domingo, 23 de outubro de 2005

CASA PIA, COM LICENÇA

Na sua crónica dominical, no PÚBLICO de hoje, Frei Bento Domingues chama a atenção para um texto de Manuel de Lucena, sobre a Casa Pia, publicado no Diário de Notícias, no passado dia 18 de Outubro. Diz mesmo que é "essencial". Por isso, aqui fica para os meus amigos lerem.
F.M.
::: CASA PIA, COM LICENÇA
O caso da Casa Pia arrancou sob o signo de mitos débeis e de vícios graves, cujos efeitos continuam a fazer-se sentir.
1. O primeiro desses mitos - embalados pelo qual o Ministério Público e o juiz Rui Teixeira galoparam meses - reza que entre os arguidos há poderosos personagens, que intemeratos magistrados quiseram sentar no banco dos réus. Mas a simples verdade é bem diferente e talvez oposta. a) É diferente, porque tais arguidos são só pessoas conhecidas (abastadas algumas), e para se ser mesmo poderoso é precisa uma força própria, política ou económica ou combinada, que nenhum deles tem nem tinha. A Paulo Pedroso, o único que talvez estivesse a caminho de a ter, ainda lhe faltava comer muito pão, com tantos no PS mais influentes do que ele. b) E é, talvez, oposta. Com efeito, a pedofilia campeou na Casa Pia durante décadas, era daquelas coisas mudas que muita gente murmurava; e acabou por ser denunciada há 20 anos, sem êxito. Só em 2003 é que a justiça a atacou com alguma decisão. Ora, se - considerando apenas a derradeira (?) fase - o número das vítimas ultrapassou a centena; se a própria provedora vaticinou a pronúncia de notáveis abusadores ainda oficialmente incógnitos; e se agora as testemunhas continuam a produzir nomes - inevitável se torna a convicção de que a lista dos acusáveis está incompleta; e, permanecendo oculta a parte mais volumosa do icebergue, cresce entre os maus espíritos a suspeita de que pedófilos deveras poderosos vivem, nas suas sete quintas, à sombra do processo em curso; enquanto a justiça persegue poucos bodes expiatórios, culpados ou não. Questão de comodidade? Ternura política? Temor reverencial? Certo certo é que ainda ninguém de direito tentou explicar aos portugueses porque é que a dita justiça demorou tanto tempo a mexer-se para se concentrar afinal em tão poucos!
(Para ler todo o texto, clique aqui)

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