sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Um artigo de António Rego

Visita à Cidade
Não foi apenas Lisboa. Todo o país viu. E, pelos resultados de audiência e atenção dos media, o país entrou na festa, tal como mergulha na dor duma tragédia ou no entusiasmo dum acontecimento festivo. Nas suas proporções, os media por empatia, “congregam a comunidade dispersa” dando-lhe sintonia e unidade - também religiosa. Tornando, assim, irrelevante, qualquer distância física entre o emissor e o receptor.
Aconteceu em Lisboa, integrado no Congresso, o cortejo da Luz. Foi um elemento, entre muitos outros, visita à cidade que esteve no subconsciente de todas as sessões das cinco capitais da Europa que abraçaram o projecto. Por muitas formas se tem tentado expressar a incapacidade dolorosa de comunicar por inteiro para o “outro lado do muro”. E parece, de facto, um muro, esta separação agressiva, apática ou neutral entre a Igreja e o Mundo. Velho problema que ganhou contornos diversos desde que Jesus falou do Mundo (que veio salvar), mas a que os seus discípulos não pertencem. E na exegese, ora conflituosa ora condescendente ou mesmo exaltante desta palavra Mundo, se tem o cristianismo confrontado, explicitando por vezes, de forma mais corajosa, a dualidade constante de bem e mal, pecado e salvação no âmago do mundo. Também se pergunta se a Igreja não está “fora” da cidade por dela ter fugido ou por ela a ter abandonado. Eis uma questão que exige uma procura constante de diálogo e clareza nas marcações de fronteira mas também nas linhas de aproximação. Há, nesta dicotomia, dialécticas falsas e aproximações simplistas. Mas há passos gigantes, ensaiados sob o impulso do Espírito e ensinamentos da história. O maior e mais próximo de nós surge do Concílio Vaticano II que de tão próximo e familiar o damos por adquirido, esquecidos dos obstáculos que a Igreja corajosamente já venceu.
Tudo isto para dizer que o Congresso, como a Pastoral da nova evangelização ensaiam passos de diálogo e aproximação com o nosso mundo sem trair a originalidade da sua mensagem. O cortejo da Luz, que ocorreu naquela inesquecível vigília, foi uma visita à cidade que se sentiu bem, olhada e iluminada pelo olhar da Virgem de Fátima.Com o brilho e a luz nos olhos do Povo.

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