sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Século XXI: pobreza extrema inexplicável

Mãe e cinco filhos morrem numa barraca em chamas Século XXI. Ano 2005 depois de Cristo. Mais de 30 anos de democracia. Ano 20 da entrada de Portugal na UE. Mãe e cinco filhos morrem numa barraca em chamas, no Bairro do Fim do Mundo, no Estoril, Cascais, onde vive gente chique e onde há muita riqueza. Era uma família guineense que tinha vindo para Portugal à procura de uma vida melhor. Por ironia do destino, estava à espera de realojamento num bairro social. Seria para breve. Mas foram todos para o cemitério, perante a dor dos seus familiares e compatriotas que vivem no mesmo bairro. Nas mesmas condições. Sem água, sem luz, sem saneamento. Na miséria que a sociedade portuguesa lhes ofereceu. Isto tudo dá que pensar. Que gente somos, que comunidades criamos, que condições de vida oferecemos a quem vem viver connosco. A quem é dos nossos. Que justiça social queremos, que justiça social construímos, que justiça social pregamos, que justiça social ensinamos aos mais jovens, que justiça social defendemos para um futuro próximo. Os nossos políticos prometem tudo e mais alguma coisa, sobretudo agora, que temos eleições à porta. Novos arruamentos, novos espaços de lazer, novos apoios a instituições. Mas o povo pobre, o que vive na miséria extrema, o que não têm água, nem luz, nem saneamento, nem pão para comer, esse vai continuar esquecido, perdido nos bairros do fim do mundo. Até que venha um incêndio e destrua tudo. E atire para o cemitério quem teve a ousadia de sonhar com uma vida melhor. Fernando Martins

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