de ontem e de hoje, realidades e apelos de sempre

Há sessenta anos um padre francês, Henri Godin, acordou a Igreja da sua terra, com a publicação do livro “França, país de missão”. Escândalo para uns, grito que incomodou outros. O mesmo padre deu origem à “Missão de França”. Desencadeou-se, então, um movimento imparável: o Cardeal Suhard institui a Missão de Paris (1944); multiplicaram-se os “padres operários”, mais de uma centena entre 1944 e 1954 e cerca de 800 em 1978; o Cardeal Suennes, belga, publica o seu livro “Igreja em estado de missão”; um pároco de Paris partilha a sua reflexão e inquietação no livro “Paróquia, comunidade missionária”; dois padres da Vandeia, a terra das muitas vocações sacerdotais e religiosas, então professores do Seminário de Luçon, reflectem, no livro “Seminários em estado de missão”, a sua vontade de formar os seminaristas para um mundo novo, dando início às “férias missionárias” para que pudessem contactar, de perto, com a realidade das suas dioceses. Também por essa altura, o Cardeal Cerejeira, a seu modo, dizia que “ A África fica às portas de Lisboa”. Ontem um profetismo de apelo à evangelização dos lisboetas da periferia. Hoje, seria mais ainda como atenção especial à presença numerosa dos africanos. Entrei na vida pastoral, como padre, neste clima que, então, por cá não se sentia nem se respirava por aí além, mas que, ao chegar a Roma (1955), pouco tempo após a intervenção de Pio XII sobre os padres operários (Março de 1954), me fez acordar para uma realidade, que nunca mais deixou de ser para mim, incómoda e interpeladora. A Europa estava-se paganizando, não obstante a estar Igreja implantada em todo o continente. Há poucos dias, a “Vida Nueva” (7-13 de Março), revista semanal da Igreja de Espanha, dizia que a “Espanha já é terra de missão”. Vimo-lo dizendo em relação a Portugal, como um facto evidente da realidade religiosa e como eco das intervenções dos últimos papas aos bispos portugueses. Sobre tudo isto, juízos diferentes, ora de assentimento, ora de se pensar que se trata de um exagero, ora levando a reflectir e a unir esforços. Mesmo quando as coisas não eram ainda tão claras, João XXIII, por certo incomodado e perplexo pela posição de Pio XII sobre os padres operários, deixou-lhes o seu parecer nestas palavras, então as mais objectivas e sensatas: “Eu compreendo-vos, mas, nas circunstâncias presentes, não vos posso atender. Entretanto, já convoquei um Concílio. Este e o meu sucessor farão aquilo que eu agora não posso fazer” (Fevereiro de 1960). Assim aconteceu. Em 1965 os bispos franceses oficializam os padres operários e Paulo VI, tempos depois, convida um deles para pregar, no Vaticano, o seu retiro espiritual. A semente estava lançada. Vinha da JOC e dos seus assistentes religiosos, desde 1925. A situação social foi-se modificando, outros caminhos se abriram. Porém, a evangelização permanece como o grande desafio posto à Igreja, que não tem fronteiras nem geográficas nem humanas e para a qual não há soluções definitivas. O anúncio da fé que leva à conversão e personalização do crente e a edificação de comunidades cristãs, testemunhas do Evangelho no mundo, exigem dos evangelizadores a fidelidade diária ao projecto de Deus e a inovação cuidada que a realidade pede e a verdade revelada apoia em cada dia e circunstância. O laicado cristão tornou-se, no mundo de hoje, indispensável como motor e executor da missão evangelizadora da Igreja. Não apenas tarefa do clero e de uns tantos que o rodeiam e seguem, de modo obediente e pouco crítico. O papel dos leigos é, de facto, prioritário no anúncio e difusão do Evangelho. Com eles se recuperará a família com todos os seus membros, e a Igreja se tornará presença válida nas instâncias seculares, carentes da inspiração e dinamismo evangélico. A pastoral de conservação, mesmo que generosa, já não é caminho. Um mundo em mudança tem gritos novos. Assim a Igreja, lembrando a história, lhes dê ouvidos e atenção. Estamos todos em missão. António Marcelino

O fio do tempo

Fernando Nobre
Incentivar a Participação
1. Sabe-se como é essencial, e pedagogicamente importante até como verdade democrática, a participação. Mas muitas vezes tem-se medo dela, pois pode ser desinstaladora de paradigmas cristalizados. Quantos regimes sociopolíticos e/ou determinadas estruturas institucionais dizem-se arautos da participação mas, efectivamente, quando ela dá frutos surpreendentes ao modelo pré-existente o cenário fica sem resolução… Claro que não se pretenderá uma participação qualquer, desarticulada, que possa gerar efeitos contraproducentes, mas o discernir dos essenciais. A participação terá de possuir uma dose de racionalidade para ser eficaz. Mas, e talvez nos tempos que correm seja mesmo o essencial, pretender-se-á, ainda que como aguilhão despertador, que a participação vença a indiferença.
2. Os tempos que correm, de tão pródigos em termos de tecnologias de informação e comunicação, e mesmo que na verdade de outras novas formas de participação on-line, dão a conhecer uma era apressada e desgarrada em termos de fecundidade de comunicação entre as pessoas. Não será juízo de valor o observar-se que com um certo desmoronamento da instituição familiar, com o défice dessa imprescindível escola informal e familiar de valores (onde se aprende sem códigos legais a agradecer e a desculpar), a participação como valor cívico acaba por sofrer os próprios efeitos colaterais. A participação como fenómeno social mais amplo está umbilicalmente ligada à informalidade da educação diária.
3. Os que vão liderando processos e organismos humanitários (como o presidente da AMI, Fernando Nobre) vão gritando “contra a indiferença”. Caberá a todas as escolas de saber, das formais às informais (de que destacamos um projecto com 20 anos, Movimento de Voluntariado Diocesano Vida Mais), estimular pela positiva à participação, esta que poder gerar dinamismos mais proactivos e ampliadores na co-responsabilidade. Alexandre Cruz

Crónica de um Professor

“To be or not to be, that’s the question”- Hamlet
Shakespeare
Várias vezes, aquela aluna a solicitara, para obter informação mais avançada, no domínio da Língua Inglesa. Queria saber mais… queria conhecer o significante em Inglês, daquelas palavras que lhe povoavam a mente. Palavras soltas que ouvia nas canções dos seus ídolos. Espantava-se a teacher, com aquela inusitada curiosidade, acerca da língua estrangeira que preenchia o seu currículo e cuja aprendizagem agora iniciava. Sim, a Cristiana, aquela menina de longos cabelos de azeviche e olhos de amêndoa, com a profundidade do oceano, dava os primeiros passos no decifrar da Torre de Babel. Era a teacher uma privilegiada neste campo, pois tinha ali, na sua frente, uma discípula ávida por desvendar as língua dos Beatles, dos Rolling Stones e de tantos que fizeram as delícias da sua juventude. Que reconfortante ter no meio daquela massa de gente, às vezes amorfa, às vezes hiperactiva, alguém que lhe bebia as palavras e queria descobrir-lhe os segredos. - É a letra duma canção, Sra Professora! Não percebo esta palavra… Estando, ainda na iniciação à Língua Estrangeira, espantava-se a teacher com o acervo de palavras, de significantes que aquela aluna já possuía. Não era vulgar na sua idade e na sua condição de beginner! O desejo de entender as letras das sua canções preferidas… fazia aquele milagre. Um dia, segurando na mão um papel escrito, dirige-se à mestra e diz-lhe: - Podia passar-me para Inglês este texto? É a letra duma canção que escrevi. É que… eu quero ser cantora! Abriu a boca de espanto... sorrindo ao mesmo tempo, pois isso evocava-lhe os tempos, não muito longínquos, em que as suas colegas a haviam solicitado, para escrever os hinos da escola: o Hino ao Ambiente, musicado e já gravado em cassete, e o Hino da Escola, ainda nas mãos do compositor. Será que a sigla dos nomes de ambas as intervenientes neste episódio, CD, seria premonitória de algum compact disk a sair num futuro risonho? Hoje, no fim da aula, veio revelar-lhe, com a satisfação dos afortunados, que fora convidada para cantar num sarau. A Escola que “... fazes desabrochar sementes em ti caídas...” tal como diz o seu hino, fora ao encontro dos seus desejos. E… a Cristiana era uma menina feliz, no dealbar de uma promissora carreira, quem sabe? A teacher ali estava, para acarinhar e orientar talentos emergentes, e... ser ou não ser uma cantora é o dilema existencial que vai dominar o pensamento e a vontade desta lírica criatura!
Mª Donzília Almeida 23.03.09

quarta-feira, 25 de março de 2009

MOINHOS ABERTOS em 4 de Abril

No dia 4 de Abril, um Sábado, no âmbito do Dia Nacional dos Moinhos, que se assinala a 7 de Abril, terá lugar o Dia dos Moinhos Abertos de Portugal, iniciativa organizada pela Rede Portuguesa de Moinhos, com o apoio da TIMS, Sociedade Internacional de Molinologia. Pretende-se chamar a atenção dos Portugueses para o inestimável valor patrimonial dos nossos moinhos tradicionais, de forma a motivar e coordenar vontades e esforços de proprietários, moleiros, organizações associativas, autarquias locais, museus, investigadores, molinólogos, entusiastas, amigos dos moinhos e população em geral.

AVEIRO: Feira de Março abriu hoje

(Foto do meu arquivo)
Segundo reza a história, a Feira de Março terá nascido por decreto régio de D. Duarte, no ano de 1434. Outros sugerem que a feira franca, que esteve na origem da actual Feira de Março, surgiu antes dessa data. Mons. João Gaspar, no seu mais recente livro, “AVEIRO – Recordando Efemérides”, aceita aquele ano e até adianta o dia 27 de Fevereiro. E acrescenta: “El-Rei D. Duarte, julgando ser do seu serviço e para bem do Reino e com o propósito de engrandecimento de Aveiro, nesta data deu «poder e licença» ao infante D. Pedro, seu irmão, que mandasse «fazer e se faça daqui em diante em cada hum ano na sua uila dAveiro e no mês de Maio huma feira franqueada, a qual se fará por esta guisa começar-se no primeiro dia do dito mês e durará até ao dia de São Miguel seguinte, que são outo dias.” Sublinha a seguir que “desde cedo foi transferida para os últimos sete dias de Março.” Depois destas curtas notas históricas, penso que vale a pena salientar que a Feira de Março está, de facto, no nosso imaginário. Quem há por aí que a não tenha visitado, nem que seja a correr, como quem cumpre, religiosamente, uma obrigação anual. Eu também lá costumo ir, nem que seja de fugida. Olho a animação, aprecio as quinquilharias, dou uma volta pelas indústrias ali representadas, com inovações, vejo a criançada a divertir-se nos carrosséis, como uma fartura (ou duas, se me deixarem) e regresso a casa com a sensação do dever cumprido. FM

O fio do tempo

Dizer Angola
1. «Quem vai para Luanda vai para a fortuna, quem procura qualidade de vida vai para a província» (Visão, 12-03-09: 58), afirma sem receios um dos 100 mil emigrantes portugueses que recentemente partiram rumo a Angola. A nova terra de oportunidades está na moda, mas as buscas ansiosas das fortunas também poderão ser traiçoeiras quanto indignas, pois continuadoras de desigualdades que importa diluir. A terra da promessa está na ordem do dia, facto acelerado pela generalizada crise global e europeia (a que Portugal não foge), sendo a língua e a cultura pontes privilegiadas. De quem conhece os terrenos angolanos, o desenvolvimento floresce a cada dia, mas sendo certo que uma coisa é a capital e outra é a realidade do interior.

Velhinha sem hipóteses para atravessar a rua

A velhinha ali estava na ponte-praça à hora de ponta fazendo tentativas após tentativas para atravessar. Estava no lugar que lhe pertencia, na passadeira. O trânsito, intenso como habitualmente, não lhe dava oportunidades. Dum lado e doutro, cada automobilista pensava só em si e nada nos outros. A cada tentativa, logo os estridentes apitos a avisavam de que ela não tinha hipóteses. Que esperasse, talvez pensassem os apressados condutores. Enervei-me e fui dar uma ajuda. Quase exigi, qual sinaleiro, que houvesse respeito pelos que não podem passar a correr, como qualquer de nós, mais jovens ou de pernas mais lestas. Todos reconhecemos que vivemos uma época de pressas, de correrias, de e para o trabalho, para os encontros com horas marcadas, para o aconchego da família após muitas horas de trabalho. Mas que isso se faça com muito respeito, sobretudo pelos mais idosos. Será que ainda não viram aquele anúncio da TV, em que o automobilista pára, solícito, para deixar passar o idoso, trôpego, ao encontro de sua esposa? E nunca repararam como eles, de sorriso agradecido, se dirigiam a quem parou e foi simpático?
Fernando Martins
In TIMONEIRO, Fevereiro de 1989

terça-feira, 24 de março de 2009

O FIO DO TEMPO

Fermentar Esperança
1. Uma boa parte dos diagnósticos está feita. O caminho que conduziu à crise (financeira, económica, social…) de sociedade actual vai-se descortinando do amplo novelo de redes que tudo liga. A tendência humana com facilidade esvai-se mais para o discursivo que para o ser pró-activo do compromisso histórico de todos. Dos dinamismos mais impressionantes que pode resgatar do pessimismo é a esperança; mas esta não existe por si, tem raízes profundas que escapam às fórmulas e às coisas utilitárias. O tempo de primavera comunica-nos esse imperativo do melhor para o futuro, renovação da natureza que reflecte uma lei de novidade infinita que tudo envolve.
Alexandre Cruz
Ler toda a crónica aqui

Delmar Conde vence Regional de Cruzeiros

Mike Davis/Porto de Aveiro, de Delmar Conde, vence Regional de Cruzeiros. Esta embarcação aveirense, em representação da Associação Náutica da Torreira, não deu hipóteses à concorrência e conquistou mais um troféu, aproveitando as excelentes condições climatéricas que se fizeram sentir durantes as três regatas que pontuaram para o Troféu Milaneza - Campeonato Regional de Cruzeiros, no campo de regatas de Leixões. O número de barcos superou todas as expectativas, o mesmo valendo para a qualidade competitiva das tripulações. No cômputo final, e para a Classe ANC, a vitória coube ao DC1200 Mike Davis/Porto de Aveiro, de Delmar Conde, seguido do Gindungo de António Alegre com o Cocoloco de Rui Ferreira a fechar o pódio.

O Papa dos clichés

A primeira viagem de Bento XVI gerava, logicamente, uma grande expectativa. Era uma ocasião histórica que chegava num momento em que o Papa se via debaixo de duras críticas no Ocidente. Já escrevi anteriormente que o actual Papa não é facilmente decifrável pela comunicação social, ainda que admita que a relação não funciona bem por falhas de parte a parte. Mais uma vez, contudo, foi visível que Bento XVI está condenado a ser julgado, quase em permanência, na base de uma série de clichés: conservador, duro, retrógrado, eurocentrista, etc. É verdade que boa parte da imprensa deste lado do mundo ficou presa no "caso" do preservativo. Também é verdade, contudo, que a viagem foi muito, muito mais do que essa resposta, ainda a bordo do avião, e seis dias em solo africano merecem uma abordagem bem maior. Diria, antes de mais, que a ideia de fundo que se aplica a todas as matérias abordadas é sempre a mesma: se os africanos não assumirem as suas responsabilidades, não se sentirem protagonistas, não são ajudas vindas de fora que irão resolver o problema. Mais surpreendentes ainda do que as reacções às considerações do Papa sobre o uso do preservativo no combate à SIDA - sente-se em muitos meios uma estranha necessidade de criticar Bento XVI - foram as avaliações que menorizavam as intervenções papais em solo africano. Não sendo o seu território preferido, o actual Papa pareceu bem preparado em relação ao que iria encontrar em África - onde as pessoas fizeram questão de mostrar que gostam dele - e há questões que dificilmente fazem parte de uma perspectiva "europeísta" do mundo: guerras civis, pobreza, tribalismo e rivalidades étnicas, má governação, corrupção e violação de direitos humanos, desigualdade entre sexos e marginalização das mulheres, práticas desumanas e exploração dos recursos naturais por uma globalização injusta. Para o Papa, África deve reencontrar o seu lugar mundo e ser, no século XXI, um farol para a Igreja e para toda a humanidade. "Reconciliação, justiça e paz" são as palavras que serviram de fio condutor da viagem e servem como uma espécie de "até já" para o II Sínodo dos Bispos africanos, que decorrerá em Outubro, no Vaticano, precisamente sobre esses temas. Uma palavra final para Angola. Ao escolher visitar esta Igreja lusófona, saída de décadas de guerras terrivelmente destrutivas, o Papa quis mostrar ao resto do continente qual é o caminho que está destinado aos católicos nos vários processos de reconstrução que o fim das ilusões criadas pela independência gerou em África. Octávio Carmo

ÍLHAVO: Primeiro Aniversário do Centro Cultural

A Câmara Municipal de Ílhavo comemora hoje, dia 24 de Março, o primeiro aniversário do Centro Cultural de Ílhavo (CCI), com a inauguração de uma Exposição de Júlio Resende, pelas 18 horas. Na altura, o presidente da autarquia, Ribau Esteves, fará o balanço do primeiro ano de vida deste espaço cultural, sublinhando os propósitos anunciados no dia da inauguração: “O Centro Cultural de Ílhavo é uma nova capacidade de crescimento cultural e social, uma nota de qualificação urbana e uma aposta na produção e na promoção cultural de valores locais e universais.” Durante este ano o CCI contou com a adesão de 33 mil pessoas a 120 acções realizadas, com relevante sucesso, utilizando muitas e variadas formas de cultura, como refere o Newsletter da CMI.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Tradições da Gafanha da Nazaré: Cantar das Almas

Para recordar tradições das Gafanhas, do tempo dos nossos avós, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré vai apresentar, no salão da igreja matriz, no próximo sábado, 28, pelas 21.30 horas, o Cantar das Almas, que mostrava as devoções que os gafanhões, como outros, nutriam pelas almas do Purgatório. Para além do grupo anfitrião, participa ainda o Grupo Folclórico de Portomar, Mira. A entrada é livre. Trata-se de uma boa oportunidade para reviver uma antiga tradição.

Bispo de Viseu admite preservativo contra a SIDA

D. Ilídio Leandro apoia Bento XVI, mas diz que há casos em que existe «obrigação moral» de não provocar a doença Causou algum escândalo a afirmação do Papa, várias vezes repetida como tese da Igreja, de que o preservativo não é a solução para o combate ao vírus da SIDA. Que queriam que ele dissesse? Afirmando que sim, banalizava o valor, o sentido e a vivência da sexualidade, enquanto dimensão do ser humano, centro, símbolo e expressão das relações profundas da pessoa, a viver no amor, na fidelidade (confiança recíproca), na estabilidade e na responsabilidade. O Papa, quando fala da SIDA ou de outros aspectos da vida humana, não pode fazer doutrina para situações individuais e casos concretos. Neste caso, para relações entre uma pessoa infectada e outra que pode ser afectada com a doença. Nestes casos, quando a pessoa infectada não prescinde das relações e induz o(a) parceiro(a) (conhecedor ou não da doença) à relação, há obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa. Aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório. E não tenhamos medo ou reserva mental ou hipocrisia de admitir esta doutrina! Não usamos tantos “auxiliares” artificiais para promover a vida e defender a saúde? As intervenções cirúrgicas, os fármacos, as próteses e tantas outras técnicas ao serviço da pessoa, em situação de doença, não são formas de ‘preservar’, defender e promover a saúde?... Ler mais aqui

O FIO DO TEMPO

Tudo é composto de continuação
1. O poeta, no seu desejo de mudança de tempos e vontades, diz que “tudo é composto de mudança”. Mas, na verdade mais profunda da condição humana, agora mais que nunca planetária, as coisas pouco mudam na essência. Podendo parecer mentalmente este um tempo social de rupturas abruptas, talvez o que mais falte sejam os “fios” de ligação de tudo, também no ajudar a entender a causalidade que encadeia todos os dados em jogo… Todos, inevitavelmente, somos continuadores da história que nos precede e, na profundidade do ser, somos também continuadores de nós próprios. Ninguém que se conheça a si mesmo e que queira conhecer e dar ânimo à realidade que tem à sua frente, pode afirmar-se isoladamente como inaugurador. 2. A ideia de que se pode “partir do zero” é aniquiladora da memória e restringe a universalidade dos problemas e esperanças do mundo concreto. O filho tem na raiz o pai, o aluno tem o professor, o educando o educador. Como recorda Paulo de Tarso nos seus 2000 anos de vida, “ninguém é por si mesmo”. É tanto mais pertinente esta reflexão comum-unitária quanto os isolacionismos da solução unilateral ganham terreno. Quantas vezes mesmo nos próprios cenários políticos, por falta da construção razoável de consensos generosos que fomentem pontes sustentáveis para o futuro…volta-se ao eterno retorno do princípio. Os desígnios determinantes das estabilidades sociais e humanas obrigarão ao reconhecimento da alteridade do outro como algo de decisivo. Somos com os outros, eis um valor transversal a destacar, nas coisas diárias mais simples. 3. Na continuação afirmada dos mesmos valores, também nós retomamos a colaboração semanal diária. Com o início da envolvente frescura primaveril, iniciamos o sétimo ano de ideias em comum (o primeiro texto publicado no Diário foi em 23-03-2003). Sete, o número perfeito; não que as ideias o sejam…, elas são a continuação simples, errante e peregrina… Alexandre Cruz

domingo, 22 de março de 2009

Mar de peregrinos inundou Luanda

Bento XVI fala nas «trevas» em África
e apela à reconciliação entre os angolanos
Um mar de peregrinos, que as autoridades estimam em mais de 2 milhões de pessoas, inundou este Domingo os 20 hectares da esplanada da Cimangola, nos arredores de Luanda, capital de Angola. Bento XVI presidiu à Eucaristia, no Dia nacional de oração e reconciliação. Este é o maior banho de multidão da primeira viagem do Papa a África, que se iniciou nos Camarões, a 17 de Março, e um dos maiores do pontificado. “Não posso esconder a alegria que sinto por estar hoje convosco, nesta bela e sofrida terra que é Angola, terra da Mamã Muxima, terra de tantos filhos da Igreja. Abraço-vos de todo o coração”, começou por dizer o Papa. Bento XVI incluiu nas suas intenções para esta celebração os dois jovens que ontem perderam a vida na entrada para o Estádio dos Coqueiros, deixando a sua “solidariedade” e “mais vivo pesar” aos seus familiares e amigos, “até porque vieram para me encontrar”. O Papa lembrou ainda os feridos do incidente de Sábado, rezando pelo seu rápido restabelecimento. Com o Papa estão a concelebrar os Bispos da Conferência Inter-Regional da África Austral. "A Igreja em Angola e na África inteira está destinada a ser, perante o mundo, um sinal da unidade a que é chamada toda a família humana mediante a fé em Cristo Redentor", declarou. O Papa dirigiu uma saudação "com grande afecto no Senhor", às comunidades católicas angolandas "de Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huambo, Huíla, Kuando Kubango, Cunene, Kwanza Norte, Kwanza Sul, Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Namibe, Moxico, Uíge e Zaire". Leia mais aqui

A crise no L’Osservatore Romano

Ficou célebre A fábula das abelhas, de B. Mandeville, em 1714, uma obra inteligente e cínica. Havia uma colmeia semelhante à sociedade humana, concretamente nos seus vícios. Cada abelha procurava o seu interesse. Não faltavam as preguiçosas, as gananciosas, as exploradoras. A fraude e a corrupção também abundavam. A própria justiça era corrupta. Evidentemente, a abelha-mestra não fugia à regra. E, paradoxalmente, a colmeia era próspera.
Um dia, porém, operou-se uma viragem, de tal modo que cada abelha, daí para diante, se deixou guiar apenas pela honradez e virtude. Então, eliminados os vícios e excessos, já não eram necessários os médicos, as farmácias e os hospitais. Terminadas as contendas, desapareceram os polícias, os advogados, os juízes. Uma vez que todos se guiavam pelo princípio da moderação, acabou o luxo, a arte, o comércio e tudo aquilo que a eles está ligado. E o colapso foi geral.
L. González-Carvajal comenta, concluindo: “Fraude, luxo e orgulho devem viver, se quisermos fruir dos seus doces benefícios”. A conclusão já está no próprio título da obra: A fábula das abelhas ou os vícios privados fazem a prosperidade pública. O paradoxo de que o bem comum resultaria da convergência dos egoísmos foi expresso também pelo conceito de “astúcia da razão”, de Hegel, e pela teoria da “mão invisível”, de Adam Smith. Os homens, egoístas, procurando o seu interesse individual, acabam, mesmo sem a sua vontade e até contra ela, por promover o progresso e o bem-estar geral; os vícios dos indivíduos contribuem para a felicidade pública e a prosperidade das nações e da Humanidade.
A razão moderna instituiu a ideia de progresso ilimitado como artigo de fé. Essa crença, que é a secularização da salvação escatológica cristã, resistia à própria prova do egoísmo e mal em geral. Apesar de tudo o que de bom devemos à modernidade, não somos hoje tão optimistas. A razão moderna não trouxe a libertação e a salvação prometidas e colocou até nas mãos da Humanidade a possibilidade da sua autodestruição – pense-se no armamento nuclear e na questão ecológica.
Face à presente crise devastadora, percebemos que não basta corrigir o sistema. Afinal, a crise financeira é, como diz o famoso sociólogo belga François Houtart, fundador do Centro Tricontinental da Universidade Católica de Lovaina, manifestação de uma crise mais vasta: alimentar, energética, climática, humanitária, ecológica...
Para ele, a sociedade do futuro tem de construir-se à volta de quatro eixos. O primeiro obriga a uma nova relação de respeito e não de exploração com a natureza. “Na prática, significa declarar a água e as sementes património universal e não permitir a sua privatização”. O segundo eixo é privilegiar o valor de uso e não o valor de troca, o que significa que os produtos e os serviços têm de ser desenvolvidos em função das necessidades e não, em primeiro lugar, do lucro. Para superar esta “situação absurda”: nunca houve tanta riqueza e tantos pobres. O terceiro eixo é a “democratização da sociedade”, não só no campo político, mas em todas as relações sociais: na economia, saúde, educação, desporto, religião, entre homens e mulheres. O quarto eixo é a multiculturalidade, no sentido da “possibilidade de que todos os saberes, filosofias e religiões contribuam para a construção social colectiva”.
Para uma crise global a resposta tem de ser global. Inesperadamente, desta vez, a proposta simples e revolucionária, que lembra o famoso Plano Marshall, foi lançada no L’Osservatore Romano, diário do Vaticano. Primeiro, no dia 30 de Janeiro, por Ettore Gotti Tedeschi, banqueiro e professor de economia na Universidade Católica de Milão, e, depois, em 19 de Fevereiro, pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. O projecto que vai ser posto à consideração da cimeira do G20 consiste num investimento gigantesco a favor dos países pobres, com o fim de estes se tornarem protagonistas de um boom económico para seu benefício e, com o tempo, para ulterior bem-estar e riqueza de todos. Uma versão outra da fábula das abelhas? Escreveu Tedeschi: “Isto não é moral, é economia”.
Anselmo Borges

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 123

BACALHAU EM DATAS - 13
SÉC. XVII- INGLESES E FRANCESES TOMAM POSIÇÕES
Caríssimo/a:
1601 - SÉC: XVII E XVIII - « ... [I]ntensa actividade piscatória por parte das frotas de Inglaterra e da França, impediu o regresso dos portugueses aos bancos da Terra Nova no decurso dos séculos XVII e XVIII, remetendo Portugal ao papel de importador de bacalhau, que se tinha imposto como elemento integrante da dieta alimentar nacional.» [Creoula, 09] 1607 - «Em 1607 foi criada a primeira colónia inglesa na América, em Jamestown, na Virgínia.» [Oc45, 68] 1608 - «O francês Samuel de Champlain ergueu um forte no Quebec, iniciando a colonização francesa da região que viria a ser o Canadá.» [Oc45, 68] 1609 - «O inglês Henry Hudson, ao serviço da Holanda, descobriu o rio que ficou com o seu nome, justificando assim o direito que os holandeses reclamam para se fixarem nalguns pontos da América do Norte. No entanto, esta presença holandesa não se manteve por muito tempo, ficando a América do Norte dividida entre ingleses e franceses.» [Oc45,68] 1619 - [1619-1646] - «Os termos de visita aos navios estrangeiros, franceses, ingleses e holandeses (flamengos), entrados pela barra de Aveiro, desde 26 de Junho de 1619 a 27 de Maio de 1646, mostram que o bacalhau passa a ser importado.» [Oc45, 78] 1624 - «Como é sabido o desmantelamento da Armada Invencível pelos ingleses e pelo mau tempo acabou por reduzir o número de embarcações portuguesas, de forma que, pelo menos em 1624, ainda não havia nenhum barco nos portos de Aveiro e Viana que pescassem na Terra Nova.» [HPB, 22] “Em 1624 não havia qualquer navio de Aveiro na pesca do bacalhau, o mesmo se tendo verificado em todo o século XVIII. (As lutas travadas pelos franceses e ingleses para ocuparem a Terra Nova tornou aquela região perigosa, impedindo os portugueses e não só, de naqueles mares se dedicarem à pesca do «fiel amigo» durante cerca de dois séculos. Esta ausência dos portugueses nos mares da Terra Nova foi ainda motivada pelo assoreamento de alguns portos, nomeadamente o de Aveiro.)» [BGEGN, 1991, 6] 1684 - «Um documento de 1684 confirma expressamente que os ingleses haviam tomado o “trato da Terra Nova” e que as lojas estavam “cheias de bacalhau que trazem os Ingleses”. Os ingleses cuidaram de proteger a pesca do bacalhau através de sucessivos tratados.» [Oc45,78]
Mesmo aqui, no “reino do bacalhau”, passo a passo, século a século, vai-se desenhando uma certa “história” que nos leva a desabafar: “mas onde é que já li/ouvi esta cena?...”
Manuel

sábado, 21 de março de 2009

Papa em Angola: D. Januário denuncia "leitura reducionista"

D. Januário Torgal Ferreira diz-se, no entanto, muito chocado "pela leitura reducionista" e com a obsessão da comunicação social por alguns temas. "Expliquem-me, por exemplo, porque é que os senhores jornalistas não deram destaque ao apelo do Papa contra a corrupção, lavagens de dinheiro, guerra e outras poucas-vergonhas em África?", questionou, salientando o destaque que os órgãos de comunicação social deram à proibição do uso do preservativo pelo Papa ao chegar a África, enquanto que os jornais de hoje falam da denúncia que Bento XVI fez acerca da corrupção no continente "apenas em duas ou três linhas". O Bispo considerou que os jornalistas não souberam aproveitar "o poder que o Papa tem para falar de temas como a corrupção, interesses das grandes potências, esclavagismo, guerra e neocapitalismo de chefes de Estado".
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Faz hoje 19 anos que faleceu o Padre Rubens

Faz hoje 19 anos que faleceu o Padre Rubens. Sobre a sua morte, escrevi um texto no Timoneiro de Abril de 1990, que em parte aqui transcrevo.

FIGUEIRA DA FOZ: Homenagem à Primavera

(clicar nas imagens para ampliar)
Hoje, na Figueira da Foz, houve festa em honra da Primavera. Também da Poesia e da Árvore. O dia acordou tristonho, com o Sol sem aparecer, como era sua obrigação. Ameaças de mais inverno, mas depressa houve o desmentido. O rei surgiu em cima de todos, para animar quem participava e quem assistia. Centenas de crianças e jovens competiram, durante uma manhã bem preenchida. O Parque das Abadias, preparado para receber condignamente os que quiseram associar-se, proporcionava uma manhã de luxo. Houve música bem ritmada, provas de atletismo e convívio entre os participantes, vindos de diversas terras do País. Não faltaram os aplausos e os prémios para os vencedores. Mas aqui, como vi, a alegria estendeu-se a todos.

Ares da Primavera

Primeiro alento Renascimento! Imensa cor. Miríades de flores Animam Vivificam Emolduram, Recitam um hino Ao Criador!
M.ª Donzília Almeida 21.03.09

sexta-feira, 20 de março de 2009

Bento XVI em Angola

HÁ TANTOS POBRES QUE RECLAMAM
PELO RESPEITO DOS SEUS DIREITOS
"Bento XVI e José Eduardo dos Santos discursaram em seguida, tendo o papa apelado à pacificação e afirmado que os angolanos "não se devem render à lei dos mais fortes", e à união de esforços da sociedade civil e Governo no combate à pobreza. "Infelizmente, dentro das vossas fronteiras angolanas ainda há tantos pobres que reclamam pelo respeito dos seus direitos. Não se pode esquecer a multidão de angolanos que vive abaixo da linha de pobreza", disse o Papa. Bento XVI, após o discurso de boas vindas do Presidente José Eduardo dos Santos, disse que é preciso a participação de todos no auxílio aos mais desfavorecidos. "É necessário envolver a sociedade civil angolana inteira, mais forte e articulada e em diálogo com o Governo para dar vida a uma sociedade atenta ao bem comum", defendeu. No discurso de boas-vindas, José Eduardo dos Santos agradeceu a intervenção da Igreja na conquista da paz."
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Aveiro de luto

Quem somos nós para condenar quem quer que seja?
A notícia correu célere e muitos opinaram com desnorte. Criança morreu esquecida no carro do pai. Todos ficámos tristes. E mesmo sem conhecermos os pais da criança, cumprimos a nossa obrigação de estar com eles, não fisicamente, mas em espírito solidário. Mas não queremos nem podemos condenar ninguém, muito menos o pai. Quem somos nós para condenar quem quer que seja?
Sabemos que o Ministério Público já tomou conta do caso, na perspectiva de julgar o pai. Não creio que ele venha a ser condenado, pela simples razão de que não é um criminoso. Talvez obcecado pelo trabalho, tão normal nesta sociedade competitiva, pressionado por deveres profissionais, cansado de uma vida desgastante, que exige pressa e mais pressa, e fixado até à exaustão nas obrigações do quotidiano, entre outras razões, decerto determinarão a sua absolvição.
Todos estamos convencidos de que a sua pena está desde esse triste momento a marcar o pai para toda a vida. Não podemos, portanto, ocupar o lugar de carrascos, que mata de olhos vendados. Temos, isso sim, a obrigação de o ajudar a carregar, ao longo do tempo, este pesadelo que ninguém saberá explicar. Daqui, deste meu recanto, associo-me à dor desta família, manifestando a minha mais sincera solidariedade cristã.
FM Leia mais aqui sobre este assunto

Ares da Primavera

A FONTE
Com voz nascente a fonte nos convida A renascermos incessantemente Na luz do antigo sol nu e recente E no sussurro da noite primitiva.
Sophia de Mello Breyner

FAZ NASCER EM TI UM NOVO SER

A noite tem um secreto encanto portador de um enorme desafio, como se pode ver no episódio de Nicodemos com Jesus. Ajuda-nos a mergulhar na face oculta da vida, abre-nos aos segredos mais íntimos, coloca-nos perante as interrogações maiores do espírito, leva--nos a assumir os apelos mais sérios da consciência. Traz-nos, de facto, uma excelente oportunidade para nos encontrarmos connosco mesmos na autenticidade mais genuína do nosso ser integral.
Assim aconteceu com Nicodemos, o judeu importante de Jerusalém que escolhe a noite para visitar Jesus e abrir o coração preocupado com problemas existenciais. Há coisas que não entende, apesar da sua reconhecida e brilhante cultura. É mestre e membro do grande conselho, simpatiza com a causa de Jesus e procura ajuda espiritual, quer clarificar a questão fundamental que o preocupa: Como pode alguém fazer-se um novo ser?
Jesus, que havia suscitado a pergunta, acolhe-a na sua intensidade e dá-lhe uma resposta cheia de sentido que desvenda horizontes completamente novos: A fé em Deus faz-nos ver com outro olhar, ter outra compreensão, abarcar outras dimensões, amar outras realidades, ser de outro modo, nascer a partir de dentro.
E a razão é simples, continua Jesus na versão de São João: O amor de Deus ao mundo, à humanidade desejosa de viver a autenticidade do seu ser original, a cada pessoa chamada à plena e equilibrada realização das suas legítimas aspirações. A prova indesmentível deste amor é a cruz – sinal da ignomínia dos criminosos condenados -, mas expressão máxima de quem enfrenta todas as hostilidades porque acredita no amor – fonte original de um mundo novo que urge recriar constantemente.
O crucificado revela este amor gratuito e “põe a nu” o que pode a injustiça humana, a força dos preconceitos e das manipulações, a aliança de interesses, a rede de influências, a facilidade em mudar de opinião, segundo as conveniências, o recurso a atitudes que desdizem da dignidade natural de todo o ser humano.
Em Jesus ressuscitado, o amor lúcido, fiel, altruísta, universal, misericordioso, terno, radical, apresenta o modo mais humano de ser pessoa e de conviver em sociedade, de descobrir o projecto de Deus e de viver ao “seu jeito”.
Georgino Rocha

AVEIRO: Se esta praça tivesse... 250 anos

Praça Joaquim Melo Freitas
É já no próximo sábado, 21 de Março, pelas 15h, que na Praça Melo Freitas, em Aveiro, se vai realizar a primeira iniciativa do projecto "Se esta praça tivesse... 250 anos". Este projecto é dinamizado pelos Amigosd'Avenida e desenvolve-se no âmbito das comemorações dos 250 anos da cidade de Aveiro. Pretende-se, deste modo, criar eventos de animação cultural, todos os sábados à tarde , das 15 às 17h, do início da Primavera ao fim do Verão. Entende-se que esta iniciativa pode ser uma oportunidade para ajudar a criar novos hábitos e práticas culturais e uma forma de mostrar a qualidade e diversidade de recursos culturais e artísticos que a cidade dispõe. O programa da primeira sessão será dinamizado pela Oficina de Música de Aveiro e pelo CETA. O projecto conta com o apoio da CMA (http://aveiro250anos.com) e foi incluido na programação nacional do Ano Europeu da Criatividade e Inovação (http://criar2009.gov.pt/calendario-oficial/projecto-se-esta-praca-tivesse-250-anos/).

quinta-feira, 19 de março de 2009

Notas do meu Diário: Dia do Pai



Armando Grilo

ASSOCIO MUITO O MEU PAI A S. JOSÉ


Celebra-se hoje o Dia do Pai. Também a Igreja celebra S. José. Associo muito o meu pai a S. José. Ambos trabalhadores com responsabilidades familiares. Ambos humildes e dados a um certo e normal silêncio. Ambos conscientes dos seus deveres sociais e religiosos. Ambos crentes num Deus Criador. Ambos disponíveis para enfrentarem dificuldades. Ambos com grande capacidade de sacrifício. E ambos sabiam amar muito.
 O meu pai faleceu há bastantes anos. Foi nos idos de 75 do século passado. Inesperadamente. De forma apressada e sem hipótese de cura. Nunca o tinha visto doente. Nunca se queixava de qualquer incómodo que nos levasse a pensar num possível enfarte. Era um homem saudável e até brincava com as nossas fraquezas. Mas a primeira doença que teve foi fatal.
O meu pai foi desde menino um homem de mar, mas não foi um pai ausente. A mãe, que dele nos falava todos os dias, enaltecia os seus sacrifícios e a sua bondade, tornando-o presente em todos os momentos das nossas vidas.
A partida para o mar era muito dolorosa. Quando o dia se aproximava, o silêncio instalava-se em casa. Olhávamos uns para os outros sem palavras. E na hora de nos deixar por uns meses, o embaraço entre todos acentuava-se. Recordo, como se fosse hoje, esse dia triste. Nos meus ouvidos ainda moram os momentos da despedida. Com beijos e palavras de consolação que ele nos oferecia. Eu nunca conseguia articular qualquer frase. Fui nessa altura, como hoje, de emoções que me bloqueavam e bloqueiam a fala.
Assistia, à porta de casa, à partida do autocarro que recolhia pela freguesia os tripulantes. E retenho nos tímpanos, com compreensível vivacidade, o roncar do motor da camioneta. Mesmo depois dela desaparecer dos meus horizontes físicos, aquele som permanecia comigo. Até hoje. Mas no regresso voltava a alegria. Havia prendas canadianas para todos. Abraços, beijos, perguntas, muitas perguntas, e a certeza de que o pai ficaria uns tempos em casa. Punha-se a conversa em dia. Não faltava a visita ao Prior Guerra.
O meu pai oferecia-lhe um pacote de tabaco, daquele que era distribuído pelos pescadores. O Prior Guerra fumava muito e fazia os cigarros com as mortalhas, embrulhando-os, cuidadosamente, para ficarem bem cilíndricos e apertados. Quando o meu pai chegava da visita, dizia: - O senhor Prior agradeceu-me o tabaco e aproveitou para conversarmos um bocado; e no fim até me disse que eu já estava confessado.
Recordo que meu pai costumava sentar-se nas traseiras da casa, em horas de descanso ou de pura contemplação. Eu brincava com o meu único irmão, o Armando, que já foi para junto dele. Tinham o mesmo nome e eram conhecidos pelo mesmo apelido de família: Grilo. Nessas brincadeiras mostrávamos as nossas habilidades, perante o sorriso permanente do pai. De vez em quando lá vinha uma gargalhada que reflectia a sua felicidade de nos ver e de estar connosco. Quando algum se magoava, com um ou outro gesto menos calculado, o meu pai levantava-se pressuroso para lhe acudir. E a brincadeira, sob a alegria do meu pai, continuava. Até à exaustão. E ele então dizia: - Chega por hoje!

Fernando Martins

Reflexão serena sobre a mulher com as luzes e sombras

Há poucos dias celebrou-se o Dia Mundial da Mulher. Multiplicaram-se as entrevistas e reportagens nos meios de comunicação social, não faltaram artigos a falar do tema, ouviram-se opiniões de psicanalistas, sociólogos e juristas, mulheres das mais diversas condições foram ouvidas, tanto na rua, como nos estúdios, outras escreveram sobre as suas vidas.
Nunca se diz tudo, é certo. Mas, quando se segue, com alguma atenção, um acontecimento como este, e se analisam ecos vindos de todo o lado, fica-se com a sensação fria de que se falou muito, mas se disse pouco, e se passou ao lado de problemas sérios e importantes, perdendo-se, talvez, a ocasião de reflectir com a preocupação de ver na globalidade e de tocar o essencial do tema em causa.
Também na Igreja, embora esta tenha sido e seja, historicamente, o espaço onde a mulher mais tem sido defendida e dignificada, o problema não está por completo resolvido, se é que há problemas humanos com resolução definitiva. Não se trata apenas de ver o que falta outorgar-lhes como serviço ou tarefa e, de fora, se atirar pedras, por razões que nem sempre se explicam por uma verdadeira compreensão do que é a Igreja e a sua missão nas diversas culturas onde se professa a mesma fé. Também, por esta razão, o problema não se resolve uma vez por todas, nem à base de leis ou de opiniões superiores, muito menos de grupos de pressão. Já é bom que se aceite que o problema da mulher não está por completo resolvido, embora o tempo não aceite muitas delongas.
Porém, o problema da mulher é mais grave na sociedade ocidental e em diversas culturas do mundo, suficientemente conhecidas. Como nos toca mais o que melhor conhecemos, olhemos para o nosso espaço geográfico e reflictamos a partir daí.
Ninguém pode negar que muitos passos se deram e estão dando a favor de um estatuto mais humano e justo da mulher. Estão à vista, se confrontados com séculos atrás. Porém, a visão redutora de uns, a pressão ideológica de outros, a deficiente leitura dos fenómenos sociais, a emancipação sociológica sem limites humanos, naturais e sociais, vêm provocando novos problemas e não ajudando a uma equilibrada solução dos antigos. Hoje, para os que se julgam pioneiros da inovação social, há duas classes de mulheres: as que deitam abaixo todas a barreiras, e essas são louvadas e apoiadas, e as que mantêm princípios e valores, teimam em ser interiormente livres ante as pressões de uma sociedade acrítica, e essas são julgadas como retrógradas e consideradas obstáculo à modernidade e seus postulados.
Não vi ninguém falar das esposas e mães que não abdicam de ser uma coisa e outra; das mulheres fecundas, espiritual e socialmente, dedicadas a causas a que dão vida; das jovens que, para viverem um ideal em que acreditam e poderem dar sentido à sua vida, têm de entrar na clandestinidade pessoal, porque, neste país democrático, professores, colegas e até familiares, põem a ridículo as suas legítimas opções e fazem tudo para desvirtuar os seus propósitos; das mulheres, transformadas em objectos diários de prazer de um machismo irresponsável, de gente importante ou que se julga tal; das que deixam tudo e partem para serem mães e irmãs em terras e missões difíceis onde o amor escasseia; das vítimas de leis que lhes tiram a palavra para a darem a prepotentes, que fazem da sua influência e dos seus interesses pessoais a sua força; das que são, pela sua oração e radicalidade de entrega a valores permanentes que não perdem cotação, os permanentes pára-raios de uma sociedade progressivamente extraviada…
E todas estas são mulheres. O Dia Mundial também lhes dizia respeito. Se as mulheres perdem a dimensão e a referência espiritual das suas vidas, a sociedade fica mais pobre, na família, no trabalho, na convivência… Quem as ajuda a ser mulheres, sempre e só mulheres.
António Marcelino

COMO OS HOMENS "VERTICAIS"


Cai não cai é o que muitos pensam. Até agora não caiu e já a conheço há muito. Não cai porque tem as raízes bem presas à terra. É como os homens "verticais". A idade e o cansaço da vida podem obrigá-los a ficar inclinados, mas mantêm-se sempre de pé, como as árvores!

Dia do Pai

Homenagem
“As árvores morrem de pé!” Poder-se-ia aplicar com toda a propriedade a esta criatura, pela sua postura, pelo seu modelo de vida,! O seu porte erecto, a sua verticalidade em todos os campos de actuação, a sua dignidade, não envelhecida pelo contágio das cãs que lhe emolduram o rosto, despertam a admiração que nutre por este homem, a sua orgulhosa descendente. Reúne toda a sabedoria que as suas quase nove décadas de existência, atravessando dois séculos, lhe consentem. Detentor de uma cultura e intelectualidade anacrónicas na época em que nasceu e cresceu, passeia-se na vida com a mesma frontalidade, com que sempre viveu. Soube respeitar os seus semelhantes, cumpriu até à exaustão os deveres familiares, sociais e políticos de que foi acometido. Pontualidade, dignidade, integridade, constituíram um valioso património humano que legou à sua prole. Recordo ainda, com muita vivacidade, a forma sábia, pragmática, com que resolvia problemas do quotidiano, que se lhe deparavam e que atestam os seus profundos conhecimentos de psicologia. De formação académica, possui apenas (!?) o exame da 4ª classe feito com distinção e rivalizava, em competência e aplicação, com a sua malograda companheira, que assinaladamente o abandonou, a 11 de Setembro do ano que ora terminou. O seu maior sonho fora o prosseguimento de estudos, numa instituição de ensino técnico, para alargar os horizontes e pôr a render os talentos com que a Providência o dotou. E… foram tantos! As suas responsabilidades laborais, desempenhadas por turnos, a sua jovem família rapidamente acrescida e o desejo veemente de que nada lhe faltasse impediram-no de concretizar esse sonho. Ostenta, ainda hoje, na panóplia de documentos que preenche a sua carteira, um cartão de matrícula na E. Comercial e I. de Aveiro, que exibe, num misto de nostalgia e orgulho. Tivesse Salazar dado a oportunidade, nos tempos que já lá vão, a algumas cabeças dotadas e outro galo cantaria! Se, na altura, existisse já a escolaridade obrigatória dos nossos dias, esta criatura teria ido longe. Foi-o mesmo assim, nos valores, na formação humana que transmitiu aos seus descendentes, aliados à oportunidade que lhes deu de singrar na vida, cada qual, à sua maneira. Todos venceram, para gáudio do progenitor! Recordo, ainda, a forma sábia, inteligente, como reagia e dava resposta a quem o interpelava. Quando me debatia com dificuldades e o desânimo se apoderava de mim, e devo confessar que muitas vezes esse violador de donzelas incautas, me possuiu... o pai, serenamente, numa atitude inteligente de dissuasão, respondeu imperturbável: - Deixa lá, minha filha! Não ficas sem trabalho! Tenho muitas terras para cavar! Nos estudos, que fazia na Faculdade de Letras, sentia esse desânimo quando me obrigavam a “imiscuir-me”, naquele maldito Fausto… em que a figura do Mefistófeles me dava voltas à cabeça. Aí, apetecia-me mesmo pôr-me a cavar e ir ter com o meu pai, à terra do tio Sam! Agora, à distância, tenho que agradecer, a Goethe, o seu precioso contributo, na decisão de acabar o curso! Tinha chegado a manifestar a intenção de desistir! Uff! Ouvi, engoli em seco e hoje, quem quer ver-me a cavar, no sentido literal do termo, é pelo amor à terra, à Natureza, ao bucolismo que a vida do campo me proporciona! Deambular pela horta, passear-me pelo ar quente e simultaneamente fresco e limpo, do pinhal adjacente, são a melhor terapia que posso ter encontrado para refrigério do meu cansaço intelectual... vulgo, stress!
Mexer nas plantas, na terra É p’ra mim um doce alívio! E com a verdade se encerra Eu gosto deste convívio!
E… o meu pai… não pretendeu mostrar a ninguém, muito menos à filha universitária, que era latifundiário!!! Na Gafanha, não os há! É uma realidade alheia ao povo das gafanhas!
M.ª Donzília Almeida