segunda-feira, 25 de julho de 2005

Um artigo de João César das Neves, no DN

Em verdade, em verdade vos digo
Que se pode ainda dizer que comova este tempo? Numa época que já ouviu tudo, que já disse tudo, que tolera tudo, é difícil existir algo que a desperte. A não ser, talvez "Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos" (Jo 9, 39).
Vem isto a propósito da estreia recente do filme Evangelho segundo S. João de Philip Saville. Nos 110 anos de História do Cinema houve muitas adaptações da vida de Cristo, a primeira logo em 1897 pelo pioneiro Louis Lumière. Mas nunca ninguém tentara este feito uma apresentação exclusiva e completa do Quarto Evangelho.
Perante a provocação eminente que é o Novo Testamento, o impulso para elaborar, interpretar e comentar é grande. Os realizadores, dos devotos aos blasfemos, acabam sempre por dar uma visão pessoal, que tantas vezes se impõe ao texto. Isto é evidente até pelo facto de a maioria enveredar por uma combinação dos quatro relatos, seleccionando episódios. Apenas dois filmes clássicos se limitaram a um dos livros Il Vangelo secondo Matteo de Pier Paolo Pasolini (1964) e Jesus the Film de John Krish e Peter Sykes (1979), centrado em Lucas. Mas o texto de João, com os longos discursos, foi sempre considerado demasiado místico e retórico para adaptação.
(Ler todo o artigo em DN)

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