domingo, 30 de setembro de 2007

Obra do Apostolado do Mar

Stella Maris, na Gafanha da Nazaré
Buarcos: Homenagem ao pescador

Caramulo

STELLA MARIS DE AVEIRO ABRE-SE A NOVOS HORIZONTES

Em jeito de balanço, podemos dizer que a Obra do Apostolado do Mar (OAM) continuou, neste primeiro semestre de 2007, a procurar novos caminhos de intervenção do seu clube Stella Maris nas áreas da ria e portos de Aveiro, apostando, especialmente, nos campos social, cultural e religioso.
A direcção, presidida pelo diácono permanente Joaquim Simões, optou, nessa linha, por conhecer, junto de dirigentes nacionais da OAM, formas diversas de valorização dos marítimos e seus familiares, sobretudo os residentes na região aveirense. Assim, seis elementos dos corpos directivos participaram num retiro, em Fátima, onde foi sublinhado o valor da solidariedade entre as famílias ligadas ao mar.
Com o mesmo objectivo de estabelecer laços solidários entre os membros da direcção e amigos da OAM da Diocese de Aveiro, realizou-se uma visita a Buarcos, para uma troca de impressões com o Padre Carlos Noronha, director nacional da OAM, e seus colaboradores. Os visitantes reconheceram a importância de uma instituição como esta, inserida numa freguesia piscatória e atenta aos problemas da comunidade.
A comitiva aveirense rumou seguidamente para a Serra do Caramulo. Num enquadramento natural, paisagístico e demográfico bem diferente das terras da laguna aveirense, um amigo do Stella Maris de Aveiro ofereceu um lanche na povoação de Pedronhe, do qual resultou um convívio muito salutar.
Porque se torna urgente dar a conhecer os objectivos concretos da OAM, nomeadamente através do clube Stella Maris, a direcção promoveu, ainda neste semestre, a celebração do primeiro ano da tomada de posse dos novos dirigentes. O encontro congregou, para além do Bispo de Aveiro, D. António Francisco, outros responsáveis diocesanos ligados ao sector, autoridades civis, funcionários e seus familiares, bem como amigos do clube, sobretudo os que, em momentos difíceis, se dispõem a ajudar este serviço diocesano.
No sentido de busca de conhecimentos e de procura de experiências que possam levar a OAM de Aveiro a abrir-se a novos horizontes, a direcção participou, em Junho, no XXII Congresso Mundial do Apostolado do Mar, promovido pelo Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. O Congresso decorreu em Gdynia, Polónia, e teve por tema “Em solidariedade com a Gente do Mar, testemunhos de esperança pela Palavra de Deus, a liturgia e a diaconia”.
F.M.

Recordando...

Gafanhoas na romaria da Senhora da Saúde

FESTA DA SENHORA DA SAÚDE

Ao ouvir os foguetes da Senhora da Saúde, lembro-me bem de que isso era um convite a corrermos até lá. Mas tal foi muito depois da foto que aqui publico, retirada da Monografia da Gafanha (edição de 1944) do Padre João Vieira Rezende, que foi prior da Gafanha da Encarnação, a que pertencia a Costa Nova, hoje paróquia, mas ainda ligada, civilmente, à mesma freguesia.
Os trajes, que presentemente pouco ou nada nos dizem, eram moda naqueles tempos e, decerto, bastante apreciados. Trajes de gente de trabalho duro, nos campos arenosos das Gafanhas, mas que hoje, apesar de bastante produtivos, estão um tanto ou quanto abandonados ou... cheios de casas e prédios que emolduram ruas e mais ruas. Outros tempos.

ARES DO OUTONO


OUTONO

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.


Miguel Torga



In “DIÁRIO”, 1968

Na Linha Da Utopia



IMPLOSÃO POLÍTICA?

1. Implosão? Certamente que não! Mas a conjuntura da eleição do líder partidário do maior partido da oposição confirmou como vamos andando. Claro que a actividade política, como fenómeno geral, não se esgota nos partidos, embora estes, com seus “aparelhos”, na hora da verdade, acabem por abafar outras opções. De quando em quando fala-se e vêem-se movimentos cívicos e mesmo outras novas formas de “participação” mas que, com pena, passado umas semanas, perdem a força por falta de estrutura própria acabando por ter vida breve.
2. O dizer-se que “cada país tem os políticos que merece”, além de ser comentário fácil e/ou mesmo de descomprometida analítica, sempre generalista, resulta em não acrescentar nada de bom e novo à realidade. Os fenómenos comunicacionais de hoje, que sobrepõem o entretenimento às questões de fundo (que o diga Santana Lopes na adiada Entrevista à SIC Notícias), acabam por ser o espelho de uma verdade cultural, da qual então se poderá dizer, isso sim, que “cada país tem os cidadãos que merece”, ou melhor: “cada país tem os cidadãos que tem (somos)!”
3. As recentes eleições do maior partido da oposição de feridas abertas merecem a maior atenção; como já antes haviam merecido a maior importância as eleições para a presidência da Câmara de Lisboa da qual saiu vitoriosa a abstenção. Tanto para os próprios como para o país, o “à deriva” confuso político-partidário é sempre sinal que deita a perder todas as boas intenções de todos. Fenómeno não novo e preocupante (por caricato) era tristemente interessante de observar na reclamação “ética” de ambas as partes, quando nenhuma delas tinha esse oxigénio vital de completa dignidade. Assim, não há condições!
4. Como edifício em implosão, diante de uma sempre inquietante abstenção cultural entretida, as bases de uma desejada credibilidade política vão ruindo. Não de fora, mas por dentro. Pior ainda! Mau para todos. Custando muito construir uma “torre”, num instante ela pode cair. Mas tudo continuará, a viagem humana sempre foi assim! Todavia, embora pareça interessante ao timoneiro do barco comum o desnorte alheio, não se pense que isso é bom… As eleições legislativas de 2009 trazem consigo o perigo da superconcentração do poder; isso sempre foi, no mínimo, menos bom (e por vezes mau)... A democracia real e dinâmica da liberdade precisa de oposições credíveis. Essa será a base saudável e autêntica de uma comunidade que sabe (con)viver com a diferença de opinião. Isso!

Alexandre Cruz

sábado, 29 de setembro de 2007

Postal ilustrado


MOLICEIROS MOSTRAM A RIA




Ali, no Canal Central, mesmo ao lado do Fórum, há sempre motivos que ilustram um qualquer postal ilustrado. Basta olhar daquele centro comercial, onde a maioria dos frequentadores procura algo que faz falta, para ver que tenho razão. Moliceiros que navegam, não ao sabor do vento, que costuma na ria encher as velas, nem das varas, que homens de garra antigamente (e ainda hoje, num ou noutro dia de festa) manejavam com arte e saber, mas a motor, levando turistas que se deliciam com a viagem, curta e saborosa. Experimentem, por favor.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

AS DÚVIDAS
DE CRENTES E NÃO CRENTES


As dúvidas de Madre Teresa de Calcutá quanto à existência de Deus parece que afligiram mais os não crentes do que os crentes.
Na obra recém-publicada Mother Teresa: Come Be My Light - Madre Teresa: vem e sê a minha luz -, com correspondência da religiosa célebre, aparece uma Madre Teresa em profunda crise espiritual, que chega a duvidar da existência de Deus. "O silêncio e o vazio são tão grandes que olho mas não vejo, escuto mas não oiço, a língua move-se durante a oração mas não fala", escreveu numa das cartas
:
Pode ler todo o artigo em DN

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Costa Nova em festa

Costa Nova. Foto antiga, como bem se vê


NOSSA SENHORA DA SAÚDE
ENCERRA ÉPOCA BALNEAR

Segundo a tradição, as festas em honra de Nossa Senhora da Saúde, na Costa Nova, com data marcada para o último domingo de Setembro, encerram a época de veraneio. Não está escrito em parte nenhuma, que eu saiba, mas na prática é assim. As aulas, as actividades profissionais e um pouco de frio, que não tarda aí, ditam a sentença.
Como é costume, não faltarão pessoas de todos os lados, de mistura com os naturais e com as gentes de Ílhavo e arredores, mais os gafanhões das diversas Gafanhas, para dar vida a uma festa enquadrada pela ria e pelo mar, todos à espera da bênção da Senhora da Saúde, que pode chegar a qualquer hora. Divertimentos com fartura, comes e bebes onde não pode faltar o peixe saboroso da laguna, missa de acção de graças e procissão pelas principais ruas da Costa Nova, de tudo um pouco haverá para animar o povo. Povo que convive, alegre e feliz, e que promete voltar, no próximo ano, para mais uma época balnear, na esperança, se possível, de que essa seja melhor do que a que termina neste domingo.

Na Linha Da Utopia

O Estado (da questão)

1. A liberdade anda perdida. A visão de liberdade que se proclama é mais a “exclusão neutralista” que o generoso acolhimento da diversidade valorativa. Para algumas mentalidades (pro)motoras, às quais a indiferença futebolística dá jeito, parece que ainda estamos na Revolução Francesa (1789), onde a “liberdade, igualdade e fraternidade” são unilaterais, só para alguns. A razão de Estado, até aí convergente e daí emergente, mais que acolher a riqueza da diversidade em dignidade da vida das pessoas, visa(va) impor o seu próprio modelo. Mais que uma liberdade que acontecesse na vida das pessoas, ela ganhava contornos de oposição bloqueadora da própria liberdade (pessoal e institucional). Pura ironia da história humana!
2. Qual o lugar das pessoas na decisão do Estado? Que margem de participação têm as pessoas a quem se dirige a lei aprovada? Quando legislação é sinónimo de imposição, temos a própria democracia em questão. Claro haverá a hierarquia de verdades, claro que nem tudo o que a maioria quer é automaticamente verdade com dignidade. A agenda do país está controlada, e nessa rede de (pre)ocupações tanto pouco lugar terão os excluídos da sociedade (sejam pobres sem curso ou com curso), como os que procuram cuidar o seu acompanhamento. Não sendo nenhuma diversidade proprietária de tudo, estes, conotados com isto ou com aquilo (esquecendo-se a agenda que o essencial é o serviço às pessoas), têm o campo de acção apertado, limitado, para fechar.
3. Pura ilusão, quando a razão de Estado asfixiará os próprios donos da agenda; eles também serão as vítimas da sua ilusão. Esquecem-se que as voltas da vida mudará os cenários e que um dia precisarão de cuidados médicos e, na humildade radical, de alguém que lhes dê uma “esperança”. O que faltará na profunda formação humana que nos venha, duma vez por todas, dizer que liberdade (não é exclusão da profundidade humana) mas será todos termos oportunidade de nos sentirmos em casa, cada um na sua diversidade de pensamento?! Há tanto a apre(e)nder! Mas até lá os estragos vão frutificando. (A última vergonha é o “afastamento” dos capelães hospitalares e da pessoa doente ter de “assinar” a sua vinda…! Para bom entendedor… Em liberdade, haja acolhimento de todas as perspectivas e não a sua exclusão. Para quê negar o próprio futuro?). Felizmente nem tudo (ainda?) é assim; mas a liberdade anda sem cor!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


BELEZA EM CONÍMBRIGA
Quem pode ficar indiferente a tanta beleza que os postais ilustrados de Conímbriga, com a arte bem visível de artista da civilização romana, nos mostram? Este chão, polícromo, diz tudo. E se dos postais ilustrados descermos à realidade, então muito mais teremos que apreciar. É certo que, num ambiente destes, longe dos barulhos que às vezes nos tolhem as ideias claras, ficaremos mais ricos e, quem sabe, mais serenos.

Um artigo de D. António Marcelino

MIOPIA LEGAL E LAICISMO INTOLERANTE


Foi publicamente denunciada a proposta de regulamentação da lei da assistência religiosa nos hospitais do Estado, apresentada pelo Governo. Segundo consta o capelão só poderá aproximar-se dos doentes que, por escrito e com a devida assinatura, solicitem a sua presença. Isto é inacreditável, por maior que seja a razão de tal proposta e o medo de que não sejam respeitados nas suas convicções aqueles quem sofrem.
Fui durante dez anos capelão de um sanatório do Estado. Mais de cem homens internados, todos eles oriundos dos distritos alentejanos, muitos já com os pulmões desfeitos pela grave silicose produzida pela poeira das minas onde trabalharam até lhes ser possível. Não sei se neste tempo algum descobriu o rosto de Deus e começou uma prática religiosa que nunca tinham tido. Sei, porém, que muitos experimentaram uma reconhecida força espiritual pelo calor da amizade que sempre lhes dediquei, quando me procuravam ou eu me aproximava para animar, dar conforto, ser uma presença amiga e familiar, muitos que a família que não podia visitar, pela distância e falta de recursos. Quantas cartas lidas e escritas, quantas confidências libertadoras, quantos apelos para solucionar problemas, prevenir situações, provocar reconciliações… Só quem está vazio de sentimentos fraternos, de afectos de humanidade e de solidariedade, só quem desconhece a realidade de quem sofre sem horizontes de cura, pode desvalorizar a força de uma palavra amiga, de uma visita gratuita por parte de quem, não era família de sangue, nem rosto conhecido. Só quem nunca sentiu a comunicação silenciosa de um gesto respeitoso quando o silêncio diz mais que as palavras, pode pensar que basta que o capelão do hospital seja como um bombeiro de serviço, à espera do pedido por escrito e assinado, para se poder aproximar da cama do doente. Para os laicistas associados até isto é de mais, porque para eles o lugar do capelão é a rua.
É a velha miopia moral de quem só enxerga até onde os olhos chegam. É o preconceito de quem vê na religião, qualquer que ela seja, um elemento deletério, que terá que terá de se aguentar, devido ao atraso de um povo inculto. É a pobreza de ideias e sentimentos de quem vê nos direitos humanos um favor generoso de quem governa.
Sabia que entre nós estão empobrecendo os sentimentos e as expressões de humanidade, mas não sabia que este empobrecimento era desejado e programado. Os doentes, assim se pretende, devem ser respeitados, mas segundo o crivo da lei interpretada a rigor. Agora os serviços públicos determinam o envio acelerado de equipas de psicólogos para apoiar famílias vítimas de calamidades, quando afectadas e fazem algumas vezes o mesmo para apoiar doentes graves dos hospitais Porque o Estado é laico, padres longe e psicólogos perto. Prefere-se o raro ao permanente, o espalhafatoso ao discreto, a lei à pessoa.
Ao longo da vida encontrei chefes militares a pedir que não tirem os capelães às forças armadas, directores de hospitais e de prisões a agradecer o trabalho extraordinário do capelão, responsáveis de escolas a lamentar que a aula de moral esteja a ser desvalorizada pelo governo e direcções regionais, com prejuízo para os alunos e para comunidade educativa. Isto não significará nada para quem faz as leis e as regulamenta?
É preciso ouvir o povo não apenas nas inaugurações com vivas, foguetes, presentes e placas com os dizeres que o ministro determina. Há que sentir o pulsar da vida, compreender as preocupações das pessoas, provocar a sua participação no que lhes diz respeito. Foram acaso ouvidos os doentes, as famílias, a gente dos hospitais? Quem serve não se pode dispensar desta tarefa. É fácil corrigir abusos, mas não tanto suprir as consequências de omissões, quando a própria lei as favorece.


António Marcelino

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Manoel de Oliveira


EXEMPLO PARA TODOS NÓS

“Aos 99 anos, o cineasta mais prestigiado do país continua a ter talento e vigor suficientes para produzir filmes que sustentam a ovação do público e o aplauso da crítica. Ao propor a candidatura da sua mais recente criação, Belle Toujours, aos Óscares, o Instituto do Cinema e do Audiovisual nada mais faz do que celebrar a sua arte. E o seu exemplo.”

In PÚBLICO de hoje
:
Quando muita gente muito mais nova do que o mais idoso cineasta vivo e em plena actividade se queixa por tudo e por nada, remetendo-se a um fazer nada doentio, o exemplo de Manoel de Oliveira tem de ser olhado com respeito e admiração.
Continuar a fazer filmes de qualidade, no pleno uso das suas capacidades artísticas e de inteligência, com quase um século de vida, manifesta uma grande força de viver, um grande amor à arte de que é mestre há muitas décadas e um prazer enorme em nos estimular a segui-lo, em qualquer canto e área profissional, social, religiosa, cultural e artística em que nos situemos.
FM

Na Linha Da Utopia

CLIMA, O PROCESSO!

1. Por estes dias um senador americano, Ernie Chamberes (do estado de Nebraska, EUA), apresentou um processo criminal contra “Deus”. A razão deste processo aberto no condado de Douglas é que, no pensar do jurista, “Deus” é o culpado pelas tragédias climáticas, tais como “inundações, furacões horríveis e terríveis tornados”. Nas terras do tio Sam em que tudo é possível, vem dizer, também, este processo, que a liberdade americana não tem limites, tendo mesmo a capacidade de apresentar um processo de tribunal contra “Deus”, esperando o jurista receber a resposta divina. (Há gente para tudo!)
2. Felizmente que este ridículo – tanto científico como teológico (na percepção sobre quem é Deus e sobre o que é a liberdade humana) - é facilmente destronado pelos comprovados dados científicos e (não sendo tal decisivo) mesmo pela opinião pública informada. O recente mega-inquérito da BBC em 21 países (a 22 mil pessoas) revela forte apoio popular no combate ao aquecimento global, sendo que a grande maioria sublinha ser preciso agir já e em escala global. A maioria das pessoas acha, assim, que o ser humano na sua ingerência é o responsável, não podendo os decisores (ainda que…) ficar de braços cruzados.
3. As verdades fundamentais não dependem nunca de inquéritos. Ainda assim, na base da razão e do bom-senso, o pensar colectivo hoje, felizmente, é de encarar a realidade, não desculpabilizando para outrem aquilo que é da responsabilidade humana. Bom seria que esse senador americano, em maturidade (humana, científica e teológica), não atirasse para a “serpente” aquilo que é determinado pela nossa liberdade (responsável ou não). E se ele fosse conversar com George W. Bush para “abrir” o entendimento do chefe de estado mais poluidor?! Assim não há condições!
4. Nestes dias o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, põe dezenas de chefes de Estado e de governo a debater estas questões na cidade cómoda de Nova Iorque. Não sabemos lá como estará o tempo, se chove granizo, vendaval ou não! Mas que o clima seja de decisão ambiental. Só ela compensa, só por aí teremos futuro. Não será preciso, sequer ver as verdades de All Gore para concluirmos que todos temos de mudar este paradigma de (sub)desenvolvimento ambiental. Quanto mais tarde, pior! (Vai doer mas terá de ser!)

Alexandre Cruz

Universidade de Aveiro


ESTUDANTES PRECISAM 
DE SER BEM ACOLHIDOS

Já lá vai o tempo em que havia um certo divórcio entre os estudantes da UA e a cidade. Gente nova que vinha para Aveiro e que não recebia da população o acolhimento que merecia. Por alguma indiferença de ambas as partes e porque muitos alunos, com as suas irreverências, perturbavam, de algum modo, o quotidiano das pessoas, sobretudo durante a noite. Hoje, que eu saiba, tudo está mais normalizado, havendo um bom relacionamento entre os aveirenses e os estudantes que vêm de outras regiões do País e até do estrangeiro.
Criaram-se estruturas universitárias e outras que programassem a integração de quem chegava, e Aveiro habituou-se a sentir que a UA era uma mais-valia para cidade. Até a Igreja Católica, numa visão clara da sua missão de acolher bem o migrante, construiu um espaço de raiz, o CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), para acolher quem, de alguma forma, possa sentir-se um pouco desenraizado.
Nesta altura em que a UA inicia mais um ano lectivo, penso que nos fica bem olhar, no dia-a-dia, com simpatia e estima os estudantes que optaram pela universidade aveirense. E se pudermos ajudar quem sente algumas dificuldades na integração, tanto melhor.

FM

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

ARES DO OUTONO


BEM-AVENTURANÇA


Há frutos de Setembro
no teu olhar
quando os lábios da noite
se cerram, aveludados.

Uma serena fulguração
brota então dos teus dedos
crescendo
como um fio de lua.

No teu rosto poisa
a bem-aventurança,
asa branca
de água e silêncio.

E uma quietude perfeita
respira na rosácea pura
do teu corpo,
como um aroma de maçãs.

Eugénio Beirão

In “Pétalas e Rubis”

Governo tem de olhar para o povo

O espiritual não terá lugar
nas sociedades de hoje?

É sabido que o Governo está a procurar alterar a legislação em muitos sectores, nomeadamente na Saúde e na Justiça. Diga-se, para já, com protestos vindos de todos os quadrantes políticos, inclusive do próprio partido que sustenta o executivo de José Sócrates. É legítimo que o faça, em obediência ao mandato que recebeu dos portugueses e às exigências que o défice das contas públicas impõe, já que caminhávamos, a passos largos, para o caos económico e financeiros. Importa, porém, questionarmo-nos sobre os limites que o Governo deve ter em conta, pois não se pode, de um dia para o outro, deitar a casa abaixo para depois se construir outra casa descaracterizada e onde não caiba toda a família.
Hoje e aqui gostaria de abordar uma consequência das leis em construção ao nível da Justiça e da Saúde, leis essas que pretendem relegar para segundo plano a importância do espiritual. Os padres da Igreja Católica e os ministros de outras confissões religiosas ficariam sem condições dignas para prestarem apoio às pessoas internados nos estabelecimentos prisionais e nos hospitais públicos. Quando o legislador pretende sugerir, por exemplo, que o apoio espiritual tenha lugar apenas durante o horário das visitas, em horas de alguma agitação, e a requerimento dos internados, vê-se logo que não faz a mínima ideia do que é uma missão dessas. Deve ser uma pessoa que nunca na vida precisou de ajuda a esse nível e que nem sequer reconhece o valor do espíritual e do religiosos na construção do homem todo e de todos os homens.
Há quem defenda que o legislador tem de ser um pouco cego, frio, insensível, posicionando-se acima de tudo e de todos. Não posso admitir tal posição. Legislar contra a maré, contra as pessoas reais que constituem, há séculos, este nosso País, indiferente aos seus valores e tradições, à margem do bom senso, é destruir a alma do povo que somos. Será, então, que o espiritual não terá lugar nas sociedades de hoje? Será que o Governo não quer olhar para o povo?

Fernando Martins

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


AVEIRO É NOSSO!

1. Que seria de Aveiro sem os estudantes?! Esta pergunta simples – feita no presente – conduz-nos à visão que, ao longo de mais de três décadas passadas, faz hoje de Aveiro uma “cidade dos estudantes” voltada para o futuro.
A “hora” é a do melhor acolhimento de todos, no esforço dedicado de bem receber aqueles que chegam pela primeira vez e os que continuam o seu estudo. Associações de Estudantes e todos os múltiplos serviços abrem a casa para que todos (os que vêm de todo o país e de muitos outros países) se sintam em casa.
2. É formidável sentir o grito da cor e da expectativa dos que pela primeira vez abarcam em Aveiro. Do seu grito “Aveiro é nosso!” sente-se a rápida identificação e o gosto de logo viverem os ares desta dinâmica região aveirense.
O passar do testemunho das tradições da “faina académica”, especialmente também em tempos de curso mais concentrado (Bolonha) afirmar-se-á como tarefa fundamental para uma pertença dinâmica na vida de uma desejada comunidade plural aberta aos saberes universais.
3. Aos estudantes (que são a razão de ser e o centro de referência das instituições de ensino e do seu múltiplo acompanhamento), hoje é colocada em suas mãos a oportunidade de um curso que é sempre uma responsabilidade social.
Um curso que nunca será uma meta em si mesmo, mas aquela “ferramenta” para depois continuar a aprender fazendo. Por isso, será tanto maior o sucesso quanto a vida do curso tiver lugar para as mais variadas experiências de vida, criatividade e de serviço à comunidade.
4. Os números europeus não nos são famosos: os estudantes portugueses são dos que menos participam na vida social e cultural da comunidade. É um facto, é um hábito (ainda) que habita as entranhas de muita da nossa cultura portuguesa, onde o deixar andar é regra.
Tal como “Aveiro é nosso!”, venha esse “choque cultural” de uma dinâmica motivação, pertença e presença, na vida cultural muito para além da especialidade de cada um...Quanto mais conhecermos, melhor serviremos!

Alexandre Cruz

Ares do Outono




Ó minha terra, nos crepúsculos de outono!
Nuvens do entardecer, doiradas ilusões,
Quando fala comigo a alma do Abandono,
E o vento reza, no ar, penumbras de orações…

Teixeira de Pascoaes

In “Versos Pobres

Postal ilustrado — Castelo de Montemor-o-Velho



Nas minhas andanças de férias registei, para mais tarde recordar, sítios, monumentos, paisagens, pessoas, de tudo um pouco, afinal. O Castelo de Montemor-o-Velho é, todo ele, um monumento que nos desafia a memória do que lemos e ouvimos da História de Portugal. Se gostarem destas coisas de que eu gosto, aqui fica a sugestão para um fim-de-semana qualquer.

Eleições no PSD

A SER VERDADE… Ribau Esteves, porta-voz de Luís Filipe Menezes para as eleições à liderança do PSD, acusou alguns responsáveis do seu partido de irregularidades, ao nível dos prazos de pagamento das quotas, o que afecta, obviamente, os cadernos eleitorais. Sublinhou que o PSD, com atitudes destas, que estarão a favorecer Marques Mendes, está a viver o período mais negro da sua história. E acrescentou que estes compor-tamentos "descredibilizam" o partido. Todos sabemos que os partidos políticos são fundamentais à democracia. Sem eles, não há democracia. Os partidos são a base de projectos que podem conduzir, grosso modo, a sociedades justas. Exercem um papel pedagógico altamente importante junto das populações, na defesa daquilo que consideram o mais válido para se atingir a meta de mais justiça social, de mais paz, de mais harmonia entre as comunidades. Contudo, de vez em quando surgem notícias que mostram que algo vai mal nos partidos. As suas contas não batem certo, os seus financiamentos têm sombras complicadas e os relacionamentos democráticos, dentro dos próprios partidos, estão longe daquilo que defendem e apregoam. Como é o caso, agora, das eleições no PSD, conforme denunciou Ribau Esteves, que ameaça recorrer ao Tribunal Constitucional. A ser verdade tudo isto, como é que poderemos acreditar em alguns políticos? Fernando Martins

Um artigo de António Rego


UM RAMO DE AMENDOEIRA


Parece mais fácil semear o terror que a esperança. E o caos pode tornar-se mais sedutor que a harmonia. A dualidade do homem, a aparente cegueira da natureza, a explosão primária de instintos destruidores, a aparente lentidão do avanço do que é bom e belo, conduz a muitas leituras desencantadas do mundo, da história e do homem, tido muitas vezes como um dependente incurável do instinto.
Não é preciso vaguear pelos planetas da abstracção. Basta ler os jornais, ver e ouvir as notícias. Não raro se desprende a náusea da onda opaca e sufocante dum mundo que teima em não encontrar o rumo. Aos solavancos, a ciência e a técnica vão revelando e reabrindo sulcos. Mas o homem, o ser humano, parece marcar passo num lamaçal de violências, injustiças e desordens. Ao peso esmagador dum pecado original de que não consegue libertar-se.
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Para ler todo o artigo clique aqui

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


SERINGAS E CAUSAS

1. Este mundo não é mesmo o melhor dos mundos, é o mundo possível. Mas as soluções para os problemas sociais, tanto não poderão perder o contacto “cru” com as realidades como não se poderá decidir na base de um pragmatismo que se esquece de iluminar as razões das problemáticas existentes. O caso do Programa Específico de Troca de Seringas (projecto-piloto, experiência), aprovado no Parlamento há meses ao fim de 15 anos de discussão é o espelho desta mesma ansiedade da história e da gestão do bem comum.
2. Não sabemos se se deve ou não realizar esta troca de seringas nas prisões (se será o mal menor ou não), mas o que nos parece é que vivemos um tempo em que a gestão do que é comum (e nisto, mesmo os dinheiros públicos) são aplicados talvez mais nas consequências (e por isso nas coisas) que nas “causas”. É certo que, com realismo, todas as palavras dos bons costumes pouco valem em contextos onde a própria humanidade pessoal está, porventura, deteriorada, sem capacidade de fortalecer uma vontade libertadora do pesadelo da droga. Mas, persistimos que o investimento fundamental – mesmo como “sinal social” - deverá ser na formação.
3. Os ecos não se fazem esperar. Das perto de 13 mil pessoas presidiárias em Portugal, quase um terço vive o contacto com o flagelo da droga. Nestes dias, testemunhos de antigos reclusos viventes desse ambiente sublinham tanto o erro da troca de seringas, como, por semelhança, a bebida ao alcoólico e a cada um a sua dose de vício. E ainda, a tão simples pergunta habitual: as pessoas que toda a vida sempre lutaram e vêm-se na necessidade de esperar anos por cirurgia, que sentem destes prontos investimentos em seringas, no aborto,…?
4. É certo, cada coisa no seu lugar, cada problema a sua decisão; e talvez ser um país moderno seja assim mesmo! Mas se este investimento propagador existe, então haverá que olhar mais e melhor, em coerência, para os investimentos fundamentais, tanto da acção social (dos pobres aos desempregados que têm famílias para alimentar), como para aprofundar sobre a função educativa e pedagógica dos espaços presidiários. Enquanto “isto” não agarrarmos continuamos pela rama, em feitiços (de droga) que se podem virar contra os feiticeiros. O terreno é pantanoso!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


MAR DE BUARCOS
- Apanha de marisco
Há hábitos que permanecem nos nossos genes. Penso que a pesca é um deles. Quando a maré baixou, os veraneantes, que antes estavam a apanhar um pouco de sol, no areal ainda escaldante, correram para as pedras, na ânsia de recolherem qualquer coisa que se comesse, na hora da merenda de um dia de Verão. Não seria, decerto, por fome, mas pelo prazer da apanha. E então lá andavam, atarefados, a ver quem mais enchia o saco de plástico de marisco.

domingo, 23 de setembro de 2007

Jacinta na RTP2

PARA SE GOSTAR DE JAZZ,
É PRECISO OUVIR…OUVIR… OUVIR

No domingo, 23, no Jornal da RTP2, Jacinta, cantora de jazz de projecção internacional, falou do seu novo disco, uma homenagem a Zeca Afonso.
A música do Zeca “encanta” e nela estão bem patentes raízes árabes e africanas que a enformam, disse Jacinta, que se encontra na fase de lançamento do seu novo disco, em nova editora. A riqueza da estrutura melódica daí extraída fala por si, referiu Jacinta, adiantando que a beleza do jazz está em pegar num tema famoso, para o levar mais longe. “Estamos a fazer isso com o Zeca”, afiançou.
Com este trabalho, garantiu que está a apostar num estilo mais moderno, num estilo “mais frio e seco”, saindo um pouco do jazz clássico americano, para outras abordagens, "mais madura e com muita consistência". Acredita que este disco a vai lançar mais em Portugal, acrescentando que nele estão as raízes portuguesas, com o fado sempre presente, de mistura com a “frescura” da música do Zeca.
Para os portugueses começarem a gostar mais do jazz, é preciso “ouvir… ouvir… ouvir”, já que só se pode gostar daquilo que se conhece. E para conhecer é preciso ouvir.
Com a música clássica no coração, pois foi por aí que começou na Universidade de Aveiro, Jacinta mantém projectos para a composição, decerto para um futuro próximo. Aliás, confessou que já tem trabalhado nessa área, sobretudo em arranjos de músicas que canta.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


DIFICULDADES DA IGREJA
NO MUNDO ACTUAL

Tudo começa com um equívoco. Hoje, quando se fala da Igreja, é numa gigantesca instituição e nos seus altos e médios hierarcas que de facto se pensa: Papa, bispos, padres. Já se esqueceu que, no princípio, não era assim, pois Igreja significava a reunião das Igrejas, entendidas como assembleias dos cristãos congregados em nome de Jesus.
Foi com Constantino e Teodósio que tudo se modificou, quando o cristianismo se tornou religião oficial do Estado e a Igreja acabou por transformar-se numa instituição de poder. Desde então, de um modo ou outro, espreitou o perigo de esquecer a Igreja enquanto comunidade dos fiéis a Cristo, que caminha na fé e na tentativa de actualizar no mundo o reinado de Deus a favor de todos os homens e mulheres, sobretudo dos mais pobres e abandonados, para sublinhar sobretudo uma Igreja-instituição, hierarquizada e poderosa. Quem congrega é menos Jesus do que a hierarquia, e a fé está mais dirigida ao dogma do que à pessoa de Jesus e ao Deus salvador.
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Todo o artigo em DN

LIBERDADE

No PÚBLICO de hoje

LIBERDADE, de Vieira da Silva, devolvida ao público em Aveiro


Depois de ter permanecido em depósito durante mais de uma dezena de anos, Liberdade, a pintura que Maria Helena Vieira da Silva doou ao Estado português por alturas do 10º aniversário do 25 de Abril, vai voltar a estar, em breve, ao alcance do olhar do público. A peça será exposta no Teatro Aveirense, por ocasião das comemorações do Congresso Republicano de 1957, no próximo dia 6 de Outubro.

Datada de 1984, a pintura alusiva à revolução dos cravos integra o acervo artístico que a Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura entregou à guarda da Câmara Municipal de Aveiro e da Universidade de Aveiro - em regime de comodato - e tem vindo a ser alvo de trabalhos de restauro. "Estava em muito más condições, mas, juntamente com o centro de conservação e restauro da Câmara de Comércio Italiano, temos conseguido fazer um bom trabalho", nota Maria da Luz Nolasco, directora do Teatro Aveirense (TA).

Leia o artigo de Maria José Santana, na página CULTURA

ARES DO OUTONO


OUTONO

Outono
Quem diria que viria
num domingo
de alegria
e de ternura

Outono
Quem diria que me traria
logo hoje
a saudável bonomia
que não esperava

Outono
Veio de mansinho
pé ante pé
a dizer devagarinho
que é hora de chegar

Outono
Veio como esperado
para a folha caída
para o sorriso desmaiado
de quem está sem norte

Outono
Reflexo de vida
no sol poente
na manhã sofrida
no entardecer

NOTA: Por lapso, não indiquei a autoria deste poema. Se alguém souber, agradeço informação.

Na Linha Da Utopia

O calcanhar do Chelsea 1. Factos são factos. O famoso treinador saiu e um novo treinador entrou. Nada de especial nestas lides do futebol comércio (escândalo com espectáculo), não fosse todo o historial de vitórias inéditas a par da estratégia mediática sempre no fio da navalha, mantendo (em polémicas ou não) cada dia a chama acesa. Assim, muito mais que um simples treinador, este caso envolve tudo o que se poderá considerar como comunicação, inteligência e emoção pública, num país onde o futebol é a própria metáfora original da nação inglesa. 2. O milionário presidente russo do clube londrino é que não compreendeu o jogo onde se meteu. Talvez melhor fosse que o seu jogo económico também fosse mais “limpo” (pelo que parece a sua fortuna petrolífera não lhe permite voltar à justiça da Rússia). A certa altura, quem só sabe lidar com milhões de dinheiro acaba por nada entender do que são as emoções mediáticas, não sabendo ler como actuar. É o caso. Os adeptos adoram (é isso mesmo, é mau, mas é verdade, “adoram”) o treinador que por sua vez sabe lidar com eles e com todos; o treinador que se demite. É o fim! 3. E o futuro? É incrível mas é mesmo assim, o treinador “special” que sai continua a somar milhões, ora no bolso próprio ora na algibeira dos apostadores da (e do) capital. O treinador que entra, aflito, diante de adeptos que querem o seu “pescoço”, aguarda pelos golos dos jogadores que já não querem jogar à bola. Até onde irá o jogo do presidente do clube ex-campeão? Mais que o treinador, o presidente mudo concluirá que em todo este processo ele escolheu ser a vítima favorita dos adeptos. Quanto mais José Mourinho se mostra “livre”, mais Avram Grant (novo treinador) treme e mais ainda o riso do presidente Abramovich se converterá em fuga. Enquanto é tempo e os adeptos deixarem!
Alexandre Cruz

sábado, 22 de setembro de 2007

ERA DO SENTADO



DEPOIS,
QUEIXEM-SE…


Depois da já longínqua era industrial, veio a era da comunicação. De permeio outras surgiram. E de há uns anitos para cá temos a era do sentado.
Pois é verdade. A era do sentado leva-nos a passar grande parte do dia abancados em qualquer canto. Haverá sempre quem, por temperamento ou por profissão, tenha que andar de um lado para o outro. Mas a norma, que está a generalizar-se, é passarmos grande parte do dia sentados.
Logo de manhã, tomamos o pequeno-almoço à mesa, sentados. Depois, de carro, sentados, arrancamos para o emprego, onde nos espera, a grande maioria das vezes, uma actividade que nos obriga a estar numa (des)confortável cadeira. A seguir vamos almoçar a casa ou a outro sítio qualquer, de carro, mesmo que esse sítio fique a escassas dezenas ou centenas de metros. Comemos sentados e apressados saltamos para o volante. No emprego repetimos a dose da cadeira. E no fim do dia de trabalho, cansados de tanta cadeira, regressamos a casa, onde um sofá nos convida a descansar das agruras do trabalho exaustivo que tivemos durante umas boas horas. Um lanchezito, talvez sentados, e logo a seguir a televisão, sentados, porque noutra posição não se vê bem. Na janta, abancamos mais uma vez e o serão, na televisão, outra vez, ou na Net, vai ser bem vivido na posição já habitual de sentados. Ainda há quem passe pelas brasas num convidativo sofá. Na cama é que estamos, de facto, deitados.
Toda a gente entendida em questões de saúde (cada um de nós tem um pouco de médico e de louco) garante que precisamos de caminhar. O coração, os músculos e os nossos pulmões, que gostam do ar puro, convidam-nos a caminhar. Porém, poucos aderem a essa necessidade.
O Dia Europeu Sem Carros, que hoje se vive, é um convite à mobilidade. Temos, realmente, de caminhar. Quem não caminha arrisca-se a sofrer disto e daquilo. Se não o fizermos, depois não nos podemos queixar.
Boa saúde
F.M.

DIAS POSITIVOS

O PODER DE SCOLARI Mário Soares um dia disse que era patriota sem ser nacionalista. A distinção é tão simples quanto necessária e luminosa. Ser patriota sem ser nacionalista é como alguém reconhecer que os seus pais são os melhores do mundo, sem excluir que outros pais também o sejam para outros filhos. Disse pais, não país. Mas “pátria” vem de “pater”, pai. Depois veio Scolari, e fez o que nenhum político conseguiu, em parte, penso eu, porque estava do outro lado do Atlântico antes de 1974. Quando cá chegou, pôde invocar os símbolos da nação sem ver pairar sobre si próprio os fantasmas da ditadura. Pôs o país a vestir-se de verde e vermelho (apesar de serem “cores que não combinam bem”, como dizia a minha professora primária) e reconciliou-nos com o Hino e Bandeira. O que ele fez na passada quarta-feira, a agressão ao jogador sérvio, mesmo que só tentada, mancha qualquer currículo, embora a memória colectiva seja cada vez mais curta e o povo português esteja disposto a perdoá-lo em troca da qualificação e de uma boa figura na Áustria em 2008. De qualquer forma, gostava de adiantar um elemento em defesa de Scolari. Poucos dias após o Euro 2004, num bairro lisboeta, vi quatro ou cinco crianças de origem africana a cantar o Hino Nacional enquanto brincavam. Pareceu-me evidente: “O poder da selecção na era Scolari”. J.P.F.
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In CV

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dia Mundial Sem Carros

Casa de Ílhavo. Foto da HERA

À DESCOBERTA
DE PEQUENOS E GRANDES TESOUROS
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Amanhã, sábado, 22 de Setembro, Dia Mundial Sem Carros, será inaugurado mais um percurso realizado no âmbito da parceria CMI-HERA-GEMA. Trata-se do percurso urbano "Cidade de Ílhavo". Um agradável passeio de cerca de seis quilómetros (duas horas de passeio), que será efectuado com o acompanhamento de um guia da HERA, pelas ruas da Cidade, à descoberta dos grandes e pequenos tesouros históricos, artísticos e naturais. O local de encontro será a Rua Direita, em Ílhavo, pelas 16h30.

Para mais informações: http://www.heraonline.org/

Fórum::UniverSal

No CUFC – 10 de Outubro,
às 21 horas


MARÇAL GRILO NO CUFC PARA FALAR SOBRE A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE QUE TEMOS E QUEREMOS

Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação e actual admi-nistrador da Fundação Calouste Gulbenkian, vai estar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), no próximo dia 10 de Outubro, pelas 21 horas, para falar sobre o tema “Que Educação/Universidade(s) temos e queremos?”. A moderação é do Prof. Catedrático da UA José Manuel Moreira. Trata-se de uma iniciativa aberta a toda a gente, em geral, e a universitários, em particular.
Esta acção insere-se no projecto Fórum::UniverSal, que se desenvolve todas as primeiras quartas-feiras de cada mês, sendo a organização do CUFC e da Fundação João Jacinto de Magalhães / Editorial UA.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Dia Europeu Sem Carros 2007



BOM USO
DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

A Câmara Municipal de Ílhavo adere pelo 6º ano consecutivo ao Dia Europeu Sem Carros (22 de Setembro). Queremos manifestar neste dia um gesto renovado de alerta e sensibilização de todos para o bom uso dos espaços públicos das nossas Cidades e do nosso Concelho, com especial atenção para as Estradas.
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Ver programa

Futebol sem adeptos nos estádios

Estádio Municipal Mário Duarte, em Aveiro.
Foto de Stadionwelt.de


ESTÁDIOS DE FUTEBOL ÀS MOSCAS

Ouvi e vi na televisão e li em jornais que o último jogo de futebol entre o Beira-Mar e o Penafiel teve apenas 600 espectadores. Consultado um jornalista amigo que esteve lá, não terão sido 600, mas cerca de dois mil adeptos do futebol. O estádio, confirmou-me, só enche com o Benfica, Porto e Sporting. Normalmente tem pouca gente a assistir aos jogos, sendo certo, referiu o meu amigo, que o Beira-Mar, mesmo assim, ainda é dos que têm maior assistência, depois dos grandes. Disse-me, também, que em Aveiro há um certo divórcio entre os aveirenses e o Beira-Mar, por razões difíceis de compreender. Agora na Divisão de Honra, a situação tende a piorar.
Isto tudo leva-me a dizer que algo vai mal e que a megalomania cometeu erros clamorosos. Como é possível avançar-se para um estádio destes, em Aveiro como noutras cidades, quando é conhecido que não haveria garantias de grandes assistências nos jogos, que justificassem as muitas despesas? Será que o Estádio Municipal de Aveiro foi feito simplesmente por vaidade, isto é, para termos a honra de assistir a uns três jogos do Europeu de Futebol, sabendo-se que a seguir iria ficar às moscas? Para despesas tão grandes, não seria bom proceder-se a estudos que explicassem a viabilidade do projecto? E agora, quem paga as despesas de manutenção, que estão, segundo me informaram, na ordem dos 500 mil euros por ano?
Isto de se gastar, para além das posses de cada um, nunca deu bom resultado. E se soubermos, como todos sabemos, que há inúmeras carências, em tantos sectores da sociedade, então mais temos que pesar bem onde se gasta o dinheiro e como.

Jacinta


CANTORA DE JAZZ JACINTA
CONTINUA EM GRANDE
:
O PÚBLICO de hoje apresenta a cantora de jazz Jacinta, a propósito do seu último CD com músicas de Zeca Afonso. Porque a admiro e porque sei que muitos dos meus amigos também vibram, como eu vibro, com os seus êxitos, aqui divulgo a entrevista que ela concedeu ao diário de referência que leio, normalmente, todos os dias.
Uma página inteira, no segundo caderno, pode ser lida no PÚBLICO online, em Cultura.

Na Linha Da Utopia

Escola, pais e filhos 1. Esta é uma relação fundamental. Sem ela o processo educativo ficará a meio do caminho. Mas, a par de tantos outros factores, devemos ainda, nos nossos dias, corresponsabilizar as sociedades civil e da informação e comunicação (hoje global). Todos estes actores, seja na escola pública ou privada, na sua intervenção essencial, revelam-se decisivos para uma coerência (e convergência) interna em ordem a conseguir passar uma mensagem que da “instrução” agarre o todo da pessoa em processo de “educação”. 2. Particularmente, desperte-se para a necessária mudança de mentalidade (que muitos pais ainda têm sobre a escola/educação) de que isso de “educar” é coisa entregue à escola, tal como a formação pessoal mais profunda (mesmo espiritual) está entregue ao local onde se deixam os filhos. É certo que os novos contextos sociais, mesmo tecnológicos a par da sublinhada “falta de tempo”, desafiam grandemente a missão dos pais em educar. Por isso mesmo, e por todos os motivos que se possam apresentar, cada vez mais torna-se imprescindível a sua presença e persistência neste ideal. 3. Pais e educadores atentos e com interesse para com os seus filhos e educandos, especialmente nos anos da formação inicial, representam hoje o segredo de uma vida futura com sentido (pessoal e social), capaz de posterior intervenção cívica. Todo o esforço na educação representa, para cada casa como para cada comunidade, o maior tesouro, na certeza de que “um dia” colhe-se os frutos da atenção cuidada ou os males do desinteresse de quem só vai buscar as notas ou é “parte do problema”. 4. Mesmo com os ansiosos e naturais contextos de dispersão sempre presentes, com o novo ano escolar, seja renovado todo o compromisso de convergência no sentir que cada gesto e cada palavra é um irrepetível “semear” de princípios, critérios e valores. Nesta tarefa, conhecermo-nos (Escola, Pais e Filhos) é a estrutural rampa de lançamento!... Apesar de tudo, haja (o Ser e o) Tempo, é essencial! Alexandre Cruz

Um artigo de D. António Marcelino

LAICISMO NEUTRO
OU IMPARCIAL?
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A cerimónia de tomada de posse do Dr. Mário Soares como Presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, órgão consultivo do Governo e do Parlamento, permite alguma reflexão a propósito do que então se disse e de aspectos concretos da acção da referida Comissão.
Não oferece dúvidas, como aliás ele próprio o afirmou de novo neste acto solene, que Mário Soares, com a sua visão cultural e histórica, é sincero quando afirma: “Reconheço a relevância da religião e das instituições religiosas no mundo conturbado de hoje, onde o fenómeno religioso retomou uma enorme importância”, acrescentando que é necessário “desenvolver o diálogo ecuménico para evitar conflitos de natureza religiosa, o que seria um recuo civilizacional de uma gravidade tremenda”. Todas estas afirmações se enquadram na afirmação, que lhe é muito cara, da sua condição de “agnóstico e laico”, encontrando nesta condição a “garantia” de se manter “neutro em matéria religiosa” e à frente da Comissão a que é convidado a presidir.
Aceito, sem constrangimentos, as vantagens da Comissão, sempre vantajosa e útil para a aplicação equilibrada da Lei da Liberdade Religiosa. Deixou-me alguma perplexidade a confissão de que, por ser agnóstico e laico, era garantia de neutralidade nesta matéria.
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Leia todo o artigo em CV

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ares do Verão


FLAMINGOS NA RIA DE AVEIRO
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Os flamingos andam pela Ria de Aveiro, mas é preciso ter olhinhos para os captar com arte. José Carlos Santos tem o que falta a muitos: sensibilidade para captar com a sua objectiva o que nem todos vêem. Uma sequência feliz foi publicada no ABRUPTO.

Festas religiosas





A CULTURA DEVE ESTAR PRESENTE

A propósito das festas em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, que se realizaram no último fim-de-semana, foram publicadas duas pequenas brochuras que reputo de importantes. Importantes porque, para além do que é habitual em festejos semelhantes, nos oferecem elementos culturais que enriquecem quem os lê. A primeira brochura tem por título “MAR e RIA abraçam SANTA MARIA” e a segunda “FESTAS EM HONRA DE Nª SRª DOS NAVEGANTES”.
Na primeira, o leitor tem acesso a diversa informação histórica: “A Ria e a Barra”, “De Ovar a Mira em Terras de Santa Maria”, “A Lenda das origens de Santa Maria de Vagos”, “Devoções Populares”, “Da Nossa Senhora da Nazaré à Senhora dos Navegantes”, “Outras Devoções Marianas” e “Hoje, nós…” são os capítulos que nos oferecem alguns pormenores de grande interesse histórico. Bem ilustrada é um pormenor a ter em conta, o qual nos leva a uma iconografia que nem todos conhecemos.
Na segunda, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré oferece-nos um pequeno mas elucidativo historial dos grupos e ranchos folclóricos que se associaram à festa, participando na procissão, na Eucaristia e, depois, no festival de folclore.
Penso que é de sublinhar a relevância destas brochuras. São documentos que ficam para a história das comunidades, tanto por relataram para a posteridade o que se fez e com quem, como por nos disponibilizarem pormenores e relatos que nos foram legados pela história, escrita ou oral. Com isto, mais se valorizam as festas religiosas e outras. Ficar-se somente pelo trivial, muitas vezes com artistas (?) e música de fraca qualidade, acho que se está a perder tempo e a gastar dinheiro em vão.

Fernando Martins

Na Linha Da Utopia

Código Penal e…? A 15 de Setembro entrou em vigor a revisão do Código Penal. O alarme foi dado com o facto de muitos presidiários preventivos verem, agora, as portas abertas, podendo regressar à sociedade. São membros de pleno direito da comunidade e o seu regresso, matéria tão complexa quanto geradora de múltiplos sentimentos, é um facto. Estarão preparados? Estará a sociedade portuguesa preparada? Que preparação, renovação de vida e reabilitação pessoal, tem a pessoa presidiária nos estabelecimentos prisionais? Sem ‘afunilar’, em matérias de grande amplitude (tratando-se de área de especialidade de extrema complexidade), destaque-se que a revisão do Código Penal, reforça a protecção de vítimas indefesas, de menores e dos crimes sexuais; torna crime o tráfico de pessoas para exploração sexual, a exploração do trabalho ou a extracção de órgãos; também o combate aos crimes contra o ambiente e incêndios florestais sai reforçado. Ainda, lá está contemplada a burla, corrupção e a responsabilidade penal das empresas, sociedades civis ou comerciais, face a um vasto conjunto de crimes previstos no código. Mas, indo ao centro da questão, destaque-se que no Código são aumentadas as penas alternativas à prisão (até um ano em regime de permanência na habitação, com vigilância electrónica), e mesmo é previsto o alargar da aplicabilidade da substituição da prisão por trabalho a favor da comunidade. Na generalidade, boas notícias, assim exista uma preparação social consciente da parte de todos os actores envolvidos. E é aqui que o assunto fica “torcido”! Todas as previsões são o ideal apontado que pressupõe a plena consciência de presidiário, instituições e sociedade. Que bom seria que esse mundo existisse! (E como o preparamos?!) Entre tudo se poderá dizer ou não considerar em assunto tão complexo, parece, todavia, que uma área continua por merecer a preocupação essencial: como reabilitar a pessoa presidiária? A este respeito talvez a revisão do Código Penal manifeste mais uma preocupação criminal que a visão de justiça como pedagogia. Não seria possível mais e melhor? Alexandre Cruz

JARDIM OUDINOT

SERÁ DESTA VEZ?

Já nem sei há quantos anos se prometeu a requalificação do Jardim Oudinot. Só sei, e disso tenho a certeza, que as primeiras promessas vieram aquando da apresentação dos estudos para a implantação, nos locais onde hoje estão, os Portos Comercial e de Pesca Costeira. Nessa altura, para tranquilizar as populações, foi dito que o velho Jardim Oudinot ficaria com alterações significativas, que lhe dariam grande dignidade. Os tempos foram passando, tal como foram adiando as obras naquele espaço. Ficou assim até hoje.
Agora vem a certeza, ditada pela Câmara Municipal de Ílhavo, de que as obras sempre vão por diante. Ali, naquele local de tantas tradições para as gentes da Gafanha da Nazaré, e não só, vão ser aplicados mais de três milhões de euros. Ficará uma zona de lazer e de convívio. Jardins, iluminação pública, parque infantil, mais a reabilitação da ponte das Portas d'Água, ancoradouro e demais ornamentos darão, de facto, mais vida àquela zona. Garante-se que no Verão do próximo ano teremos o velho Jardim Oudinot com outra cara. Estou confiante.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Um artigo de António Rego

UM BOM COMBATE
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As contas de Deus são sempre diferentes das nossas. Temos a certeza de que Ele não se engana e que nós sabemos pouco de ajustes finais do tempo e da eternidade. Mas neste caso não perdemos muito com saber pouco. Podemos celebrar as zonas do desconhecido como uma dádiva silenciosa e íntima de Deus. Não sabemos a quem nem como chega a semente. Nesta matéria a televisão, como meio massivo, também nos ajuda. Apesar das contagens comerciais das audiências, também não sabemos com rigor quem está do outro lado, o que vê, o que sente, o que colhe, o que rejeita.
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Leia mais em Ecclesia

Na Linha Da Utopia

Um Curso compensa Há algum tempo pairou no ar a ideia de que acabaria por não valer a pena tirar um curso, pois as dificuldades do mercado de trabalho para os recém-formados apresentar-se-iam como uma garantida certeza. Esta ideia (de certa forma cómoda, a combater) é um puro engano de quem quer ver a realidade com olhos de passado (e não de futuro), e de quem esperaria o milagre fácil da ligação directa curso-trabalho. Por estes dias muito tem sido sublinhada (oportunamente, em início de ano escolar) esta certeza firme de que estudar mais cria mais possibilidades de futuro pessoal e profissional, abrindo novas perspectivas à vida. Esta pedagogia social de um Curso como uma “ferramenta” para toda a vida, mas numa dinâmica de contínua aprendizagem e formação permanentes ao longo de toda a vida, torna-se hoje um imperativo (sempre a sublinhar), sendo mesmo talvez a única alavanca de transformação da comunidade social. As coisas são claras: nesta sociedade global do conhecimento (onde ele é o motor de tudo), da informação e comunicação, ou essa aptidão polivalente, visionária e comprometida existe cada dia ou o comboio passa e ficaremos em terra. Os dados estão aí. O recente Relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) confirma esta urgência de considerar o estudo e o curso como eixo determinante do desenvolvimento de um país. Mais, Portugal, da União Europeia, é o país onde um curso mais compensa. Talvez teremos, na aperfeiçoada mudança de mentalidade, de fazer bem alto a “publicidade” desta ideia de que mais formação é garantia de uma vida melhor, ela pode ajudar combater o abandono escolar e o abstencionismo da participação social. Mas, há vida para além do curso! Quanto mais for o horizonte de cultura, de valores e de polivalência, mais cidadão e melhor profissional teremos. Assim seja! Alexandre Cruz

Menos erros e mais gramática no Português

Carlos Reis dá conselhos
para melhorar
o ensino do Português
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Não admitir erros de português, reintroduzir o ensino da gramática na aprendizagem da língua e integrar textos literários nas aulas. Estas são algumas das recomendações resultantes da Conferência Internacional sobre o Ensino do Português, que reuniu mais de 500 especialistas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, entre 7 e 9 de Maio. O conjunto das recomendações foi elaborado pelo comissário da conferência, Carlos Reis, e foi ontem tornado público pelo Ministério da Educação.
"Nos últimos anos, cultivou-se no nosso sistema de ensino a ideia de que o erro é não só tolerável, mas também criativo, do ponto de vista do processo de aprendizagem", escreve Carlos Reis. Esta "atitude permissiva" foi bastante criticada na conferência, mas não é admitida por Edviges Ferreira, vice-presidente da Associação de Professores de Português (APP): "Nem pensar, não há qualquer permissividade. Nos exames os erros são penalizados e os alunos sabem disso", contrapõe.
Apesar de ainda não haver uma posição oficial da APP sobre as recomendações, esta professora diz que elas são "legítimas e compreensíveis, embora algumas um pouco polémicas" - refere-se à longa discussão sobre o uso de textos literários no ensino da língua. De resto, e como o texto sublinha, estas recomendações não passam disso mesmo - conselhos que "caberá aos agentes políticos" interpretar e usar. Ou não.
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Luta contra o tabaco



HÁ QUEM LEVE ISTO A SÉRIO
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Há dias, ao passar por uma zona turística, na Figueira da Foz, encontrei este aviso à entrada de um restaurante. Aqui não há meias tintas: não se pode fumar nem se vende tabaco. Entre parênteses, pode ler-se que o restaurante aderiu ao plano de desabituação.
Para além dos avisos frios, fiquei a perceber que há uma preocupação de contribuir para a luta contra o tabaco. Não falei com ninguém, mas é natural que se aceite a ideia de que um vício como este tem de ser combatido não tanto pela simples proibição, mas sobretudo pelo esclarecimento.
Formulo votos de que a campanha antitabágica passe por contributos que levem os fumadores a reconhecer o perigo real do tabaco.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Buarcos: Pelourinho


PELOURINHO DE BAIXO
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Nas minhas andanças por aqui e por ali, paro sempre junto de registos históricos. É um gosto especial que nem sei explicar verdadeiramente. Um dia destes, em Buarcos, não deixei de admirar este pelourinho. Foi baptizado com o nome de Pelourinho de Baixo, certamente porque havia ou há, ainda, um Pelourinho de Cima. Não o vi, mas hei-de tentar saber onde mora ou morou ele.
Há muita gente que associa o Pelourinho à Forca. Eram coisas diferentes. Os pelourinhos serviam para expor à vergonha pública os condenados por penas que, normalmente, não justificavam a pena de morte. Haverá alguma justificação para a pena de morte? Penso que não.
No pelourinho havia castigos corporais, nomeadamente açoites, exposição de condenados agrilhoados, mutilações, etc. A forca, essa era localizada fora dos povoados, onde era erguido, para o efeito, o mastro, ao qual se ligava a corda.
Os pelourinhos chegaram a ter, no cimo, uma gaiola de madeira, onde os delinquentes permaneciam todo o tempo a que eram condenados.
Olhando para a História, de facto houve tempos bárbaros. As barbaridades, mesmo nas nossas sociedades, agora são outras. Mas que existem, existem. Mesmo sem pelourinho e sem forca. Esses instrumentos, com outras formas e com outros nomes, são nos nossos dias coisas mais sofisticadas. E toda a gente lida no dia-a-dia com eles.
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Fonte: "Pelourinhos do Distrito de Aveiro", de Júlio Rocha e Sousa

Na Linha Da Utopia

Receber Dalai Lama? Angela Merkel, chanceler alemã, aceitou receber oficialmente o Dalai Lama, tal como recebe o Papa ou outro líder de grande religião mundial. A sua visão do futuro passa não pela exclusão, mas pela inclusão pacífica de tudo quanto é manifestação de cultura, interioridade, religião ou filosofia. Saberá Merkel que, numa comunidade viva, o espaço de liberdade religiosa caminha a par do acolhimento por tudo quanto é ideal de paz. Não sabemos, com rigor as percentagens de budistas na Alemanha, mas não deve andar muito longe da realidade portuguesa. Também algo de semelhante é o facto da Alemanha, como Portugal, em Dezembro 2005 terem assinado com a China um acordo de Parceria Estratégica Global. Claro está, é um acordo tendencialmente económico, onde interessam muito pouco os direitos humanos. E o chamado ocidente pactua com tudo isto… A história relata-nos que a China comunista invadiu o Tibete em 1959, considerando-o como sua província e organizando o genocídio cultural no desrespeito cabal pelos direitos humanos. Desde esse tempo que o Dalai Lama fugiu para a Índia, onde mora até hoje, gerindo a comunidade do exílio. (O Tibete é considerado o “teto do mundo” pelas suas montanhas da cordilheira dos Himalaias que atingem 4875 metros de altitude.) Após massacres pelo exército chinês, em 1989 o 14º Dalai Lama (de nome Tenzin Gytaso) recebe o Prémio Nobel da Paz, passando a ser recebido por chefes de Estado, facto que provoca protestos chineses. Perturba à China que em 1999 lança uma forte campanha de difusão do ateísmo no Tibete, toda a paz esperançosa que o Dalai Lama anuncia por esse mundo fora (Dalai Lama que significa Oceano de Sabedoria). Angela Merkel defende os direitos humanos (no Tibete) sem medos da reacção chinesa. Louvável! Portugal preside à Comissão Europeia e não tem tempo ou tem os “motivos óbvios” (económicos). Se não há tempo para, acima de tudo e todos, defender os direitos humanos, há tempo para quê? Como será, depois, a coerência da defesa dos direitos humanos e a recepção a líderes religiosos? Está mesmo a dignidade humana subjugada à economia?! (Que pergunta!) Alexandre Cruz

Aliança entre o homem e o ambiente

Papa apela à defesa da natureza


Bento XVI deixou este Domingo um novo apelo em favor da preservação do ambiente, pedindo um esforço de todos. O Papa falava após a recitação do Angelus, lembrando o 20.º aniversário do Protocolo de Montreal sobre a protecção da camada de ozono.
"Desejo que se intensifique a cooperação, entre todos, a fim de promover o bem comum, o desenvolvimento e a salvaguarda da criação, reforçando a aliança entre o homem e o ambiente, que deve ser espelho do amor criador de deus, de onde vimos e para onde caminhamos”, disse.
“Nas últimas duas décadas, graças a uma exemplar colaboração na comunidade internacional, entre política, ciência e economia, obtiveram-se resultados importantes com repercussões positivas nas gerações presentes e futuras", acrescentou.
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Pode ler mais em Ecclesia

Festa da Senhora dos Navegantes






MAIS MOLICEIROS DAVAM
OUTRO ENCANTO À PROCISSÃO

D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, abriu, no sábado, com uma eucaristia vespertina, celebrada no clube Stella Maris, as festas em honra de Nossa Senhora dos Navegantes. À homilia, D. António frisou que Nossa Senhora dos Navegantes “será sempre para nós, cristãos, e, através dos cristãos, para o mundo a Estrela do Mar e a Mãe do Bom Sucesso, como os pescadores e os marinheiros a invocam”.
Sublinhando que estávamos no Stella Maris, clube da Obra do Apostolado do Mar, o Bispo de Aveiro lançou um apelo “à urgência de uma pastoral interventiva”, adequada a este mundo em mudança. Referiu que o Stella Maris quer ser “farol da Estrela do Mar” e ancoradouro de fé, mas também de “acolhimento fraterno”, onde as “forças se retemperam e a energia espiritual se reencontra”. Admirando a coragem dos homens do mar, D. António enalteceu as suas virtudes e a sua generosidade, confiando à Senhora dos Navegantes “as suas intenções, súplicas e preces”.
A festa da Senhora dos Navegantes é uma iniciativa do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN), contando com o apoio da paróquia, do Stella Maris, das autarquias, de diversas entidades e de particulares. Este ano, integrou-se nas comemorações em curso dos 200 anos da abertura da Barra de Aveiro, que ocorreu em 3 de Abril de 1808, pelas 7 horas da noite, como reza a história.
Para além da eucaristia de sábado, os festejos tiveram outros momentos significativos, nomeadamente a procissão pela ria, com Nossa Senhora envolvida por embarcações de pesca e de recreio, bem como de outras fainas lagunares, todas cheias de gente. Ano após ano, esta é uma experiência rara para muitos. Rara, porque proporciona a alguns a oportunidade de ver e de sentir a ria por dentro, com a alegria a marcar presença contagiante.
Depois da procissão, a Filarmónica Gafanhense e os ranchos folclóricos convidados emprestaram um colorido festivo ao arraial que se seguiu à celebração da missa, presidida pelo Bispo de Aveiro, junto à igreja da Senhora dos Navegantes. Esta igreja acastelada foi benzida há 144 anos, precisamente em 6 de Setembro de 1863.
Nas margens da laguna aveirense, muitos acorreram para saudar a Senhora dos Navegantes. Em São Jacinto, porém, como já vem sendo hábito, a devoção à Virgem atingiu um ponto muito alto. Flores e saudações, fanfarra e a imagem da Senhora das Areias testemunharam a fé das gentes daquela freguesia do concelho de Aveiro.
No Forte da Barra, a Senhora dos Navegante foi recebida com emoção por muita gente, directa ou indirectamente ligada ao mar e à ria. Depois da eucaristia, actuou a Filarmónica Gafanhense e houve Folclore, com a participação do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, do Grupo Folclórico e Recreativo de Tabuadelo (Guimarães), do Rancho Folclórico “Camponeses da Beira-Ria (Murtosa) e do Rancho Folclórico da Ribeira (Ovar).
Alfredo Ferreira da Silva, presidente do GEGN e responsável pela organização, adiantou ao “Correio do Vouga” que esta iniciativa nasceu aquando da participação do grupo na EXPO’98, na sequência de uma troca de impressões com ranchos etnográficos de outras terras piscatórias. Depois da reflexão que se impôs, foi retomada a tradição, que tem vindo a merecer cada vez mais aceitação do povo destas terras banhadas pela ria e pelo mar, disse. No entanto, referiu uma dificuldade: “falta-nos o que havia antigamente em grande quantidade: mais barcos moliceiros, que davam outro encanto à procissão.”

Fernando Martins

domingo, 16 de setembro de 2007

Ares do Verão


ÁRVORES PROCURAM O CÉU
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Bonito é ver, quando se passa por um jardim, árvores e mais árvores com sonhos de eternidade. São aquelas que crescem... crescem com vontade de chegar ao céu. Vi estas árvores, na Figueira da Foz, e não resisti. Fixei-as na minha compacta digital para mais tarde recordar. E como gosto de partilhar com os outros algumas das minhas emoções e dos meus gostos, aqui fica esta fotografia para que sintam o que eu senti.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 41

O DIABO DO ALFUSQUEIRO Caríssima/o: Está bem presente aquela viagem no “Vouguinha”; a viagem e a companhia: Monsenhor Aníbal Ramos que ia para uma recolecção aos jocistas da região, na casa do Redolho. E onde vai tudo isso?!... Em poucos anos tudo se alterou. Certamente nem saberás o que quer dizer JOC e nem compreenderás a função do assistente. Aquele bom amigo, Mons. Aníbal Ramos, era o assistente diocesano. Também o assistente nacional veio a Aveiro para prepararmos o XXV aniversário da JOC. Homem de projecção – Padre Narciso Rodrigues. Não os considerávamos “fadas boas”, mas o seu amor pela “causa operária” era notório, fez escola e ainda hoje é recordado com saudade e como referência. A nossa lenda de hoje leva-nos à construção de uma ponte... «Nem sempre o Demo leva a melhor com o Homem, sobretudo se este tiver a ajudazinha de uma fada. Pois esta é a lenda daquela velha ponte de cantaria sobre o Alfusqueiro, afluente do Rio Águeda, o Caramulo. Poderíamos até dizer que é um tempo em que o Diabo ainda precisava de andar pela terra a negociar almas. Assim, se aquela passagem era imprescindível para os que atravessavam a serrania, meteu-se um cristão a fazê-la, mas na hora da arrancada deu-se conta da temeridade que a obra envolvia. Eis, surge-lhe o Diabo em pessoa a dizer-lhe que ele mesmo se encarregaria de fazer a ponte, ele e os seus demónios. Porém, havia a questão do pagamento, pois este consistiria na alma do cristão. A obra ficaria pronta à meia-noite do dia de Natal desse ano, ao cantar do galo. Contrato escrito, foi este assinado com o próprio sangue do homem. Mas o cristão, conforme via o andamento da obra, aliás de magnífica arquitectura,começava a ficar pesaroso do negócio que fizera. E a quem aparece o Diabo porque não há-de aparecer uma fada boa? Foi o que terá acontecido. Uma fada esperta ensinou ao homem maneira de se livrar do compromisso, não deixando de ficar com a ponte feita! Neste sentido, a fada deu ao cristão um ovo e disse-lhe: - A obra ficará pronta à meia-noite em ponto. Está atento aos últimos trabalhos e logo que vejas o Diabo colocar a última pedra, atira o ovo pela ponte fora e vais ver que tudo corre bem. E conta a lenda que quando o Diabo e os seus demónios estavam a colocara a pedra do remate, o cristão atirou o ovo ao longo do tabuleiro da ponte e este rolou até que bateu numa pedra e se quebrou. De dentro dele saiu um belo galo, excelente de plumagem, que começou logo a cantar, antecipando a meia-noite. E assim, por segundos, o Diabo do Alfusqueiro perdeu a aposta. E sabem que mais? A ponte lá está, podem ir experimentá-la num passeio por aquelas bandas aguedenses da Serra do Caramulo. O Diabo dizem que deu um estoiro tal que nunca mais por ali passou![...]» [V. M., 2] Será que dos ovos das pontes do “Vouguinha” nasceram garnisés que levaram os políticos a cantar de galo às populações?
Manuel

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

"Agostinho da Silva era um homem marcadamente religioso, mas no sentido mais profundo de místico. A religião não tem, antes de mais, a ver com instituições religiosas ou mesmo teologia: 'Se os homens acreditassem bastante em Deus não haveria tanta teologia, tanto rito, tanta disputa entre as várias crenças."'
Leia todo o artigo em DN

sábado, 15 de setembro de 2007

Ares do Verão


MUNDO DE CONTRASTES
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Quem passa pelo parque das Abadias, na Figueira da Foz, não pode deixar de apreciar o contraste entre o branco destes penachos e o verde da relva que os circunda. É, no fundo, um sinal de que o Verão continua, mais uns dias, que os castanhos do arvoredo já se fazem sentir, em vésperas do Outono. Gosto de contemplar os cambiantes que a natureza nos oferece, neste mundo de contrastes por vezes tão fortes.

NA LINHA DA UTOPIA




Aveiro Cosmopolita


Sabemos que as potencialidades são imensas nesta bela região do país que alia o mar à ria, a serra à planície, a tradição à inovação. Já desde os tempos antigos que junto aos rios, às lagunas e ao mar, as civilizações espelharam um dinamismo especial, como que sendo a água o elemento gerador desse impulso criativo que junta a beleza estética com a eficiência do compromisso inadiável com a história. Assim foi e assim é Aveiro!
Diante do “tanto” que sempre nos falta em dinâmicas envolventes e o “muito” que esta terra já conseguiu como afirmação (lícita) de referências nacionais e internacionais, venham, pois, os turistas apreciar e multiplicar esta nossa “água cultural” por esse mundo fora. Se, muitas vezes, se diz no refrão que “o turismo é que nos pode salvar”, a verdade é que ele só na qualidade poderá triunfará.
Este verão Aveiro foi invadida pelo mundo; gente de todos os lados visitaram, estiveram, comeram, alojaram, passearam. Se a hora presente (como em tudo) será de avaliação estratégica para sempre mais e melhor envolver e realizar, também terá de ser de apreço reconhecido por quem colocou, dinamicamente, este moliceiro a andar, a Rota da Luz.
A cidade e região, que todo o ano acolhe muitos milhares de estudantes e que já é “morada” de fim-de-semana de muitos espanhóis, neste verão sentiu um novo “sinal” que muito estimula ao continuado aperfeiçoamento na qualidade de tudo aquilo que se faz. A aposta está ganha, e a sua consolidação vem a caminho! Pormenores e particularismos à parte, o cosmopolitismo de Aveiro é hoje uma “imagem” de acolhimento que enobrece a todos e a todos compromete. Por isso, também o emblema que é a Ria de Aveiro não pode esperar (na burocracia), e mesmo todas as línguas e culturas que não são turistas mas que ao longo do ano nos habitam (trabalham, com ou sem-abrigo) merecem sempre mais e melhores condições para “aprenderem a pescar”.
Se isto conseguirmos, seremos a cidade do futuro!

Alexandre Cruz


NOTA: Esta nova rubrica tem como autor Alexandre Cruz, fiel colaborador do meu blogue. Virá a lume com mais regularidade e sempre que possível. Aqui ficam os meus agradecimentos. FM