quinta-feira, 31 de março de 2005

Antónia Rodrigues, Heroína de Mazagão

No dia 31 de Março de 1580, nasceu em Aveiro, na freguesia de Nossa Senhora da Apresentação, Antónia Rodrigues, filha de Simão Rodrigues, marítimo, e de Leonor Dias. Por ser pobre, Antónia foi, ainda jovem, para a companhia de uma irmã, casada em Lisboa, onde não gozou de grande aceitação familiar. 
De espírito aventureiro, espírito esse alimentado por histórias de marítimos que eram contadas na capital, cedo se sentiu atraída pelo mar e pelas viagens. Decidida a levar uma vida de aventuras, comprou na Feira da Ladra roupas de grumete, cortou o cabelo à rapaz, disfarçou-se quanto pôde e candidatou-se a membro da tripulação de um navio que transportava trigo, com destino a Mazagão (ao tempo uma possessão portuguesa), com o nome de António Rodrigues.
Posteriormente, integrou a cavalaria da Praça, onde se distingui de tal forma que foi considerad(a)o o “terror dos mouros”. Por não procurar donzela, suscitou suspeitas, o que a levou a contar a verdade aos seus superiores, vendo-se obrigada a vestir roupa civil, com pena dos seus companheiros, que muito o (a) admiravam, pela sua coragem. 
Casada, a “heroína de Mazagão” regressou ao reino e foi reconhecida por mercê régias que Filipe II de Portugal lhe conferiu. Não se conhece a data do seu falecimento, mas o seu exemplo, cantado por escritores e artistas, ainda hoje deve ser recordada pelos aveirenses. 

F. M.

AGÊNCIA ECCLESIA: Uma pedrada no charco

A AGÊNCIA ECCLESIA, que me habituei a ler e a consultar, desde a primeira hora, também na edição on-line, representa para mim, como católico e como jornalista, uma mais-valia para a informação cristã e humanista em Portugal. Quando nasceu, veio responder a uma necessidade há muito sentida por todos os agentes da comunicação, que vivenciavam no dia-a-dia as dificuldades de beber, nas fontes principais da Igreja, a informação precisa, numa linguagem mais compreensível pelas pessoas comuns, crentes ou não crentes. (Para ler o texto todo, clique aqui.)

FÓRUM DA JUVENTUDE muito animado

O Fórum da Juventude, instalado no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, já tem muita vida. Em certas horas do dia, a animação é contagiante, com jovens a usufruírem de um belo espaço oferecido pela Câmara Municipal de Ílhavo. O Fórum é constituído por Mediateca, Ludoteca, Espaço Leitura e Espaço Internet, sendo este último, sem dúvida, o de mais procura. Em duas visitas que fizemos, pudemos constatar que os sete computadores são muito procurados, mas também há quem veja filmes, ouça música, leia e brinque, entre as 9.30 e as 12.30 horas, e entre as 14 e as 21 horas. Às segundas-feiras, fecha às 17 horas e aos sábados funciona apenas da parte da manhã. Paralelamente, há exposições de artes plásticas, essencialmente para divulgação de artistas jovens. Hoje, por exemplo, ainda pode ser apreciada uma exposição de Paulo Oliveira, de 34 anos, natural da Gafanha da Nazaré. Desde muito novo se interessou pelas artes, especialmente pela pintura, tendo estudado no "ARCO", em Lisboa. Participou em inúmeras exposições colectivas e individuais, no País e no estrangeiro.

LEITURAS

Sarsfield Cabral escreve hoje no DN sobre "O 'não' francês" ao Tratado Constitucional da UE. E refere, logo a abrir, que, "Apesar das concessões feitas a Chirac no último Conselho Europeu, em França sobe o "não" ao novo Tratado Constitucional da UE. Em parte por reflexo do descontentamento dos franceses com a política interna do Governo Raffarin e do próprio Chirac. Mas também por outros motivos, mais ligados à Europa.". O texto restante está aqui.

POSTAL ILUSTRADO - Réplica da Guarita


quarta-feira, 30 de março de 2005

LEITURAS: Referendo II

O padre António Rego, director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, escreveu na Ecclesia um editorial sobre a questão do Aborto, que merece ser lido, pela sua pertinência. Diz ele que, "Em chegando Abril, reaviva-se em nós a memória festiva da liberdade conquistada. Coadas as falácias de alguns heróis, ninguém pode retirar ao povo a autoria desse bem maior, desvanecido durante décadas entre sombras e brumas. A liberdade tem o preço incomensurável da dignidade de um povo.O povo foi fazendo diferentes escolhas políticas para o poder local, autárquico, legislativo, presidencial. Não consta, ao longo destes trinta anos, qualquer reclamação substantiva ou qualquer viciamento significativo no manejo das urnas." Para ler o texto todo, clique aqui.

Relatório da ONU denuncia

Recursos do planeta estão a esgotar-se Já há muito que se prega que estamos todos a contribuir para que os recursos da Terra estejam a esgotar-se, como consequência das ofensas que dirigimos à natureza. E para provar isso mesmo, aí temos hoje um relatório da ONU, no qual se sublinha que o ser humano alterou a Terra nos últimos 50 anos a uma velocidade sem precedentes, sendo certo que esta tendência, a manter-se, compromete a manutenção de serviços básicos que o planeta oferece e que sustentam a própria civilização. Neste relatório, é feita uma previsão a longo prazo que é pouco animadora. Refere ele que a temperatura vai aumentar, haverá mais secas, mas também mais inundações, e que o homem vai implementar a sua procura de alimentos e água, nos próximos 45 anos. Entretanto, sublinha que 10 a 20 por cento das áreas florestadas deverão ser convertidas em terrenos para fins agrícolas, bem como irão proliferar espécies exóticas e organismos transmissores de doenças, prevendo-se a continuação da sobreexploração dos stocks pesqueiros. Depois de várias considerações sobre os ecossistemas, que estão a degradar-se a olhos vistos, lembra que os mesmos têm hoje menor capacidade para purificar o ar, fornecer água doce e limpa, combater a erosão, limitar as pestes e regular o clima a nível regional.
O relatório da ONU afirma, entretanto, que a erradicação da fome irá continuar, mas a um ritmo mais lento do que o necessário para reduzir para metade o número de esfomeados no mundo. No balanço final, o estudo reconhece que as alterações trouxeram ganhos nítidos para o bem-estar humano e para o desenvolvimento económico. Mas também frisa que o custo a pagar é a degradação dos próprios ecossistemas, com impactos problemáticos no futuro. F.M.

Dia Mundial das Comunicações Sociais

Mensagem do Papa Na sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Santo Padre sublinha que "as modernas tecnologias nos oferecem possibilidades nunca vistas antes para fazer o bem, para difundir a verdade de nossa salvação em Jesus Cristo e para promover a harmonia e a reconciliação". E logo adianta que o mau uso dessas tecnologias "pode provocar danos enormes" e gerar "incompreensões, preconceitos e até conflitos". João Paulo II, que este ano propôs como tema de reflexão "Os meios de comunicação ao serviço da compreensão entre os povos", frisou que, quando mal utilizados, esses meios podem espalhar "sementes de conflito", que facilmente se convertem "em violência, guerra e, inclusive, genocídio". E assim, em vez de construírem a unidade e o entendimento, "podem ser usados para denegrir os outros grupos sociais, étnicos e religiosos, fomentando o temor e o ódio". Entretanto, o Santo Padre afirma que "a contribuição à construção da paz é um dos modos significativos de como os media podem unir as pessoas", salientando, também, que têm grande influência para impulsionar "mobilizações de ajuda em resposta a desastres naturais ou outros". E lembra: "Tem sido comovente ver a rapidez com que a comunidade internacional respondeu ao recente Tsunami, que provocou inúmeras vítimas." O Papa disse, ainda, que "a velocidade com que as notícias viajam hoje aumenta a possibilidade de se tomarem medidas práticas em tempo útil para oferecer a melhor assistência. Desta maneira, os meios podem conseguir um bem muito grande".
O Dia Mundial das Comunicações Sociais celebra-se a 8 de Maio, Dia da Ascensão do Senhor. F.M.

Natalidade continua a descer na UE


A UE, que passou a ter uma população de 260 milhões de habitantes com o alargamento, corre o risco de ver reduzido esse número, se os europeus continuarem a demonstrar uma grande aversão a terem filhos, revelou um relatório publicado recentemente e divulgado pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN).
A Comissão Europeia alerta, por isso, para o facto de a Europa estar perante uma "alteração demográfica sem precedentes", porque "os europeus têm uma taxa de fertilidade insuficiente para a substituição da população". 
O relatório recomenda que o "regresso ao crescimento demográfico" seja assumido como prioridade "essencial" para a Europa, e que os Governos deverão incentivar taxas de fertilidade mais elevadas através do fortalecimento das famílias. 
O estudo da UE, intitulado "Confrontando a alteração demográfica: uma nova solidariedade entre as gerações", denuncia que, "em todos os países europeus, o índice sintético de fecundidade está abaixo do valor mínimo para renovar a população (cerca de 2,1 por mulher), tendo caído para 1,5 crianças por mulher em muitos Estados-membros, e mesmo para menos de 1,3 crianças por mulher em certos países do sul e leste europeu. 
Face a esta realidade, o relatório sublinha que "serão necessários maiores fluxos de migrações para satisfazer as necessidades de trabalho e salvaguardar prosperidade europeia", esperando-se que a imigração em alguns países da UE assegure o crescimento populacional e seja responsável pelo previsto aumento ligeiro da população em 2035. 
Entretanto, e referindo-se a Portugal, a APFN criticou a falta de incentivos aos casais com filhos no programa de Governo, ao mesmo tempo que atribui a diminuição da taxa de natalidade a uma "cultura antinatalista", relacionada com os regimes fiscais, que prejudicam as famílias com mais filhos. 

F. M.

Postal ilustrado

Posted by Hello Aveiro: Canal central

terça-feira, 29 de março de 2005

AVEIRO: Oficina de dança

A Oficina de Dança, "Do Corpo à Criação", organizada pela Casa Municipal da Juventude, tem inscrições abertas até ao próximo dia 02 de Abril de 2005. A iniciativa surge no âmbito dos "Ciclos Temáticos" que consistem em promover um conjunto diversificado de actividades, especificamente nas áreas do teatro, dança, artes plásticas e cinema, e tem como objectivo envolver os jovens e a comunidade em geral, bem como promover a formação de futuros públicos activos e participativos. A Oficina de Dança, "Do Corpo à Criação", tem início marcado para o dia 9 de Abril e prolonga-se até dia 30, funcionando na Companhia de Dança de Aveiro, aos Sábados, das 16.30 às 19.45 Horas. A iniciativa destina-se a jovens com mais de 14 anos de idade e está a cargo de Cláudia Capela, Lara Pereira, Sandra Leite e Flávia Burlini. As inscrições podem ser feitas na Casa Municipal da Juventude de Aveiro, na Rua Engº Silvério P. Silva, das 9.30 às 19.00 Horas, até ao próximo dia 02 de Abril de 2005. Para mais informações podem ainda contactar a Casa da Juventude através do telefone 234 406 522 ou enviar um e-mail para cmjuventude@cm-aveiro.pt.

Um em cada seis portugueses dedica-se a ajudar os outros

O mensário SOLIDARIEDADE insere na sua edição online um artigo encorajador, onde revela que um em cada seis portugueses se dedica a ajudar os outros.
De todas as idades, dedicados a causas diferentes por diferentes razões e unidos pela sensibilidade e vontade de ajudar, os voluntários constituem já cerca de 16 por cento da população portuguesa, segundo um estudo de 1999.

LEIS ANTITABACO

Quando há um ano a Irlanda decretou a proibição de fumar nos locais públicos, não faltaram opiniões a contestar a decisão, talvez por influência dos lóbis ligados à indústria do tabaco. Um ano depois, 98 por cento dos irlandeses, afinal a esmagadora maioria, está de acordo com a proibição. Hoje, estou convencido de que, se a proibição fosse aplicada em Portugal, também os portugueses estariam satisfeitos, porque teríamos um ar mais respirável nos locais públicos. Penso que muitos dos frequentadores do meu blogue já passaram pela experiência de estar num restaurante, onde foram para saborear uma refeição diferente num ambiente de calma e de ar puro, com gente que resolve fumar a meio e no fim do repasto. A mim já me aconteceu várias vezes e só não saí por não ter outra sala de ar mais limpo e por estar com o prato pedido à minha frente. Eu sei que será aborrecido para o fumador não poder alimentar o seu vício, mas também sei que não podemos ser obrigados a fumar, quando sabemos que isso nos faz mal. Urge, pois, que os não fumadores comecem a exigir o direito de poderem estar nos locais públicos e nos empregos sem o fumo a incomodá-los. Mas urge, também, que os fumadores respeitem quem não quer e não pode fumar. F.M.

POSTAL ILUSTRADO

Posted by Hello Aveiro: Fórum

O aborto

Leitor pronuncia-se sobre o aborto, assunto que está de novo na berra e com promessa de novo referendo. O leitor está devidamente identificado, pois a sua opinião veio por e.mail. A ideia de referendar mais uma vez o aborto (ou melhor a interrupção voluntária da gravidez ou, ainda mais pomposamente, a IVG) está errada e serviu apenas para o PS dar um ar de radical para piscar o olho aos eleitores descontentes com o PC ou Bloco. De facto, a legislação portuguesa contempla já aqueles casos polémicos que todos se lembram de usar como argumento para defender a liberalização do aborto. Isto é, em Portugal, uma utente pode abortar de forma sigilosa em local oficial se foi vítima de violação, se o bebé tem deficiência grave, e se há perigo de vida ou dano para a saúde (física e psíquica) da mãe. Ficam então de fora as mães que, sem culpa, têm poucas condições socioeconómicas para criar um(a) filho(a). A essas cidadãs tem o Estado o dever de poupar em submarinos e estádios de futebol, e de investir numa Segurança Social que apoie os mais fracos.
opensador

segunda-feira, 28 de março de 2005

ÍLHAVO celebra feriado municipal

Domingos Lopes
A Câmara Municipal de Ílhavo celebra hoje o feriado municipal, como manda a tradição, com festa e com homenagens a instituições e pessoas que se distinguiram, com mérito, nas suas vidas, nomeadamente: Medalha do Concelho em Ouro: Filarmónica Gafanhense / "Música Velha"; Medalha do Concelho em Vermeil: Eng. José Manuel São Marcos Simões (a título póstumo), Dr. Eduardo Júlio Vaz dos Santos, Associação Humanitária Os Amigos de Ílhavo, New Bedford, EUA; Medalha de Dedicação em Vermeil: Manuel Barbosa Almeida (funcionário CMI); Medalha de Mérito Cultural em Prata: José Domingos Ramos Lopes.
Permitam-me que realce a homenagem ao jovem Domingos, pela importância de que se reveste e pelas razões que a autarquia apontou, quando disse: "O Jovem Cidadão José Domingos Ramos Lopes alcançou notoriedade enquanto estudante da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, ganhando vários prémios em provas nacionais e internacionais de Matemática, nomeadamente: em 2002, Medalha de Bronze nas Olimpíadas Nacionais; Medalha de Bronze nas Olimpíadas Ibero-Americanas (El Salvador); em 2003, Menção Honrosa Olimpíadas Internacionais (Japão), Medalha de Bronze nas Olimpíadas Ibero-Americanas (Argentina); em 2004, Menção Honrosa nas Olimpíadas Internacionais (Grécia). Hoje, com 18 anos e estudante de Matemática na Universidade de Coimbra, José Domingos Ramos Lopes constitui um exemplo que interessa divulgar e promover junto dos jovens, pelo seu desempenho como estudante, em especial na importante área da matemática."

Estratégia de Lisboa, estratégia de Páscoa

Mário Pinto, docente da Universidade Católica Portuguesa, escreve regularmente no PÚBLICO, abordando temas de grande pertinência. Por isso, tenho sugerido aos meus leitores a sua leitura, a par de outras que vou apreciando. Hoje apresento mais esta proposta, para quem tiver tempo de ler. Clique aqui, se quiser ler todo o artigo.

Dia Internacional do Livro Infantil

Os leitores também colaboram no meu Blogue. Hoje, publico um texto de Jeanete Conceição, funcionária da Biblioteca Municipal de Aveiro, onde mostra que está atenta ao que por aqui vou escrevendo, sobre aquilo que me parece importante. O texto da Jeanete é um desafio a outros para que também dêem a sua opinião. É na partilha que mostramos a nossa capacidade de estar com toda a gente.
Voltaremos ao tema do Dia Internacional do Livro Infantil, de preferência com a opinião dos leitores. F.M.
Recanto Infantil da Biblioteca Municipal de Aveiro
No próximo dia 2 de Abril, comemora-se o Dia Internacional do Livro Infantil, dia em que nasceu o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, há 200 anos. E porquê só o dia 2 de Abril? Por que não todos os dias serem Dias Internacionais? Promover o gosto pela leitura entre os mais novos (desde a mais tenra idade) deve ser uma tarefa das Bibliotecas, mas também dos familiares e amigos, para que a leitura faça parte das nossas vidas. Quantos sentimentos podemos transmitir, fazendo sonhar as nossas crianças e jovens através da leitura partilhada de um conto, de uma aventura... O livro pode ser o melhor amigo e o melhor companheiro de uma "viagem imaginária", em que as crianças iniciam "viagens" sozinhas e acabam na companhia do "Soldadinho de Chumbo", de "O Principezinho" ou até do famoso "Harry Potter". Os bebés, mesmo não sabendo ler, também descobrem o tesouro que o livro esconde entre a sua capa. O som vindo do soletrar das palavras, o toque das páginas recheadas de cor e cheiro... são pequenas/grandes prendas que podemos oferecer às nossas crianças, não só no próximo dia 2 de Abril, mas todos os dias. Jeanete Conceição

domingo, 27 de março de 2005

Silêncio do Papa comove o mundo

Pela primeira vez nos 26 anos do seu pontificado, o Papa João Paulo II não pôde presidir às cerimónias da Semana Santa nem dirigir a palavra aos peregrinos que se concentraram na Praça de São Pedro, no Vaticano, neste Domingo de Páscoa. Enquanto o Cardeal Ângelo Sodano lia a Mensagem do Papa para este dia, João Paulo II seguia a leitura, folha a folha. E quando tentou falar, no momento sempre esperado da bênção "Urbi et Orbi", a voz não lhe obedeceu. Então, o silêncio que se seguiu, comoveu o mundo, tanto dos crentes como dos não crentes. Simplesmente - como referiu um jornalista -, porque todos pudemos ver quanto a força do Santo Padre é superior à sua própria fé, se tal se pode dizer. E os aplausos calorosos da multidão não se fizeram esperar, com lágrimas de comoção a dizerem-lhe, e a dizerem-nos, quanto o Papa continua a ser amado. Na Mensagem, o Sumo Pontífice pede ao Senhor de todos os dons que nos ensine palavras e gestos de paz. "Paz para a terra consagrada pelo Teu sangue e repassada pelo sangue de tantas vítimas inocentes; paz para os países do Médio Oriente e da África, onde continua a ser derramado muito sangue; paz para toda a humanidade, sobre a qual sempre paira o perigo de guerras fratricidas", sublinhou. Além da urgência da paz, a mensagem do Papa lança um apelo à solidariedade: "Dá-nos [Senhor] também a força de uma solidariedade generosa para com as multidões que ainda hoje sofrem e morrem de miséria e de fome, dizimadas por epidemias letais ou prostradas por desastrosas catástrofes naturais", disse. F.M.

Frei Bento Domingues: Mística da Páscoa

1.Perante um coro de monjas apaixonadas por belos rituais litúrgicos, mestre Eckhart (1260-1327) - um célebre místico dominicano que viveu, ensinou, escreveu e pregou em Paris, Estrasburgo e Co1ónia - disse: "Cada dia é a maior das festas: a da existência de Deus."Esta sentença parece contrariar a voz de S. Gregório de Nazianzo (330-390), grande testemunha da antiguidade cristã, para quem a liturgia da Páscoa era a festa das festas, a solenidade das solenidades."Festa" é a reunião solene de uma comunidade. Nela, a comunidade reconhece o que tem de mais íntimo e, ao tomar consciência de si própria, recebe um aumento de vitalidade.
Para ler o resto do artigo de Frei Bento Domingues, ver o PÚBLICO de hoje.

Efeméride: Mário Sacramento

Mário Sacramento

No dia 27 de Março de 1969, faz hoje precisamente 36 anos, faleceu o Dr. Mário Emílio Sacramento, natural de Ílhavo, onde nasceu em 1920, tendo exercido em Aveiro a sua profissão de médico competente e atencioso, desde 1957. 
Humanista de formação marxista, desde cedo se afirmou como opositor ao Governo de Salazar, o que o levou várias vezes à prisão. Figura de militância no Partido Comunista Português, esteve sempre presente nos Congressos de Oposição Democrática realizados em Aveiro. 
Temido pela força dos seus escritos, que tantas vezes foram de difícil publicação pela acção controladora da PIDE, ainda assim deixou importantes contributos literários que, em grande parte, só viram a luz do dia após a sua morte. 
Da sua obra, destaco: "Fernando Pessoa - Poeta da hora absurda", "Fernando Namora - O Homem e a obra", "Há uma estética Neo-realista?", "Carta Testamento" e "Frátria - Diálogo com os católicos ou talvez não", de parceria com o Padre Filipe Rocha e Dr. Mário Rocha. 
Após o 25 de Abril, o seu nome emergiu como bandeira da resistência, em diversas homenagens póstumas, figurando hoje na toponímia das cidades de Ílhavo e de Aveiro. 

FM

Um poema de Eugénio Beirão

PÁSCOA 

Este é o tempo da exultação jubilosa, 
o tempo do mistério fundamental: 
A Morte é Vida e ao Pecado 
sobrevém a Graça. 
Esta é a noite gloriosa da Ressurreição, 
– noite de Luz, noite de Vida. 
Este é o Dia ardentemente esperado 
pela longa vigília dos justos 
na dura travessia da História. 
Este é o tempo da Nova Criação, 
o Dia novo da Imortalidade. 
Alegremo-nos nele e rejubilemos. 
Aleluia! 

In “Invocação de Deus” 

 NB: Eugénio Beirão é o pseudónimo artístico de João Rodrigues Gamboa, nascido em Peraboa, Covilhã, em 1939. Licenciado em Filologia Românica, foi professor do Ensino Preparatório, em Aveiro. Também frequentou, em Portugal e na Holanda, os cursos de pedagogia musical do professor Pierre van Hauwe, tendo composto mais de 200 cânticos diversos para a liturgia católica. Como se percebe, Eugénio Beirão é um inspirado poeta, tendo publicado vários livros.

F.M.

Verdadeiramente, CRISTO ressuscitou! Aleluia!

Andrea del Verrocchio (1435 - 1488), da Escola de Florença Verdadeiramente, CRISTO ressuscitou! Aleluia! Para Sua Glória e nossa salvação. Rejubilemos e dêmos graças, ao som de cânticos aclamemos o SENHOR, porque Ele está no meio de nós! Cristo veio para o que era Seu, e muitos nem O reconheceram! Mas àqueles que O aceitaram e O amam, o SENHOR os fez seus discípulos! E a todos disse que se amassem uns aos outros com simplicidade como Ele nos tinha amado de verdade! Exultemos e cantemos de alegria porque o SENHOR está no meio de nós! Para Sua Glória e nossa salvação! Santa Páscoa para todos, na alegria de Cristo ressuscitado Fernando Martins

Dia de Páscoa: Festa móvel

Muitos se interrogam sobre como é que se marca o Dia de Páscoa, que é, no calendário cristão, uma festa móvel. Para já, é importante ficar a saber que a Páscoa se celebra no início da Primavera, 21 de Março, sendo sempre no primeiro domingo, após a Lua Cheia que ocorrer naquela data ou logo depois dela. É simples, portanto. Pega-se num calendário que tenha as Luas e os seus Quartos, marca-se a Lua Cheia e o domingo seguinte é o Dia de Páscoa.

sábado, 26 de março de 2005

Código da Estrada: O que mudou?

Para saber mais sobre o que mudou no Código da Estrada, leia o texto do Diário Digital.

Mudança de hora

 
Relógio de Sol, em Três Minas, Trás-os-Montes

Na madrugada de sábado para domingo, vai mudar a hora, adoptando-se, portanto, a chamada hora de Verão. Assim, quando se deitar, adiante o seu relógio uma hora, para não acordar fora do tempo, que o mesmo é dizer, fora da hora oficial.

LEITURAS

O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, concedeu uma entrevista ao JN, que vale a pena ser lida. diz ele que, nos próximos dois referendos, votará "sim" no Tratado da Constituição Europeia e "não" no aborto. E acrescenta: "Comparando com Espanha, não vê razão alguma para qualquer tensão entre o Estado e a Igreja em Portugal, antes, e em regime concordatário, cooperação em defesa do bem comum. De sorriso disponível e aberto, as ideias e convicções de um homem que não deixa de ir à praia e que ri com quem lhe quer tirar fotografias em fato de banho. E que é visto como um forte candidato à sucessão do Papa João Paulo II. Um tema a que não foge. Embora prefira falar das suas missões na Conferência Episcopal Portuguesa, na qual termina, no próximo mês, o segundo mandato como presidente, e do Congresso Internacional da Evangelização, em Lisboa, em Dezembro próximo. Para ler tudo, clique aqui.

Novo Código da Estrada já está em vigor

Todo o cuidado é pouco
Já está em vigor o novo Código da Estrada, com multas pesadas para os transgressores. Penso que será bom que todos se debrucem sobre este Código, porque andar na estrada sem conhecer as regras pode tornar-se perigoso. Portugal, como todos devem saber, é um dos países da UE com sinistralidade mais elevada. Nas últimas 24 horas, morreram nas estradas portuguesas oito pessoas e muitas dezenas ficaram feridas. Um novo código, seja do que for, precisa sempre de ser estudado, até porque, na hora da transgressão, ninguém pode alegar desconhecimento da lei. Mas o mais importante é conhecer, de facto, as regras que temos de seguir, para não se prejudicar ninguém. O Governo apresentou este Código da Estrada, porque quer proteger-nos a todos. Por isso, todos temos de colaborar, porque os acidentes não acontecem só com os outros. Ninguém está livre de um tresloucado qualquer que ande nas estradas a ofender toda a gente. Ora eu penso que o Governo até podia decretar que todos os encartados deviam fazer um qualquer curso de reciclagem, para actualizarem os seus conhecimentos nesta matéria. Estou até convencido de que muitos portugueses, com cartas de condução obtidas há 20, 30 ou 40 anos, estão completamente a leste de muitas leis do Código da Estrada. Mas já que o Governo não o fez, há que pegar no Código para o estudar. É o mínimo. F.M.

JESUS morreu, mas ressuscitará!

Os cristãos recordam hoje, Sábado Santo, Jesus morto, na certeza da Sua ressurreição. Depois de expirar na cruz, por volta das três da tarde de Sexta-Feira Santa, o corpo de Jesus foi retirado para ser sepultado, como era a tradição. Diz São Mateus que, ao cair da tarde, veio um homem rico, José de Arimateia, que se havia tornado discípulo do Mestre, para sepultar Jesus, com autorização de Pilatos. José tomou o corpo, envolveu-O num lençol limpo e depositou-O num túmulo novo, que tinha mandado talhar na rocha. Depois, rolou uma grande pedra, certamente com a ajuda de algumas pessoas, e fechou a entrada do túmulo. Maria de Magdala e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente do sepulcro. Os outros discípulos, decerto temerosos, devem ter fugido. Hoje, ao recordar este acontecimento que antecedeu a grande libertação, que foi a ressurreição de Cristo, não posso ignorar que muitos teimam em matar o Senhor Jesus, ou fogem com medo, enquanto outros tantos, ou mais, fazem da Sua morte um sinal de esperança numa vida nova. Amanhã, Domingo da Ressurreição, cantaremos Aleluias. Cântico da Carta de São Paulo aos Filipenses Cristo, que era de condição divina, não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz. Por isso, Deus O exaltou e Lhe deu o nome que está acima de todos os nomes, para que, ao nome de Jesus, todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai.

sexta-feira, 25 de março de 2005

Um poema de Eugénio Beirão

CRISTO de Salvador Dali
 

CRUZ GLORIOSA


A cruz gloriosa do Senhor ressuscitado
é a árvore da minha salvação;
dela me alimento, nela me deleito,
nas suas raízes cresço,
nos seus ramos me estendo.
O seu orvalho me reconforta,
a sua brisa me fecunda,
à sua sombra ergui a minha tenda.
Na fome alimento,
na sede fonte,
na nudez roupagem.
Augusto caminho,
minha estrada estreita,
escada de Jacob,
leito de amor
das núpcias do Senhor.
No temor defesa,
nas quedas apoio,
na vitória a coroa,
na luta és o prémio.
Árvore da salvação,
pilar do universo,
o teu cimo toca os céus
e nos teus braços abertos
chama-me o amor de Deus.

Eugénio Beirão


Feira de Março vem animar a cidade

A multissecular Feira de Março de Aveiro aí está para animar a cidade e suas gentes. A partir de hoje e até 25 de Abril, no Parque de Feiras e Exposições, o povo da cidade e arredores já tem onde passar uns bons momentos, com tudo o que a Feira oferece. É certo que o figurino é sempre o mesmo, mas nem assim o sortilégio da Feira de Março deixa de atrair gente de todas idades e estratos sociais. Novos e velhos, todos ali têm algo de antigo ou moderno para aprecia, para degustar, para comprar. Sim, para comprar aquilo que nunca se encontra em parte nenhuma, aquilo que só ali descobrimos. As diversões, de sempre mas com inovações, os espectáculos de fins-de-semana, os amigos com quem nos cruzamos e que já não víamos há muito tempo, tudo será motivo para uma visita. Mas se não gostar de apertos, então vá num dia de semana, para andar mais descansado. Depois, não se esqueça de que este certame tem já 571 anos de existência, o tempo suficiente para se impor à cidade e ao País, até porque se vai actualizando ao sabor da maré. É que o comércio e a indústria, de variadíssimos ramos, também há muito marcam presença nesta Feira, que não fica a dever nada a outras que se vão organizando em grandes cidades. Diz Alberto Souto, na sua mensagem para a Feira de Março de 2005, que "a nossa cidade sente uma animação acrescida". E acrescenta: "Aquele que é conhecido como um dos maiores certames de Portugal traz a Aveiro dezenas de feirantes do comércio e das diversões, que, de ano para ano, têm contribuído para a qualidade e a diversidade da oferta, assim cimentando o prestígio da Feira e a sua atractividade junto do público de toda a região." F.M.

Requiem de Mozart

Mozart

Hoje vou ouvir o Requiem de Mozart, música bem adequada para uma Sexta-Feira Santa. Foi composta por Mozart, quando estava no seu leito de morte, para alguém que lha havia encomendado. Não a terminou, mas o seu aluno Sussmayr soube concluí-la com muita sensibilidade.
Diz a história que Mozart, um dos maiores compositores de todos os tempos, se é que não é mesmo o maior, compôs este Requiem "não só com toda a sua fé, que era viva e sincera, mas também com uma ansiedade agravada pela doença".
Ao ouvir esta Missa de Requiem, sentimos um tom profundamente dramático, que não se sente em toda a música religiosa do autor. Por exemplo, os trombones, como sublinhou um crítico, tornam visíveis, por assim dizer, as cenas do Juízo Final que evocam.
Sexta-Feira Santa não será um dia para outras músicas. Hoje, portanto, recomendo esta aos meus leitores. E podem crer que este Requiem nos eleva muito alto.


Fernando Martins

Às 15 horas, Jesus morre na cruz

Jesus, a caminho do Calvário, contempla Sua mãe
Toda a Igreja recorda hoje, pelas 15 horas, a morte de Jesus Cristo na cruz, tendo a seu lado dois criminosos. A um, prometeu que nesse dia se encontraria com Ele no paraíso. No fim de um processo manipulado, Pilatos lava as mãos e entrega Jesus para ser crucificado no monte do Calvário, depois de carregar a Sua cruz até ao cimo do monte. Como Filho de Deus, poderia ter pedido ao Pai legiões de anjos para o defenderem dos que O queriam matar, mas não o fez. O Filho do Homem, que nasceu humilde numa gruta, para nos dar o exemplo da simplicidade, quis, contudo, morrer para redimir toda a humanidade: dos que crêem e dos que o ignoram. E a Sua entrega aos algozes, sem revolta, mostra-nos a dimensão do Seu amor por todos nós. Hoje e sempre, até à consumação dos séculos. A morte de Cristo foi, no entanto, o princípio de uma grande nova, a Sua Ressurreição, o grande mistério da nossa fé. Se ele não tivesse ressuscitado, como rezavam as escrituras sagradas, seria vã a nossa fé. Isso mesmo recordou São Paulo aos que alimentavam dúvidas sobre esse acontecimento que marcou a história. Hoje, pelas 15 horas, que todos saibamos parar um minuto na vida. Em silêncio, lembremos a morte d'Aquele que, ao ressuscitar, nos garantiu uma vida nova, a vida da graça, que nos há-de conduzir, um dia, ao seio do Pai. Fernando Martins

quinta-feira, 24 de março de 2005

Júlio Verne morreu há 100 anos

Há 100 anos, precisamente em 24 de Março de 1905, morria em Amiens, França, um "profeta" que, de alguma forma, se antecipou no tempo. Júlio Verne, um dos escritores mais lidos e traduzidos do mundo, ofereceu no seu tempo obras que o imortalizaram, essencialmente por prever descobertas que anos mais tarde se tornariam realidade. Aliás, ele próprio afirmou que "tudo o que um homem é capaz de imaginar, um outro será capaz de o realizar", como bem lembrou hoje o PÚBLICO, nas páginas que lhe dedicou. Quem há por aí que não conheça as aventuras fantásticas de Júlio Verne, que enchem livros como Miguel Strogoff, A vota ao mundo em 80 dias, Vinte mil léguas submarinas, Da Terra à Lua, Viagem ao centro da Terra, Os filhos do Capitão Grant e Cinco semanas de balão, entre muitas outras que enriqueceram a nossa imaginação juvenil? Na minha juventude, não resisti a "devorar" com uma avidez insaciável as obras de Júlio Verne, encontradas na biblioteca de família amiga, que gentilmente mas foi emprestando. E então, participei em viagens fantásticas: vivi com o capitão Nemo num sofisticado submarino, andei na aventura do Miguel Strogoff que se fingiu de cego, fui à lua e joguei as cartas com os tripulantes da cápsula que amarou não muito longe das tripuladas pelos actuais descobridores do universo. E o mais curioso é que, ainda agora, me apetece ler uns capítulos dessas obras que encherem o meu imaginário e que se vão perpetuando no tempo. É o desafio que lanço aos mais jovens de 2005, 100 anos depois da morte do homem que "profetizou" um futuro que veio a tornar-se realidade. F.M.

quarta-feira, 23 de março de 2005

KOFI ANNAN

Gosto de ler os artigos do Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, e os textos alusivos às suas conferências e intervenções, fundamentalmente pelo optimismo que revelam. Na posição em que está, Kofi Annan dá-nos, assim, um exemplo de esperança no futuro. Confesso que muitas vezes me insurgi contra posições dúbias da ONU face a conflitos entre nações, reclamando, por isso, a renovação das Nações Unidas e mais poderes para poder evitar as guerras, até porque esta organização internacional nasceu para promover a paz, a liberdade, a democracia e o progresso. No seu artigo de hoje, publicado no PÚBLICO, o Secretário-Geral da ONU lembra que a organização que dirige não podia, há 20 anos, tomar partido entre a democracia e a ditadura ou intervir nos assuntos internos dos países-membros. E acrescentou que, "só no último ano", já foi possível "organizar eleições em mais de 20 países, muitas vezes em momentos decisivos da sua história", o que mostra como o mundo vai caminhando rumo à democracia, no respeito pelos direitos humanos. Kofi Annan sublinha que 60 anos de paz e de crescimento no mundo industrializado deram à raça humana "o poder económico e os meios técnicos para vencer a pobreza e os males que a acompanham", tendo acrescentado que "já não temos qualquer desculpa para deixar mais de mil milhões de seres humanos numa miséria abjecta. São apenas necessárias algumas decisões claras dos governos, tanto dos países ricos, como dos países pobres". Este é mais um desafio aos Estados-membros das Nações Unidas, na esperança de que todos, então, dêem a sua contribuição, decidida e decisiva, para a erradicação da fome no mundo. Kofi Annan termina o seu artigo manifestando o desejo de que os dirigentes se mostrem "à altura das suas responsabilidades". E se assim for – conclui – "o renascer e a renovação das Nações Unidas estarão apenas a começar — e com eles, uma esperança renovada de um mundo mais livre, mais justo e mais seguro". Fernando Martins
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Tríduo Pascal
A partir de amanhã, Quinta-Feira Santa, os cristãos vão viver as cerimónias do Tríduo Pascal, de preparação para a Páscoa do Senhor. A Páscoa é a festa das festas, ou não fosse ela "o mistério admirável da nossa fé". Com a Sua Ressurreição, Jesus Cristo venceu as trevas da morte para nunca mais morrer. Com a Páscoa, nasce o novo Povo de Deus, a Igreja, que tem na base a certeza de que Cristo continua no meio do mundo, conduzindo a história no respeito absoluto pela liberdade de cada um. Cristo oferece-Se a todos, mas nem todos O aceitam. Mas os que O aceitam tornam-se fonte de alegria, de optimismo, de justiça, de paz, de amor e de esperança para todos. Páscoa é também sinal de reconciliação e de partilha, de dádiva solidária a quantos sofrem, de fé em dias mais fraternos, mais humanos. Páscoa é ainda sinal de perdão: de quem o dá, com simplicidade e de coração aberto; de quem o pede, com sinceridade e humildade. A todos, desejo Santas Festas da Páscoa, na alegria de Cristo Ressuscitado. Fernando Martins

terça-feira, 22 de março de 2005

Programa do Governo sem grande contestação

O Programa do Governo de José Sócrates não sofreu grande contestação no Parlamento. As oposições limitaram-se a falar por falar, ficando-se alguns oradores por questões marginais, que levaram o primeiro-ministro a brilhar neste seu primeiro confronto institucional. Com o PSD e o PP sem líderes (estão ainda à procura deles), o debate não atingiu o que se esperava. De qualquer modo, penso que o Governo começou bem, com algumas promessas que vêm na linha do que havia sido garantido na campanha eleitoral. Na impossibilidade de aqui apresentar todas as medidas anunciadas, limitar-me-ei a citar algumas, particularmente as que mais me sensibilizam, a saber: - Até final da legislatura, o Governo garante que vai tirar os idosos da pobreza. Qualquer idoso com mais de 65 anos ficará a receber, pelo menos, 300 euros por mês. O programa começa em 2006, abrangendo, para já, os que têm mais de 80 anos. Os outros vão ter que esperar; - No primeiro mês do Governo, vai ser lançado o combate à fuga nas contribuições para a Segurança Social e à fraude nas prestações sociais de doença e de desemprego; - As férias judiciais passam a ser de um mês apenas, e não dois, como têm sido; - Vai ser apresentada uma proposta de lei sobre nomeações dos cargos dirigentes na função pública e sua vinculação ou autonomia face às mudanças eleitorais; - A disciplina de Inglês vai ser introduzida no Ensino Básico nas escolas englobadas em agrupamentos escolares, a partir do 3º ano; - Vão ser aperfeiçoados os mecanismos de avaliação do mérito e do desempenho dos funcionários públicos, dos seus dirigentes e dos serviços. O Programa do Governo revela, pelo que li, um respeito muito grande pelas promessas feitas na campanha eleitoral. Resta saber se é possível levar por diante o que foi apresentado na Assembleia da República. Agora ficaremos todos à espera, para mais tarde julgarmos. F.M. ooooooooooooooo oooooooooooooooo O Aborto
O Governo garante que vai implementar a realização de um referendo sobre o aborto, conforme havia prometido na campanha eleitoral. Quer, a partir daí, dar liberdade às mulheres para poderem abortar até às dez semanas, sem qualquer penalização. Não ouvi dizer que o aborto precisa, também, do parecer do pai da criança gerada no ventre materno. José Sócrates prometeu participar, activamente, na campanha a favor do aborto, sublinhando que este será "um passo decisivo na modernização do País". Eu penso que é o contrário. E comigo devem estar todos os que acreditam na vida como coisa sagrada, que deve ser preservada desde a concepção até à morte natural. Há por aí quem pense que os que lutam contra o aborto o fazem por uma questão religiosa. Não é. Há muita gente que discorda do aborto e que não professa qualquer religião. O problema está, a meu ver, num certo egoísmo que se instalou nas sociedades modernas, onde o hedonismo é procurado sem regras. O homem e a mulher, que têm direito aos prazeres da vida, sob múltiplos aspectos, não podem, em nome disso, fazer o que querem e lhes apetece. E quando se brinca com a vida, esteja ela no princípio ou no fim, perde-se o respeito por princípios sagrados, que deviam ser cultivados em todos os momentos. Alguns pensam que a liberalização do aborto vem pôr fim ao aborto clandestino. Puro engano. Ninguém até hoje provou que isso é verdade. Então, os que acreditam na vida, repito, não podem ficar indiferentes na hora do voto em referendo. Tal atitude seria uma prova de covardia. Voltarei ao assunto e aceito opiniões por e.mail (rochamartins@hotmail.com). F.M.
ooooooooooooooo ooooooooooooooooooo DIA MUNDIAL DA ÁGUA
Celebra-se hoje o DIA MUNDIAL DA ÁGUA, para todos pensarmos um pouco sobre a forma como temos tratado este bem precioso que começa a ficar escasso. No dia-a-dia nem nos apercebemos disso, mas quando temos a envolver-nos uma seca tão agreste como a que estamos a sentir, então é bom que meçamos o uso que fazemos da água: se continuamos como se nada estivesse a acontecer, se a gastamos sem regra e se a desperdiçamos sem medir as consequências. Está provado que uma significativa parte da água de consumo se perde no caminho até nossas casas, e também é certo que, nos serviços domésticos, se gasta água por tudo e por nada. Banhos com água sempre a correr, torneiras abertas para a rede de esgotos, regas com água da companhia, quando já há povoações a serem abastecidas pelos bombeiros ou pelas autarquias, tudo isto nos deve levar a mudar de atitudes. A água, com os ataques sistemáticos à natureza, é um bem que começa a rarear. Por isso, todo o cuidado é pouco e muito deve ser o esforço ao nível da educação, para sensibilizar toda a gente para o respeito pela natureza, fonte de toda a água de que a humanidade precisa. F.M.

segunda-feira, 21 de março de 2005

DIA MUNDIAL DA POESIA

Hoje, segunda-feira, é o Dia Mundial da Poesia, motivo mais do que suficiente para falar dela. A minha primeira reacção foi oferecer aos meus leitores um poema bonito, de um poeta conhecido ou não. Um poema da minha preferência, daqueles que me enchem a alma e me sugerem a partilha com os outros. Mas não o faço. Simplesmente porque entendo que cada pessoa tem os seus poetas preferidos e, dentre eles, os seus poemas predilectos. Apresentar um e só um, hoje, seria uma heresia. Cada qual que escolha, então, um poema e envolva com ele todos os momentos deste dia. 

A poesia não é só um conjunto de palavras ordenadas para nos presentearem uma mensagem, bem embrulhada em ritmo, harmonia e musicalidade. Ela é também uma flor bonita, um sorriso de criança, a ternura de um idoso, o encanto de quem ama, a solidariedade de gente generosa, uma paisagem que nos leva a sonhar. 

A poesia está em toda a parte: na amizade que damos, na natureza sempre em busca da Primavera, nos regatos silenciosos que alimentam rios e mares, no universo e nos seus segredos, no mundo microscópico e macroscópico que nos eleva até ao Criador. 

A poesia está a meu lado, de manhã à noite, quando me deito e quando me levanto. Envolve-me quando procuro ser bom e foge de mim quando ignoro os outros. A poesia é a vida feliz que experimento constantemente e até a vida com os seus momentos menos alegres. 

A poesia merece, pois, um Dia especial. Para olharmos para ela, para a divulgarmos, para a criarmos. Todos temos dentro de nós poesia à espera de nascer. À espera de desabrochar. À espera que aprendamos a oferecê-la aos outros. A poesia é o nosso amor por uma humanidade mais fraterna.

Fernando Martins 

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A Força da Fé

Penso que todos, crentes e não crentes, reconhecem a força da fé que anima o Papa João Paulo II. Nos mais diversos momentos do seu longo pontificado, o Papa mostra ao mundo a sua capacidade de amar, num espírito evangélico nunca regateado. Ele quer estar em todas as circunstâncias com os que sofrem, com os tristes e angustiados, com os deserdados da sorte, com os que procuram a verdade, a justiça, a liberdade e o amor. Mesmo quando ele próprio sofre. Depois da operação melindrosa a que foi submetido e quando muitos auguravam longo tempo de repouso e de restabelecimento, João Paulo II não desiste de estar com o povo. Ontem, mais uma vez, veio ao encontro dos mais de 50 mil peregrinos que o esperavam na Praça de São Pedro. Não para falar, mas para os ver. E não deixou, talvez com muito sacrifício, de os abençoar, erguendo, bem alto, o ramo de oliveira, o cristão símbolo da paz. 

F.M. 

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Ainda a pobreza em Portugal

Ontem abordei, ligeiramente, o problema da pobreza em Portugal. Como tantas vezes o tenho feito nos mais diferenciados lugares. Disse então, como pode ser confirmado, que no nosso País há 200 mil portugueses a passar fome, no dia-a-dia, de portas abertas, uns, e escondidos, outros. Talvez a maioria, neste último caso. 

De cada vez que há eleições, os políticos garantem que o problema da pobreza vai ser tarefa prioritária do Governo. Mas, apesar dessas promessas, o problema persiste, escandalosamente. A nossa sociedade está habituada a pensar, e disso faz ponto de honra das suas reclamações, que é tarefa dos governantes erradicar a pobreza das nossas comunidades. 

Mesmo as instituições vocacionadas para isso, que tanto fazem para ajudar os que precisam, não deixam de reclamar mais apoios do Governo. Porém, a sociedade em si, sem alma, continua eternamente à espera que alguém (indefinido) resolva os problema. O que é de lamentar, porque todos somos co-responsáveis. Do Estado podemos e devemos esperar, penso eu, mais facilidades e mais estímulos para que as instituições e as pessoas se ajudem mutuamente nos momentos difíceis, segundo o princípio da solidariedade e da caridade cristã. 

O Estado não pode fazer tudo. Porque não tem meios, porque não está próximo das pessoas, porque não sente os dramas dos pobres envergonhados. Graça Franco, jornalista da Renascença e cronista do PÚBLICO, escreveu hoje, neste jornal, a propósito da pobreza que existe entre nós: "Eng. Sócrates se tiver de esquecer uma das suas promessas deixe lá os impostos. Se for preciso suba-os mas não deixe de cumprir a promessa de combater a pobreza e a exclusão social. Se as nossas consciências não respondem porque ficaram do tamanho das cabecinhas de alfinete... agitem-nos as carteiras!" Subscrevo, obviamente, esta proposta. 

Fernando Martins

domingo, 20 de março de 2005

Mais portugueses com fome

Um ano depois de mostrar ao País e às pessoas mais desatentas que há cerca de 200 mil portugueses a passar fome, o PÚBLICO voltou hoje, domingo, a alertar para a realidade de que esse número está a crescer. Porque me parece que o tema não pode cair no esquecimento dos políticos, em particular, e de todos nós, em geral, não resisti à ideia de vir partilhar com os meus amigos da blogosfera esta inquietação, propondo a cada um a reflexão que se impõe, tendo por meta, de alguma forma, minimizar o problema. Cinco páginas e o Editorial do director José Manuel Fernandes são elucidativos sobre a situação dramática em que vivem muitos dos nossos concidadãos. O desemprego, os ordenados baixíssimos, as reformas de miséria, o endividamento de famílias, mães que trabalham com a prole, exclusivamente, a seu cargo, ordenados em atraso, encerramento de fábricas, entre muitas outras razões, estarão na base da pobreza em Portugal. Defende o director do PÚBLICO que o “Estado pode e deve criar novos e melhores mecanismos de solidariedade, tanto para assistir às situações extremas onde a pobreza é mesmo uma fatalidade (como é o caso de muitos idosos), como para apoiar os que ajudam a recuperar quem está nas margens da sociedade. Mas não se deve esperar ou exigir do Estado que cuide de todos, até porque isso geraria dependências que apenas agravariam os ciclos de pobreza. Deve-se sim estimular, apoiar, participar, financiar, as organizações que estão no terreno e fazem com muito pouco imenso – o imenso que torna menos imensa a brutalidade das realidades a que hoje regressámos nas páginas do PÚBLICO”. Estou mesmo em crer que, se todos os órgãos de comunicação social se debruçassem sobre estas questões, em vez de se entreterem e nos entreterem com futilidades e politiquices, tudo poderia mudar a curto e médio prazo. E como o actual primeiro-ministro José Sócrates afirmou, em Janeiro deste ano, que “A palavra pobreza vai voltar ao dicionário da agenda política em Portugal”, vamos todos acreditar, positivamente, que vai ser mesmo assim. Fernando Martins

sexta-feira, 18 de março de 2005

Aristides de Sousa Mendes perpetuado em Jerusalém

Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus durante a segunda guerra mundial, foi perpetuado, hoje, no Museu do Holocausto, em Jerusalém, por ter salvo mais de 30 mil judeus das perseguições nazis, pondo em risco a sua sobrevivência como diplomata. Presentemente, são centenas de milhares os descendentes dos que escaparam das garras da Gestapo e da SS de Hitler, que os perseguiam pelo simples facto de serem judeus. Aristides de Sousa Mendes, que foi exonerado das suas funções pelo Governo de Salazar, acabou por morrer na miséria, unicamente por ser fiel às suas convicções humanistas e cristãs. E não há registo de se ter arrependido pelo que fez. Honra, por isso, à sua memória. Que o seu exemplo sirva a todos os indecisos, para que assumam, sempre, posições compatíveis com os seus ideais, em direcção a uma sociedade mais humanizada. F.M. «««««««««««««««««««««««« Porta aberta a todos Nesta "porta" que encontrei na Biblioteca da Figueira da Foz, só posso congratular-me com o que tenho visto. Muita gente, a qualquer hora, procura cultivar-se. Novos e menos novos, estudam e lêem, ouvem música, frequentam a Net e consultam livros e jornais. Estudantes universitários e outros, aposentados e profissionais dão vida a este espaço cultural, que se enquadra num todo que engloba o Museu Santos Rocha, grande arqueólogo figueirense, e o Centro de Arte e Espectáculos. Vale a pena passar por aqui uma tardes e ver que, afinal, há muita gente que procura cultivar-se, nas horas vagas. F.M.

quinta-feira, 17 de março de 2005

Férias

Durante uma semana, estarei longe do meu local de trabalho. Por isso, só voltarei a este espaço se encontrar pelo caminho uma "porta" por onde possa entrar, para partilhar, com os meus amigos, o que de bom há no nosso mundo.
Fernando Martins

Mensagem Pascal do Bispo de Aveiro

Louvado o Senhor da Páscoa, 
alegria e força de quem crê 


Eu sei, Senhor, que a Páscoa é a Festa, da minha alegria e da minha fé. Sei-o desde criança, mesmo sem entender por que era assim. Mais tarde percebi que não podia ser de outra maneira. Porque a Páscoa, Senhor Jesus, assim o creio, é, pela Tua Ressurreição, a vitória definitiva sobre a morte. É a Vida, por inteiro, oferecida a todos, por igual. Assim, fui e vou experimentando, em mim e à minha volta, que a Tua Páscoa é fonte inesgotável de alegria, certeza perene de amor, sentido iniludível de paz, fundamento inquebrantável de esperança, garantia definitiva de vida, vida que é sempre dom e festa.
Já não sei viver sem a Tua Páscoa, Senhor da Vida, sem a alegria que dela brota, sem a certeza de Ti, sempre vivo, que a tudo dás sentido. Pela Tua Páscoa e a descoberta de nela eu ter lugar, ouvi, um dia, o convite para Te seguir, joguei contigo a vida que me deste, fui aprendendo, a teu jeito, a fazer dos outros o meu caminho, e a amar o tempo e a sociedade, em que me é dado viver. Por isso, cantarei, cada dia, a alegria da Tua Páscoa, Senhor! Cada dia agradecerei a graça da Tua Páscoa. Cada dia do meu viver, sentirei a certeza da Tua Páscoa, nos desafios que me tocam, na luta dos irmãos, nos sonhos da humanidade... 
Páscoa de Cristo, festa do coração e da alegria sem limites! Luz nova que esclarece, purifica, compromete! Bendita Páscoa, que liberta de medos e tristezas, de injustiças e mentiras, de dores sem sentido, de amor sem misericórdia, de passos mal andados! 
Bendita Páscoa, que a todos une, como irmãos, a todos abre novos caminhos de vida! Páscoa de Cristo, minha Páscoa e nossa Páscoa! Alegria de Cristo, minha alegria e nossa alegria! Luz de Cristo, minha luz e nossa luz! Vitória de Cristo, vitória de todos quantos crêem, que só Ele é o Senhor!

António Marcelino, Bispo de Aveiro

LEITURAS

No Correio do Vouga pode ler o artigo de D. António Marcelino, intitulado “Liberdade e vida, inseparáveis e nunca concorrentes”. De Acácio Catarino, “Quatro patamares da política social”. Pode ainda ler “Em busca da casa comum”.

ÍLHAVO, VAGOS E MIRA unidos na defesa da FLORESTA

Os municípios de Ílhavo, Vagos e Mira avançaram com uma Comissão Intermunicipal da Floresta. Num tempo de seca, como não se via há muitos anos, os técnicos admitem a intensificação dos fogos florestais no próximo Verão. Aliás, ainda não estamos na Primavera e esse flagelo já apareceu no nosso País, causando estragos incalculáveis. Esta Comissão, a todos os títulos louvável, pretende, para além da gestão dos meios de combate aos fogos florestais, apostar na preservação da Floresta a todos os níveis. A Câmara Municipal de Ílhavo informou, entretanto, que vai mobilizar jovens para acções de vigilância e limpeza da conhecida e centenária Mata da Gafanha, durante as férias escolares do Verão, depois de uma preparação prévia, a ministrar pelos Bombeiros de Ílhavo.

terça-feira, 15 de março de 2005

DIA MUNDIAL DOS DIREITOS DOS CONSUMIDORES

Hoje celebra-se o Dia Mundial dos Direitos dos Consumidores. É mais um dia para pensar nos direitos que nos cabem enquanto consumidores. Direito a um atendimento delicado e esclarecedor, direito a produtos de qualidade e respeitadores das regras estabelecidas, nomeadamente ao nível da higiene, direito a preços justos, direito a uma publicidade não enganosa, direito a reclamar quando nos sentirmos prejudicados, direito a factura/recibo dos pagamentos que fizermos, direito a serviços, estatais ou particulares, competentes e atenciosos, direito à formação e à informação, direito à reparação de danos, direito à segurança, contra produtos que possam prejudicar a nossa saúde. Mas também há deveres, que nos obrigam a tratar com educação os que nos atendem. Acontece que nem sempre pensamos nestas coisas e muitas vezes deixamo-nos enganar por promessas fraudulentas, publicidades menos correctas e vendedores pouco escrupulosos. Torna-se, pois, necessário, que compremos só o que nos faz falta, só o essencial, não nos deixando levar por papéis e mais papéis que nos podem induzir em erro. Antes de comprar, seja o que for, temos de comparar preços e qualidade, porque, frequentemente, somos atraídos pelo que custa menos dinheiro, quando é certo que "o que é barato sai caro". F.M.

Para pensar

Cultura do Entretenimento É preciso construir o homem livre
"Emerge na sociedade contemporânea um novo tipo de angústia: a angústia do preenchimento do tempo livre. Ter muito para fazer, muitas propostas culturais, uma agenda de possibilidades e nenhuma parecer interessante. O tempo livre e a experiência do tédio não é um problema novo, é, aliás, recorrente na história. Escreveu Eric Weil: "Se, obtido tudo o que razoavelmente se pode desejar, as pessoas estão ainda insatisfeitas e se todo o mundo partilha do mesmo sentimento de insatisfação, pode então desencadear-se o recurso a coisas não razoáveis. Estamos todos de acordo num ponto, a saber: que a violência é o único verdadeiro passatempo". Este problema tem que nos fazer pensar sobre o sentido de cultura e educação como projecto de construção da identidade de homens livres. E o filósofo propõe um caminho: "uma educação que obrigaria cada um a admitir a sua perplexidade, o seu tédio, o seu desespero - não a confessá-lo publicamente a uma autoridade ou especialista, mas a confessar a si mesmo que está à procura de qualquer coisa que não tem e que deseja mais do que tudo no mundo" Excerto de "Cultura do Entretenimento", de Paulo Vale, no "site" da Comissão Episcopal de Cultura

"SUBVERSIVO"

Sarsfield Cabral
No seu artigo de hoje, no DN, com o título "Subversivo", Sarsfield Cabral afirma que "Não cabe à Igreja avançar soluções técnicas ou políticas. Mas cabe-lhe despertar as consciências para que as procurem, não se acomodando ao que está".

POBRES EM PORTUGAL

JORGE SAMPAIO: "Combater as desigualdades é um imperativo da democracia" Presidente da República: Foto de arquivo
O Presidente da República deu o mote: "Oiço há muitos, muitos anos o número de dois milhões de pobres em Portugal... Não me interrogo sobre a sua veracidade, ando pelo país e apercebo-me das desigualdades que existem." No entanto, continuou, "pergunto-me sempre por onde andam os fundos estruturais" e "o que é que fizemos" com eles. Para saber mais, leio o PÚBLICO.

CUFC: Festa de Páscoa

Festa de Páscoa. Foto de arquivo
Amanhã, quarta-feira, às 18.30 horas, vai ter lugar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) uma Festa de Páscoa. Depois de toda uma caminhada quaresmal, das dinâmicas de celebrações e cultura, somos todos convidados para esta festa, cujo ponto alto será a Eucaristia, presidida por D. António Marcelino. Depois, acontecerá confraternização, com muita alegria. Movimentos, Grupo de Crisma, Comunidades PALOP, Cursos de Viola e de Primeiros Socorros, Voluntários dos Projectos, Amigos... Professores, Funcionários, todos membros da Comunidade Universitária, são convidados a participar, em espírito de encontro e de fé, mas também de partilha solidária, onde cada um dá um pouco da sua riqueza interior, e não só.
A Ceia da Paz Neste dia recordamos aquela noite de luz Em que, na Última Ceia, aos seus irmãos deu Jesus O cordeiro e o pão ázimo segundo os ritos formais que o Senhor na antiga lei ensinara aos nossos pais. No fim da Ceia, comido o cordeiro imaculado No qual o Seu sacrifício tinha sido figurado Cremos todos que aos discípulos Ele mesmo, pão do Céu, o Seu Corpo, todo a todos... e todo a cada um, deu. Aos fracos e esfomeados deu o Seu Corpo a comer, E aos tristes, fonte de vida, deu o Seu Sangue a beber, Dizendo-lhes: recebei este cálice que vos dou, Bebei todos deste Sangue que do Meu peito jorrou! Ó divindade una e trina, vossos filhos Vos imploram: Visitai os corações que prostrados vos adoram! E pelos vossos caminhos, por onde os homens chamais, Levai-nos à Luz eterna, aonde Vós habitais! Hino de Quinta-Feira Santa (Liturgia das Horas)

POSTAL ILUSTRADO

Forte da Barra

segunda-feira, 14 de março de 2005

LEITURAS: NOVOS PROBLEMAS

NOVOS PROBLEMAS é o título de um artigo de Helder Ramos, Professor Efectivo do Ensino Básico e Secundários e nosso conterrâneo, publicado no PÚBLICO e que merece ser lido. Sublinha ele que, "Com as sucessivas mudanças sociais e as consequentes actualizações legislativas, descobriu-se na Escola uma plataforma de interesses nunca antes vista". Para ler, clique aqui.

NO CUFC

Bênção dos Finalista - 2005
A Bênção dos Finalistas da Universidade de Aveiro (UA) está já a ser preparada. Terá lugar no dia 8 de Maio, na Alameda da UA, esperando-se a adesão de todos os alunos que, preparados para a vida, estão de partida. Para reflectir, aqui oferecemos uma bonita Mensagem da Comissão da Bênção dos Finalistas: Um passo no futuro
Antes de partir, a nossa mesa redonda!
Num tempo que voou, Porque o vivemos a brilhar, Foram anos, trabalhos, cadeiras e canseiras sem parar!
A todos, foram imensos, Eis chegada a hora de reconhecer: Olhar para trás, sentir o vencido mar, À Ria, às gentes de Aveiro agradecer!
E se ao futuro a incerteza pertence Na hora sempre sofrida de partir, Fica-nos o sabor bem especial Da arte da esperança sentir!
A Bênção é a nossa festa especial, Finalistas da academia vamos cantar! É o dia da unidade e grito maior Que nos leva aos céus a Deus louvar!
Será, em mesa universal, a aula maior Onde a abundância da paz todos encanta..., Símbolos e Cursos, na Alameda, projectam o melhor... O sonho, o futuro, triunfo de agiganta!

Cantar pelas Almas do Purgatório

Casa Gafanhoa
No próximo sábado, 19 de Março, pelas 21.30 horas, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré vai Cantar pelas Almas do Purgatório, a partir da Casa Gafanhoa. Esta é mais uma iniciativa que recorda tradições antigas, que ainda retenho na memória, música e parte da letra. Quando era menino, o Cantar pelas Almas do Purgatório fazia-se à noite, na Quaresma. Três homens erguiam um painel e duas lanternas, e atrás seguiam as pessoas rezando e cantando. Entravam nas casas que lhes abriam a porta da sala do Senhor, sala da frente, e com devoção entoavam cânticos, cuja letra reproduzo, em parte, da segunda edição da Monografia da Gafanha, de 1944, do padre João Vieira Rezende, que foi prior da Gafanha da Encarnação. Recebiam esmolas que depois eram aplicadas na celebração de missas pelas almas do Purgatório. Joèlhemos nós in terra Já nusêmos os premêros Nossa companhia banha Jesus Cristo berdadêro. Atromantadas de dores De contínu padecer, Assim são nas almas santas Nu Prugatório arder. Das almas do Prugatório É bem que nos alembremos; Nós havemos de morrer Sabe Deus par donde iremos. Ò almas santas benditas Pedi ó Nosso Senhor Qu’êste nosso oração Seja im bosso loivor. Seja im, bosso loivor Tamê da Birgem Maria, Pelas almas Padre-Nosso Pur elas Ave-Maria. (Excerto da versão do padre João Vieira Rezende, in Monografia da Gafanha)

Tema em destaque

No PÚBLICO
Mário Pinto reflecte sobre
Revisão Constitucional 1.No discurso de tomada de posse do primeiro-ministro Sócrates, que apenas ouvi e ainda não pude ler com vagar, notei breves mas destacadas referências a tópicos fundamentais de doutrina social e política. Porém, a breve referência política a princípios deixa sempre a interrogação acerca da sua interpretação e aplicação no futuro, que pode sofrer grandes variações, às vezes de 180 graus. É por isso que se torna necessário esperar para ver. Entretanto, essas referências estimulam-me a algumas considerações sobre questões cuja discussão doutrinal é insuficiente entre nós. José Sócrates falou de igualdade de oportunidades e de liberdade - e eis aqui uma magna questão, em que subsiste uma tensão inevitável entre a igualitarização estato-administrativa (maior intervencionismo e providencialismo estatal) e a liberdade e responsabilização pessoal no aproveitamento das oportunidades (mais responsabilização da iniciativa privada e da sociedade civil). Creio que nós temos este problema mal resolvido.
Para ler, clique aqui.

JOÃO PAULO II regressa ao Vaticano

Depois de 18 dias de internamento na Clínica Gemelli, em Roma, o Santo Padre já regressou ao Vaticano, onde vai prosseguir a reabilitação da traqueotomia a que foi sujeito, por complicações respiratórias. O Sumo Pontífice fez o trajecto de regresso a casa numa viatura com uma câmara de televisão instalada no seu interior, permitindo a transmissão de imagens em directo. Durante o percurso, João Paulo II saudou as centenas de pessoas que se juntaram ao longo da estrada. Segundo os serviços de informação da Santa Sé, será João Paulo II a decidir em que actividades da Semana Santa participará, de 20 a 27 de Março.

POSTAL ILUSTRADO

Canal Central

domingo, 13 de março de 2005

Johann Strauss II


Valsas para sempre 

Johann Strauss II 

Parte da tarde deste domingo vai ser para ouvir Johann Strauss II. O Strauss das valsas para sempre, para todos os tempos. Quem há por aí que não conheça o Danúbio Azul, a Valsa do Imperador, o Sangue Vienense ou Contos dos Bosques de Viena? Quem há por aí que, ao ouvir uma valsa, qualquer que ela seja, de preferência dos Strauss, não sinta o corpo a puxá-lo para um pezinho de dança? 
Johann Strauss foi o considerado o "pai da valsa", mas seu filho, do mesmo nome, esse foi o "rei da valsa", que empolgou Viena e o mundo com melodias que muitos conhecem. Ainda hoje. Este Johann Strauss II, o filho mais velho do Johann Strauss, nasceu em 25 de Outubro de 1825 e faleceu no dia 3 de Junho de 1899, vitimado por uma pneumonia. Mas antes de morrer e durante toda a sua vida, desde muito jovem, viveu para a música, oferendo-a ao povo, em locais públicos, com a sua orquestra de 15 executantes, que ele dirigia enquanto tocava violino. O nosso Strauss deste domingo percorreu as principais cidades da Europa e da América, onde, como compositor e maestro, deliciou o tempo de então, chegando aos nossos dias a sua arte sem paralelo no género. Também compôs operetas e outras músicas, em especial polkas, mazurkas e marchas, sempre ao gosto popular. 

F.M.

LEITURAS

1 – No PÚBLICO, pode ler o já habitual artigo de Frei Bento Domingues, “Jesus Cristo: uma revolução traída?”. No mesmo jornal, e também como é habitual, leia o texto de António Barreto, “A primeira prova”. 2 – No DIÁRIO DE NOTÍCIAS, pode ler o tema do dia, a tomada de posse do novo Governo e a promessa de José Sócrates, de “lutar contra interesses particulares e corporativos”. No mesmo diário, leia “Sampaio apoia Governo mas exige decisões”.

Novamente no PORTO

A "Ferreirinha" D. Antónia, a "Ferreirinha"
Na última viagem ao Porto, já referida neste meu espaço de partilha com tantos amigos, conhecidos e desconhecidos, mas todos sentidos, também fui "cheirar e provar", nas Caves Ferreira, o afamado Vinho do Porto, também conhecido por Vinho Fino, como as gentes da Régua o baptizaram. Foi muito agradável entrar num "santuário" do mais célebre vinho português, conhecido em todo o mundo pelo seu requintado sabor e cuja história, de séculos, o classifica como a mais genuína criação do povo do Alto Douro. Tonéis e pipas bem alinhados, limpos e extremamente cuidados, guardam, há décadas, os preciosos néctares, de produções diversas e bem seleccionadas, num ambiente muito próprio e denunciador do carinho com que a famosa bebida é tratada, até chegar a hora da degustação. Música ambiente, serena, melodiosa, como que ajuda, no dizer por graça do cicerone, o vinho a crescer em qualidade. Paredes decoradas com ilustrações antigas mostram ao visitante o esforço enorme da hora da vindima. Homens descalços transportam aos ombros, sob sol escaldante, do alto da serra até ao sopé, de socalco em socalco, 40 quilos de uvas, até aos carros de bois que fazem depois, pachorrentamente, o último percurso para o lagar. Noutros recantos das caves, mostram-se alfaias antigas, alambiques já ultrapassados, entre outras recordações da faina das vindimas e do fabrico do Vinho Fino. Depois, num salão de uma dignidade austera e bem decorado, foi a prova dos vinhos, qual deles o de sabor mais original. E num frontispício lá estava o retrato da mítica "Ferreirinha", de seu nome Antónia Adelaide Ferreira, a alma mater das Caves Ferreira, por quem os durienses nutrem uma admiração e um carinho especiais. Mulher de uma tenacidade a toda a prova, foi capaz de criar riqueza e de dar trabalho a milhares de pessoas nas suas quintas, ao mesmo tempo que se tornou uma benfeitora ainda hoje lembrada. D. Antónia, que viveu entre 1810 e 1896, plantou vinhas, ergueu quintas, construiu hospitais, escolas, estradas e termas, beneficiou Misericórdias e concedeu bolsas de estudo, enquanto ajudava os agricultores em tempos de crise, comprando os seus vinhos, que depois exportava para diversos países da Europa e da América. Ir ao Porto e não visitar umas caves é como ir a Roma e não ver o Papa. Se for à cidade invicta, passe pelas caves. Fernando Martins

DEZ RÉIS DE GENTE... E DE LIVROS

Sara Reis da Silva publica novo livro Sara Reis da Silva
Na Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré e na livraria Navio de Espelhos, de Aveiro, Sara Reis da Silva lançou ontem o seu segundo livro, "Dez Réis de Gente... e de Livros - Notas sobre Literatura Infantil". O primeiro, publicado em 2002, tese do seu mestrado na Universidade de Aveiro, versou o tema "A Identidade Ibérica em Miguel Torga". O livro ora apresentado, numa edição da Caminho, nasceu de uma tentativa semanal de promover o gosto pelo livro e pela leitura, através da Rádio Terra Nova e do jornal O Ilhavense, proporcionando à autora, ao mesmo tempo, a aproximação a muitas pessoas. A partir de hoje, Sara Reis da Silva, docente da Universidade do Minho, imagina o seu livro nas mãos dos que gostam de literatura para crianças e acredita que, "no convívio com os livros, podemos ser melhores". Para a jovem autora, os "livros são os nossos olhos mágicos", pelo que é de imaginar o enriquecimento interior de quantos aceitarem o desafio da leitura literária, que ela lançou aos muitos amigos que a escutaram na Junta da Gafanha da Nazaré e na livraria O Navio de Espelhos. O Prefácio é do Prof. José António Gomes, que, na apresentação da obra, definiu a Sara como "uma pessoa rara", tendo sublinhado que "Dez Réis de Gente... e de Livros" tem a ver, quase tudo, com "a pluralidade dos sentidos". José António Gomes salientou, ainda, que o livro de Sara Réis da Silva "vem preencher uma patente lacuna e enriquecer o panorama crítico nesta área, privilegiando a contemporaneidade (...) e a produção literária lusófona". A obra destina-se a pais e educadores, a editores e criadores, a livreiros e bibliotecários, a críticos e divulgadores, bem como a todos os que acreditam que os livros são, de facto, os nossos grandes amigos, que nos ensinam sem enfado, nos divertem com humor, nos levam a viagens de sonho, nos alimentam o espírito, nos tornam solidários com outros povos e nos enriquecem a nossa personalidade. O design gráfico e a ilustração da capa são, respectivamente, de José Serrão e de Ana Miriam, irmã da autora. F.M.

RIA DE AVEIRO

Marina do Clube de Vela da Costa Nova Posted by Hello

sábado, 12 de março de 2005

GOVERNO com poucas mulheres

Já aqui dissemos que o Governo tem apenas duas ministras, o que não abona nada em favor do primeiro-ministro José Sócrates. É um Governo predominantemente constituído por homens, não obstante o PS pregar a ideia da importância da mulher na política, tanto mais que elas são a maioria em muitos sectores da sociedade portuguesa. Na saúde, na educação e na ciência, entre outros. Afinal, continua a discriminação da mulher, ao fim de tantos anos de luta pela conquista do lugar que lhe pertence na vida, a todos os níveis. Bem prega Frei Tomás. Como consequência disso, as mulheres socialistas não podiam deixar de ficar muito descontentes, como refere o PÚBLICO em manchete. Maria de Belém diz mesmo que “há afunilamento na entrada de mulheres para a política”, Edite Estrela acrescenta que “gostaria que houvesse uma maior representação feminina” e Celeste Correia adianta que “é um retrocesso nos sinais positivos que foram dados”. Quando toda a gente sabe que a sensibilidade feminina é necessária, fundamentalmente para a humanização da política, não se esperava que o Governo ficasse indiferente a esta verdade. A mulher conhece melhor o dia-a-dia da vida e os problemas das famílias, a mulher está mais atenta, pela sua natureza, aos que mais sofrem (não estão elas, em grande maioria, no voluntariado?), a mulher ameniza, com mais facilidade, os conflitos e denota mais capacidade para se identificar com o povo. A meu ver, claro. Por isso, tenho pena que as mulheres continuem relegadas para segundo plano. F.M.

LEITURAS

1 – No PÚBLICO, pode ler um artigo do Kofi Annan, sobre o combate ao terrorismo. 2 – No DIÁRIO DE NOTÍCIAS, Daniel Proença de Carvalho lança alertas sobre Segurança e Justiça. 3 – “Voluntariado com novo rosto” é o tema de um artigo que pode ler na ECCLESIA.

No Centro Cultural da Gafanha da Nazaré

"AMBIENTE VIVO" Trabalho colectivo de crianças
No Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, vai estar patente ao público, até 21 de Março, entre as 15 e as 23 horas, uma exposição sobre o ambiente, denominada "AMBIENTE VIVO", que se integra no projecto "+ ECO 2005". Trata-se de uma iniciativa da Câmara Municipal de Ílhavo, que envolve alunos das escolas do Ensino Básico e jardins-de-infância do concelho e se destina a toda a gente. Na apresentação do programa da autarquia ilhavense, o presidente Ribau Esteves sublinha que aquele projecto congrega todos os agentes que trabalham na área do ambiente e tem como objectivo "fazer mais e melhor", neste sector. O facto de os artistas serem crianças, não significa que esta exposição se dirija só a elas. Todos os adultos lucrarão se a visitarem, pois ali podem encontrar conselhos muito úteis para a preservação da natureza. As crianças denunciam as ofensas que fazemos ao ambiente, enquanto lembram a importância da água, dos rios, dos mares e das florestas. Os trabalhos foram elaborados com aproveitamento de desperdícios e denotam sensibilidades que têm de ser estimuladas e cultivadas. Afinal, de nada servem exposições como estas, se não tiverem seguimento e reflexo nos nossos comportamentos do dia-a-dia. F.M.

sexta-feira, 11 de março de 2005

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL



O Dia Internacional do Livro Infantil, que se celebra no próximo dia 2 de Abril - data em que se comemoram também os duzentos anos do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, não pode ser ignorado por pais e demais educadores, com especial realce para professores. Educar para a leitura, fonte inesgotável de saberes, é nos dias de hoje uma tarefa que deve envolver toda a gente com responsabilidades educativas e, ainda, todos os amantes da cultura, em geral, e do livro e da leitura, em particular.

F. M.

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL 


Os livros são os meus olhos mágicos


 Há muito, muito tempo, vivia na Índia antiga um rapaz chamado Kapil. Além de gostar muito de ler, era extremamente curioso. Tinha a cabeça cheia de perguntas. Por que motivo o Sol era redondo e por que mudava a Lua de forma? Por que cresciam tanto as árvores? E por que razão as estrelas não caíam do céu? 

Kapil procurava as respostas em livros de folha de palmeira escritos por homens sábios. E lia todos os livros que encontrava. Ora, um dia, estava Kapil ocupado a ler quando a mãe lhe deu um embrulho e disse: «Arruma o livro e leva esta comida ao teu pai. Já deve estar cheio de fome.» Kapil levantou-se com o livro na mão e fez-se ao caminho. Enquanto percorria o duro e acidentado trilho que atravessava a floresta, não parava de ler. De súbito, o seu pé bateu numa pedra. Tropeçou e caiu. E logo um dedo começou a sangrar. Kapil ergueu-se do chão e continuou a caminhar e a ler, com os olhos colados ao livro. 
Não tardou a bater noutra pedra e, uma vez mais, estatelou-se. Desta feita doeu-lhe mais, mas o texto escrito em folha de palmeira fê-lo esquecer as feridas. De repente, um clarão surgiu e ouviu-se um riso melodioso. Kapil levantou os olhos e deparou com uma formosa senhora, vestindo um sari branco. Ela sorria e uma auréola de luz rodeava-lhe a cabeça. Estava sentada num cisne branco e gracioso. Numa das mãos trazia um luminoso rolo de pergaminho. Com outras duas segurava um instrumento de cordas chamado veena. Estendeu a quarta mão para o rapaz e disse: «Meu filho, estou impressionada com a tua sede de conhecimento. Quero dar-te uma recompensa. Qual é o teu maior desejo?» Kapil pestanejou de espanto. Diante dele encontrava-se Saraswati, a Deusa do estudo. 
No instante seguinte, o rapaz cruzou as mãos, fez uma vénia e murmurou: «Por favor, Deusa, dá-me um segundo par de olhos para os pés, a fim de que eu possa ler enquanto caminho.» «Assim seja» - e a Deusa abençoou-o. Tocou na cabeça de Kapil e a seguir desapareceu entre as nuvens. Kapil olhou para baixo. Um segundo par de olhos brilhava-lhe nos pés e ele deu um salto de alegria. Logo a seguir, fixou os olhos no livro e desatou a caminhar pela floresta, apenas conduzido pelos seus pés.

Graças ao amor pelos livros, Kapil cresceu e tornou-se um dos sábios mais ilustres da Índia. Em toda a parte era conhecido pela sua imensa sabedoria. Também lhe puseram outro nome, Chakshupad, que em sânscrito significa «aquele cujos pés têm olhos». 

Saraswati é a deusa do estudo e do saber, da música e da fala. Esta é uma antiga lenda indiana sobre um rapaz que descobriu como o saber é transmitido pelas palavras, essas palavras que os homens sábios escreviam em manuscritos de folhas de palmeira. Os livros são os nossos olhos mágicos. Dão-nos informação e conhecimentos e servem-nos de guias nos difíceis e acidentados caminhos da vida.

MANORAMA JAFA