sábado, 22 de março de 2008

GERAÇÃO RASCA?

Há anos, alguém classificou a actual geração de “Geração Rasca”, para justificar alguns comportamentos fora do tom normal de muitos jovens. Nunca concordei com tal classificação, porque gente rasca houve sempre, através dos séculos, como é justo aceitar. E assim será nos tempos que correm. Há dias comentei aqui a violência que existe nas escolas. Outra realidade indesmentível. Também aqui podemos considerar que nunca faltou violência nas escolas, nas famílias, nos empregos, na rua, em todo o lado, em suma. Hoje, com frio e vento cortantes, não deixei de fazer a minha caminhada matinal. Seguia descansado quando senti três jovens que falavam num tom malcriado. Conversa cheia de palavrões, dos três rapazes saíram epítetos obscenos dirigidos aos pais uns dos outros. Coisa incrível, para mim, para quem os meus pais, como os outros pais, são pessoas sagradas. Deram-nos a vida e projectaram-nos para o futuro. O amor que lhes demos ou ainda podemos dar não pode ter limites. Para aqueles jovens, contudo, não é assim. Diziam dos pais o pior. E riam-se e acrescentavam, e concordavam… e repetiam... Horrível! Estes jovens são mesmo dos tais “rascas” com quem nos cruzamos na vida. Muitos outros, mas mesmo muitos, decerto a maioria, seriam incapazes destes dislates. Com estes exemplos, destes jovens e da aluna que violentou a professora, somos levados a pensar que a culpa é toda dos pais. Não creio. Pode ser dos pais, mas também é de toda a sociedade. Os jovens de hoje são, manifestamente, a meu ver, fruto das “tribos” a que pertencem e que ditam comportamentos, gestos, modas, tiques, códigos e leis. Quem não os seguir fica excluído e a luta para (re)ingressar no “grupo” passa a dominar o jovem marginalizado, levando-o a exagerar em tudo o que faz, para se mostrar digno da “tribo”. E os pais? Estão a leste disto tudo e, muitas vezes, sem capacidade para fazerem valer os seus valores. A sociedade tem de pensar em formas contornar esta dificuldade, sob pena de cairmos, então, numa geração sem princípios, sem leis, sem modos de gente civilizada. FM

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