segunda-feira, 26 de março de 2007

O MAIOR PORTUGUÊS DE SEMPRE

SALAZAR VENCEU O CONCURSO DA RTP


O concurso realizado pela RTP, para eleger o maior português da História de Portugal, teve um resultado que raia o insólito. Venceu um ditador – Salazar – por larga maioria. Em segundo lugar ficou outro político, que lidava mal com a democracia representativa – Álvaro Cunhal –, e que foi defensor de um regime opressor, o da URSS. 
Por estranho que pareça, pese embora alguns méritos de ambos, que os tiveram, ocuparam lugares cimeiros aqueles dois políticos, relegando, para planos secundários, artistas, cientistas, navegados e conquistadores, entre outros. Nem o fundador da nacionalidade, D. Afonso Henriques, mereceu ganhar. Mulheres também não houve nos lugares de honra, entre os dez primeiros que chegaram à final. 
O insólito disto tudo está na vitória de António de Oliveira Salazar, por larga maioria. Porquê? Terá havido algumas campanhas camufladas para que isto acontecesse? Como é possível que os portugueses tenham escolhido um ditador para ocupar o primeiro lugar dos nossos maiores? Como é possível que os portugueses tenham assim a memória tão curta, elegendo um homem que era avesso à democracia, aos partidos políticos, ao desenvolvimento cultural, social e económico? 
Terá tido o mérito de evitar a nossa entrada na guerra. Terá tido o mérito de endireita as finanças públicas. Terá sido um governante austero e incapaz de enriquecer de forma ilícita… Mas ninguém ignora que não perdoava a quem ousasse enfrentá-lo, a quem não alinhasse pelas suas opções. Não acreditava na democracia, nem na inteligência de outros políticos. Era um homem solitário, que lutou por um conceito de vida ligado ao “orgulhosamente só”. Terá sido esta atitude o fruto de um certo mal-estar, provocado por algum descontentamento, em relação a erros da democracia que o 25 de Abril nos legou? Será que os portugueses ainda acreditam que o nosso progresso, a vários níveis, terá de passar por uma ditadura?
Uma coisa parece óbvia: há, pelo que posso perceber, uma ignorância atroz sobre a nossa história, tão repleta de feitos protagonizados por heróis, santos, mártires, sábios, cientistas, artistas, políticos, governantes, descobridores, conquistadores, guerreiros e empreendedores. Claro que estou com curiosidade de saber o que vão dizer os nossos analistas políticos, historiadores e sociólogos. Como é que eles vêem esta escolha dos portugueses e porquê…

Fernando Martins

4 comentários:

  1. Afinal houve 2 grupos de vencedores.
    1ºs. Os velhos do Restelo.
    2ºs. Os nascidos com o 25 de Abril de 1974, aquem não ensinaram ainda a verdadeira historia de Portugal.
    É pena. Embora fosse um concurso, como alguns quizeram sublinhar, deu indicações que ainda não consegui digerir.
    Angelo Ribau

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  2. Meu caro

    É como dizes. A história de Portugal tem sido mal contada às actuais gerações. Ou não foi ainda assimilada por muitos. Depois dá nisto, que nos envergonha.
    E o mais curioso é que ultimamente têm saído inúmeras publicações sobre factos e figuras históricas...

    Um abraço

    Fernando

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  3. Este é, de facto, um mistério por esclarecer... ou talvez não...
    Não será esta "vitória" um sinal de que a política (a)cultural salazarista ainda está a ter hoje as suas repercussões?
    Basta pensar no elevado índice de analfabetismo que ainda existe no nosso país, juntar-lhe a assustadora iliteracia e, ainda, o facto do calendário escolar quase nunca permitir que esse momento da História recente seja devidamente leccionada... cá está o resultado!
    Sara Reis da Silva.

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  4. Como se pode ver, há muitas e variadas razões que justificam comportamentos dos portugueses como os manifestados neste concurso. O analfabetismo dá sempre nisto. Significa isto que há muito, mas mesmo muito, a fazer neste campo, como noutros.

    Um abraço

    Fernando Martins

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